segunda-feira, 22 de outubro de 2018

O uso da realidade



[Secção pensamentos soltos] A realidade objectiva em si mesma é amoral. Ou seja, nem é boa, nem má. Uma faca não é boa nem má. Um carro não é bom nem mau. Um computador não é bom nem mau. A tecnologia não é bom nem má. É cada um de nós que vai provocar o uso que lhe dará o atributo. Já se sabe que não existe neutralidade no ser humano. A nossa condição cultural vai levar-nos sempre a algo que dirige o sentir, o pensar e o viver para uma perspectiva que se achará a mais correcta. De forma geral, os Direitos Humanos não são neutros. Têm uma visão, perspectiva de humanidade que, passo a redundância, procuram humanizar a partir de uma igualdade que respeita as diferenças que sejam motivo de crescimento dos Povos. Pensava nisto tudo enquanto via este breve vídeo. A tecnologia tem muitas vantagens. Como se vê, ajuda a estabilizar uma pessoa: física e, consequentemente, emocionalmente. Aliás, ajuda a estabilizar não só a pessoa que sofre da doença de Parkinson, como também todas as outras que a acompanham. No entanto, o mau uso da tecnologia pode provocar desastres humanitários. Exagero? Penso em bombas atómicas ou, mais recentemente, especialização em notícias-falsas replicadas à exaustão de modo despertar o lado sombra da desumanidade, com o aumento de ódio, revolta, amargura, etc. O que será importante? Parar e pensar. O acto de partilhar uma “notícia” de um site duvidoso, como resultado da reacção  da minha emoção primária corre o risco de fomentar a clivagem entre os “bons” e os “maus”; os “certos” e os “errados”; os “ortodoxos” e os “hereges”; os “conservadores” e os “progressistas”; etc. etc. etc. Na passagem do Evangelho de ontem, Jesus alertava para os perigos do poder desligado do serviço. Hierarquias de poder que não são de serviço, de colaboração, de respeito pelo outro, vão sempre fomentar a instabilidade emocional. Política, religiosa ou socialmente falando, o mau uso da realidade desumaniza. O meu desejo: que na vida aconteçam mais sorrisos emocionados, tal como no vídeo, pelo bem que se faz no uso das coisas (e nunca de pessoas!).

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