[Secção coisas de corpo] É fascinante a importância da pele para o ser. E, apesar de a cor ser importante para a reflexão, há algo mais fundo a perceber: o afecto. A falta de afecto é das principais causas do despontar de violência, seja em direcção ao próprio seja exteriorizada. Muitas vezes, a educação desajustada em nome de uma rigidez doutrinal, intelectual, moral, ideológica, que também já tenha sido recebida de herança, perpetuam-se bloqueios na relação afectiva. Lendo sobre a importância da pele, de como os traumas também ficam registados na memória corporal, observando a realidade nos acontecimentos e no modo como se escreve por aqui, por ali e por aí, é gritante tudo a falar de afecto, ou melhor, da falta dele. O constante ataque e defesa, desde as pequenas coisas, às grandes, nas relações pessoais e institucionais, é sinal de que muito ainda se mantém nas estruturas primitivas do ser. Atravessar os medos implica um ajuste afectivo. É fundamental libertar a quantidade de crostas que se foram acumulando na pele, muitas em nome da sobrevivência. Tirá-las, para encontrar a vida, dói. Mas, como se tem visto, outras dores, pessoais e sociais, tornam-se mais intensas quando esse trabalho individual não é feito. A dissociação da corporeidade, começando pela pele como zona de individualização, causa muitos estragos. Reconhecer as zonas de falta de afecto em si mesmo é caminho para as integrações pessoal e social. Sem desvalorizar outras hashtags, apenas complementar, quase se poderia criar um movimento “#KnowingLoveAndHealingYourSkinMatter”.
sexta-feira, 5 de junho de 2020
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