Chego do funeral do Tomás. Caminhei, passei e estive pelo bosque em pôr-do-sol, buscando silêncio. Nesse silêncio, o coração ainda assim agitava-se em palavras, enquanto recordava os rostos dos pais, irmão, namorada, familiares e tantos, tantos, amigos na Igreja. Não sei se as deveria escrever e publicar. No entanto, mais forte que a dúvida, fico a pensar em muitos outros e outras que passam pela ainda tão incompreendida depressão. Desde o altar, observava os rostos, muitos de idade próxima do Tomás, outros tantos da dos pais, e lia as muitas perguntas que, na profunda tristeza, pairavam pelos pensamentos. É a forte sensação de ser impossível de compreender como alguém de sorriso sereno, disponível, pronto para ajudar, parte daquele modo. Uma ou outra vez ouvi “não aguentou a extrema bondade que ele mesmo era”. No mundo que nos obriga à insensibilidade, à brusquidão, a olhar mais para a sombra que para a luz, detendo-se em coisas pequeninas de tremendas faltas de respeito, onde parece que deixa de haver espaço para o Bom, inevitavelmente surgem perguntas interiores sobre se se é digno de viver. A vida do Tomás não foi em vão. A sua passagem, ainda que dura, também não pode ser. A sua bondade, a sua luz, neste momento de muitas perguntas, são a afirmação de que temos de estar atentos à luz e bondade que somos. Os bons de coração, em profunda sensibilidade, devem sentir que nem estão sós, nem para nada estão a mais. Tomás, nesse abraço divino que recebes, agradecido pelo Bem que eras e deste, continua a irradiar luz, em especial para a tua mãe, pai, irmão, namorada e todos os que te são mais próximos. Atrevo-me a pedir-te também que irradies luz para todos aqueles que possam sentir o que sentiste, percebendo que, na sua bondade e sentir, não estão sós.
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Que texto lindo...Ainda não não tinha tido força para escrever.Sou a prima e madrinha de baptismo do Tomás... obrigada pela ajuda Catarina
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