terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Pensar, respeitar, cuidar


[Secção pensamentos soltos em tempo de pandemia] É fácil perceber que aumenta o cansaço global ante isto tudo. As saudades, as falta das relações agora distantes e a intensidade das muito próximas, por vezes, demasiado, o efeito da ignorância emocional, os medos, tornam-se uma mistura perfeita para se estar muito mais reactivo, diminuindo a paciência e levantando-se defesas abrindo portas à agressividade. É preciso tomar consciência destes mecanismos. Em especial, aqui nas redes. A sensatez vai perdendo espaço e a opinião carregada de ofensa, dourada pela “liberdade de expressão”, dá voz à anulação do outro.


Conhecermo-nos é fundamental para perceber como podemos sair do emotivismo em racionalidade. A capacidade de pensar é uma importante característica do ser pessoa. No entanto, pensamos através do sentir. Se ficamos apenas pelo sentir, sem reflexão, estamos a deixar que a reacção tome lugar. O outro será visto como inimigo a eliminar. Atacamos a pessoa e não a sua atitude ou comportamento. Moralmente, se queremos estar no parâmetro humano e não animalesco, não se pode fazer ou dizer tudo. E descarregar as frustrações de forma errada, em ataque mesmo a quem possa ter feito mal, é caminho para gerar ainda mais cansaço e, inclusive, ódio. 


O que vivemos é IMENSO. Acredito que se pode diminuir o impacto dos efeitos em cada pessoa. Um dos caminhos é seguir na grande oportunidade de descoberta ou continuação de aprofundar a interioridade. Desde o silêncio (nem que seja por 5 minutos), escutando as emoções, ganhando distância da realidade e assim vê-la de outra perspectiva, acalma as reacções, abrindo luz no que faz sentido no agir. Isto implica o respeito muito profundo consigo mesmo e com os outros. Pois, isso, respeito. Em conjunto com o pensar e o cuidar, o respeito é uma importante característica do ser humano. Pensemos a realidade que nos envolve, respeitemo-nos, dando espaço ao acto de cuidar.


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