Sonalini Khetrapal
[Secção desabafos sobre futebol, violência e liderança] Os últimos dias em Portugal têm sido marcados de forma mais vincada pelo apogeu de desumanidade na relação humana: a violência física e psicológica num clube de futebol. A violência na realidade futebolística infelizmente não é novidade. A ânsia de ganhar a todo o custo o poder tem levado à corrupção e ao desejo de poder, pelos vistos, a todo o custo. O presidente que dirige esse clube está a gerir a tensão da pior forma. Qualquer pessoa que esteja em posição de liderança tem responsabilidades diante das decisões que toma. Infelizmente, o poder assume proporções desmedidas para quem tem a sua escala de valores alterada. Um líder que não pensa no outro, entendendo-se esse outro como um indivíduo ou um grupo, mas em si mesma, mas em si, passa a ser um ditador. O líder, seja ele político, social ou religioso, carrega em si o simbólico peso de modelo, de testemunho, de alguém a quem seguir. As primeiras figuras simbólicas de liderança são os pais e as mães. No entanto, as de responsável, político, social (desportivo, por exemplo) ou religioso, têm um peso muito grande diante do grupo a seu cargo. Se incita à violência, mesmo que seja aparentemente apenas nas palavras, esta surgirá também fisicamente. Isso pode ser em Campo, como fora dele. A situação é grave pela realidade concreta da violência propriamente dita e pelo carácter simbólico que a mesma significa, e, a meu ver, é resultado de contínua falta de educação e formação no respeito ao outro. O líder que se torna insensível, cego e surdo à realidade concreta, passa a ser um ditador. Mais ou menos encapotado, mas um ditador. E em ditadura há desonestidade intelectual e moral alimentadas por poder desmedido, que apenas levam à violência. Parece que em Portugal há dificuldade em assumir as consequências quando acontece algo negativo. Os efeitos são devastadores, sobretudo nesse perigoso caminho que leva a violência. Quando se perde a credibilidade, a solução de honra e mínimo de sensatez é a da demissão do cargo, pelo bem a instituição e das pessoas de bem que continuam a acreditar nessa instituição, assumindo as responsabilidades e consequências inerentes à má liderança.
Verdade mesmo.. Violência gera violência,e quando se é um mau líder e não se tem a honra de o assumir e a sensatez de se demitir,a bem do clube que diz tanto ama,não se é pessoa de bem. Só arrogância... Isto é tudo menos desporto.. Bom fim de semana.
ResponderEliminarMesmo. Obrigado, igualmente.
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