[Secção pensamentos soltos sobre o simbólico e ser pessoa] O simbólico caracteriza o ser humano. Na sua força, em carácter positivo ou negativo, desvelamos o encontro do sentido de ser pessoa. Tenho a sensação que andamos a anestesiar o impacto que tem a representação simbólica dos actos, atitudes, decisões, em particular de quem lidera. A mesma acção, ajustada ou desajustada, terá maior eco conforme a pessoa que a pratica. Ser líder, político, social, religioso, implica responsabilidade. Daí a exigência necessária para o ser em plenitude.
Tudo o que toca a questão da vida é realmente complexo. Quando se trata da vida humana adensa-se a complexidade, pela imensidão que nos atravessa o ser. Leia-se, investigue-se, literatura, história, sociologia, antropologia, filosofia viaje-se pela alma ou pelas terras para perceber como é complexo falar da vida humana. Por isso, decidir sobre o que fazer com ela, ainda mais quando implica terceiros, é algo que necessita discussão com seriedade o suficiente que se liberte de ideologias, da esquerda à direita, tomando as decisões com impacto global o mais justas e éticas possíveis. Mas hoje houve pressa. Pressa de ser-se aparentemente livre, melhor, liberto de prisões que impedem a suposta humanidade da escolha. Se queremos combater, e bem, as fobias sociais que atacam o ser humano, então que se inclua nesse combate a bio ou melhor a zoefobia: sim, o medo da Vida.
A sermos bombardeados de números assustadores, em que os profissionais de saúdes são postos em limites indescritíveis, onde tantos nossos perderam e estão na iminência de perder a vida, a aprovação que hoje se deu no parlamento, simbolicamente falando neste hoje em que tanto se vive no nosso país, é de grande insensibilidade perante a actualidade. Legitimar a morte em tempos em que ela se afigura como já há muito não acontecia em Portugal é banalizar o luto de tantos. O simbólico caracteriza o ser humano. Se anestesiamos o impacto que tem, a pessoa torna-se cada vez mais uma coisa. Infelizmente, é mais simples do que parece. A pressa nunca foi, é ou será boa conselheira ante a complexidade e imensidão da Vida.
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