domingo, 4 de julho de 2021

Sobre fraqueza e força


[Secção pensamentos soltos sobre fraqueza e força] A humildade é das virtudes humanas mais exigentes. Tomar consciência da beleza de quem somos, do quanto o amor próprio nos desafia a viver o nosso lugar sem roubar o de ninguém, permitindo que a vulnerabilidade seja sítio de compaixão, compreensão e misericórdia pelo outro, revela humanidade em caminho de divindade.


Tenho aprendido este caminho no quotidiano. De vez em quando a soberba e o orgulho atravessam-me o ser. Por isso, sinto cada vez mais a necessidade de recolher-me em silêncio a dar nome às subtilezas do que me afasta da humildade. Tento não cair na tentação do perfeccionismo, como se me exigisse o acabamento já. Aí, além de Jesus que dá o exemplo de profundo amor, recordo S. Paulo: após o insistente pedido de que lhe seja removido o “aguilhão na carne”, ouve desde as entranhas que lhe basta a graça de Deus. Esta passagem é de grande força, convidando ao silêncio que liberta toda a presunção e acolhe todas as graças a pôr ao serviço por uma humanidade mais luminosa. Cada pessoa, sem comparações, percebe que terá a sua fragilidade e que desde aí também poderá encontrar a força: seja a pedir ajuda, seja a dá-la desde o amor que tudo compreende. Todos ganharíamos. 


Ser humilde é abraçar a verdade. Quando tal acontece, dão-se passos de luz no perdão que abre vida nova. Sem automatismos, é a peregrinação da existência. Vamos crescendo desde o amor e, se possível, com humor. Termino a agradecer a ordenação de dois padres, o Luís e o Marcelo, e três diáconos, o Daniel, o João Paulo e o Miguel, na diocese de Vila Real. Recebi a graça de os acompanhar no retiro de preparação para a ordenação. Foi uma bonita celebração. A diocese e a Igreja ganham cinco padres e diáconos humildes, na fraqueza e na força em Deus.


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