domingo, 29 de abril de 2018

Dignidade (tanto a fazer)




Julieta Cevantes, da coreografia “Kontakthof” de Pina Bausch”

[Secção pensamentos muitos soltos com a Festa das Famílias do Colégio das Caldinhas, a Exortação Apostólica “Alegrai-vos e Exultai”, a violação em “La Manada” e o Dia Mundial da Dança que celebramos hoje] Há algo que nos atravessa: sermos humanos com possibilidade de decisão. A decisão leva-nos a levantar ou não pela manhã, a estudar, a seguir por determinado projecto educativo, a informar sobre a fé, a fazer o bem ou a fazer o mal, a dançar. E muito mais coisas evidentemente. Começo por pensar na Festa das Famílias que aconteceu nestes passados dois dias aqui no Colégio. Desde que vivi a primeira, no meu tempo de magistério no CAIC, acho fascinante o projecto educativo que vai para além do académico e toca as relações com a comunidade mais alargada que são as famílias. O sentido de Comunidade ganha corpo, para se perceber a complementaridade de papéis na educação. Ensinar é distinto de educar. Nestes dois dias, e apesar da chuva de ontem, voltei a sentir a percepção da educação que se alarga em Comunidade de Alunos, Docentes e Não-docentes, Famílias, Antigos Alunos, nesse desejo de se construir um mundo melhor. Foi tudo perfeito? Não. Mas, sim o melhor de quem ama e agradece caminho feito que ajuda pessoas a crescer. E, como digo, a crescer no mundo concreto onde se aprende a decidir, também com fé que não é uma abstracção. O Papa Francisco, na recente Exortação Apostólica sobre a Santidade, fala-nos da santidade encarnada em gestos simples que formam comunidade. Tece forte crítica negativa ao gnosticismo. Em resumo, linha de pensamento que eleva os intelectuais ou aqueles que se ficam pelo meramente espiritual. Diria que o machismo, tanto em voga depois de milénios de primazia, também surge de uma visão gnóstica. Saindo da complementaridade entre homem e mulher, ele pode destratá-la por estar em nível superior. A educação cristã deve anular a desigualdade na dignidade. Ainda ontem, na Festa das Famílias, foi promovido um debate entre os nossos alunos sobre o tema. Afinal, na sociedade actual, coisa que já deveria ser impensável, ainda se destrata mulheres, desacreditando-as na violação a que foram submetidas. Bem, e que são: afinal, 5 homens decidiram violar uma mulher, física e moralmente, e alguns juízes espanhóis, pelo vistos não percebendo o significado de um não, consideram que aconteceu um “abuso”. A liberdade é coisa muito séria, tal como a dignidade. E Jesus, que nos pede para permanecermos n’Ele, revela-nos a importância do respeito pelo Corpo, meu e do outro, independentemente do sexo. Como se nota, ainda há tanto a fazer na construção da Comunidade. Cabe a cada um de nós decidir, em movimento habitado de vida, se dançamos gestos que nos encaminham a decisões mais humanas, seja em protesto pelo respeito, seja pela educação de dignidade.

2 comentários:

  1. Elvira19:51

    Parabéns. Como sempre muito bom.
    Boa noite e uma boa semana.

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