sábado, 13 de outubro de 2018

Vida, simplesmente.




Teresa Moreira
[Coisas na vida de um padre, em pensamentos soltos] Durante a tarde, fui ao Porto, à APELA, falar sobre Espiritualidade numa formação a cuidadores. As ajudas técnica e psicológica podem ser complementadas com o acompanhamento espiritual: humanizando o gesto, dando-lhe significado de Vida. É preciso desmistificar estereótipos à volta do “espiritual” e perceber a sua importância no essencial de cada um de nós. Isso, o essencial. Estando com o pensamento às voltas sobre o dia de hoje, alio a acontecimentos no mundo, que me causam alguma preocupação, e com algo que escrevi há dias: a vida nunca será coisa pouca. Esta frase pode tornar-se feita e bonita. No entanto, tenho para mim que faz falta fazer muito silêncio no mundo para nos darmos seriamente conta de que não pode ser o medo a comandar o nosso agir. Perceber a importância do amor como caminho de humanização é fundamental para não deixar que o ódio se torne garante seja do que for. Amar não significa aceitar a injustiça. Amar significa caminhar em direcção à única justiça que faz sentido: aquela que valoriza o outro independentemente da sua condição física, religiosa e social. Isso implica um grande trabalho de amor-próprio (não confundir com narcisismo). O amor-próprio desenvolve-se com experiências de abertura de horizontes a partir da relação humana, de leituras, de conhecimento e reflexão, levando a perceber desde as entranhas que na dignidade ninguém é superior a ninguém. Grande passo de liberdade se dá quando isso acontece. E o verdadeiro Amor deseja sempre a liberdade do outro.

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