quinta-feira, 18 de março de 2021

Beleza leve



[Secção coisas de nada] Vi-a pousar. Ali ficou a abrir e a fechar as asas expondo os seus olhos de imenso. A beleza tem mesmo algo de leve. É impressionante como as coisas simples, ou irmos simplificando as coisas, traduzem caminho de liberdade. Tenho aprendido em conversas, silêncios, leituras, movimentos de dança e observações que quanto mais límpidos são as palavras e os gestos mais leves se tornam. Mesmo os que possam transmitir coisas difíceis. A mística da vida passa por deixarmos a nudez da existência acontecer. Difícil, mas profundamente necessário. É: a beleza salvará o mundo, como disse Dostoyevsky, por isso há que dançar para não nos perdermos, como disse Pina Bausch. E, claro, sempre em experiência de amor, como nos desafia Jesus. A leveza acontece. Quando me aproximei para tirar a foto abriu as asas, aguardou um segundo e dançou livre pelo ares.


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