quinta-feira, 16 de julho de 2020

Em dia da Senhora do Carmo




[Secção pensamentos soltos em dia de N.ª Sr.ª do Carmo] Esta invocação de Maria recorda-me a vocação contemplativa, em particular as Irmãs Carmelitas. Este modo de vida não costuma ser bem entendido, ainda mais quando o activismo parece que toma o total lugar na actualidade. Para muitas pessoas é estranha a imagem de alguém [aparentemente] fechado, tendo como missão principal rezar. No entanto, além da chave estar dentro e não fora do convento, a força da oração é misteriosa. 


Foi há quinze anos que, com oração própria, foi-me imposto o Escapulário. Estava a fazer os Exercícios Espirituais de final de segundo ano de noviciado. O escapulário é sinal de serviço e de oração. Comprometi-me a tornar a minha oração pelos outros um serviço. Ao longo destes anos fui cumprindo, com falhas, com agitações, mas sempre com a certeza de que Deus é maior que todos os meus erros e pecados. Sempre que vou a sítios especiais ou vivo momentos também eles particulares, rezo por cada pessoa, mais próxima ou distante fisicamente ou em afecto. Acredito que a oração é sempre caminho de luz. Não interessa a quantidade de palavras, apenas aquele estar que deseja a profundidade do amor. Todos, para além da crença, somos chamados à contemplação. 


Para os não crentes em Deus, pode-se chamar a força do pensamento pelos outros, na relação que se estabelece silenciosamente para além do espaço e do tempo. No dia em que toda a pessoa na face da terra deixe de contemplar, atrevo-me a dizer que morreu a humanidade.

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