Yannis Behrakis/Reuters
[Secção pensamentos soltos pela manhã] Estava a ver um vídeo a apresentar sapatos que aumentam de tamanho, “óptimos para crianças de países em desenvolvimento”. Parei nesse “óptimos” e restante ideia. Esta coisa de separação entre países desenvolvidos e em desenvolvimento é algo social, político e, sobretudo, económico. Uns são ricos e outros pobres. Em quê? Nos tais países desenvolvidos, nos quais Portugal se inclui, entende-se que temos todas as condições, ao ponto de não precisarmos de “sapatos que aumentam de tamanho”. Mas, estará desenvolvida a maturidade? Subtilmente há a exigência de que as crianças e os adolescentes sejam perfeitos, imaculados, “adultos em miniatura”, portanto. Enquanto os adultos, na possibilidade de terem tudo (já que estamos em países desenvolvidos), vivem no emotivismo opinativo, relacional, profissional, como se atravessassem, ou atravessando mesmo, uma adolescência tardia. Os nossos alicerces assentam nessa lógica da posse como forma de desenvolvimento e superioridade económica, derivando para a moral. Tenho para mim que o desenvolvimento essencial a ser vivido tem que ver com o do respeito por si próprio e pelo outro. Isso permite que a maturidade se apresente nos tempos certos, onde as distintas dimensões que nos caracterizam estão ajustadas. Duas ou mais crianças brincarão, com ou sem sapatos, sem julgamentos de superioridade. E os adultos evoluem, não pela posse de algo ou a querer replicar o que não viveram, com sentido de igualdade na dignidade, eliminando separações e contribuindo para um mundo mais justo. Independentemente dos sapatos, que sejamos capazes de fazer caminho de respeito pelo próximo.
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