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[Secção pensamentos soltos - um pouco mais longo] É fácil perceber que não é possível gostar, nem agradar a toda a gente. Quem o faz, em geral, está com dificuldades de lidar com o seu amor-próprio. Agradar toda a gente implica estar em constante anulação para se ajustar ao outro e assim evitar ao máximo, por exemplo, o conflito. O Papa Francisco quando percebeu que a Igreja necessitava de mudanças, não o fez por mero capricho. Só quem gosta de estar fechado em tradições mortas, que já não falam da vitalidade da fé, é que não percebe esse ar fresco, ao jeito do Espírito que sopra onde quer. E já se percebeu: se há coisa que Francisco não tem falta é de amor-próprio, daí que fala, silencia ou age conforme o que vai compreendendo ser, com o conhecimento que tem, o melhor para a Igreja ferida, bastante ferida. As feridas são visíveis. Perpetradas por membros que têm a responsabilidade de ligar o céu e a terra, mostram bem que se pode fazer muito mal. Aconteceu, e, infelizmente, em termos de consciência ainda acontece, com a maledicência, a segregação e acepção de pessoas, onde se julga que uns são impuros diante da pureza angelical de outros. Não é assim. “Não o que está no exterior, mas no interior é que torna o pensamento e a acção impura”, ouviu-se hoje no Evangelho. Nos meios eclesiais fala-se muito da necessária reflexão a ser feita. Sim, claro, com seriedade, tem de ser feita para detectar aquilo que não deveria acontecer em quem vive (mal ou de forma desajustada) a fé:
- jogos de poder e interesses;
- abusos de poder;
- sarcasmo;
- mentiras;
- usura;
- competições desgastantes para provar “dignidade”;
- a falta de noção e de respeito pela dimensão corporal e que, ainda mais, é rápida e exageradamente moralizada;
etc.
O Papa Francisco tem feito um enorme trabalho, na continuidade, sim, do Papa Bento XVI, de tornar a Igreja mais próxima do Evangelho, que salva e não passa a vida a condenar. No entanto, ainda há quem prefira a condenação, por exemplo, em grupos de facebook, messenger, whatsaap, nos quais é fácil, qual secretismo, destilar e segregar veneno, a partir de críticas negativas de uma posição monocolor da realidade. A verdade, como também vai dizendo de várias formas o Papa, é poliédrica, ou seja, é um conjunto de várias faces que se encontram no diálogo construtivo para um mundo melhor. Sem dúvida que o Salmo deste domingo (Sl 14[15]) é para ser rezado e entranhado:
Quem habitará, Senhor, no vosso santuário?
O que vive sem mancha e pratica a justiça
e diz a verdade que tem no seu coração
e guarda a sua língua da calúnia.
Quem habitará, Senhor, no vosso santuário?
O que não faz mal ao seu próximo,
nem ultraja o seu semelhante;
o que tem por desprezível o ímpio,
mas estima os que temem o Senhor.
Quem habitará, Senhor, no vosso santuário?
O que não falta ao juramento,
mesmo em seu prejuízo,
e não empresta dinheiro com usura,
nem aceita presentes para condenar o inocente.
Quem assim proceder jamais será abalado.
Boa noite.. Muito muito bom como sempre.. Boa semana
ResponderEliminarMuito obrigado. Igualmente.
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