sábado, 10 de fevereiro de 2018

Documento. Patriarca. Igreja.



Kern

[Secção pensamentos soltos em encolher-de-ombros-com-suspiro-profundo] Estive a ler o tão mal-amado por tão mal-ou-nada lido documento de D. Manuel Clemente. Vejo-o, na linha da proposta do Papa Francisco, sensato em relação ao tema que, a meu ver, não justificaria o ruído comunicativo com tantas vestiduras a serem rasgadas. Coisas a dar que pensar:

- Ainda há uma mentalidade bairrista: “como foi em Lisboa, pára tudo!” Afinal, em Braga também se escreveu um documento que, curiosamente, sem o impacto deste de Lisboa, teve muito bom acolhimento na Comunicação Social.

- A noção de cultura religiosa, confundida com “crença”, “fé”, “etc.”, é cada vez mais diminuta. Afinal, “Educação Religiosa”, com sentido de cultura, informação, conhecimento, para fazer uma apreciação séria, não é “Catequese”, que implica necessariamente a crença na religião. 

- “Igreja” é um termo polissémico: ora é a igreja de pedra, ora a igreja doméstica, ora a igreja particular, ora a igreja universal. 

- “Patriarca” tem que ver com um estatuto de região, não o “chefe” da Igreja em Portugal. O Patriarca é bispo na sua diocese, não “manda” na Igreja em Portugal. 

- “Matrimónio” para quem tem fé não é só um contrato. Dentro da complexidade das relações humanas, onde nas quais se inclui a fé, quem celebra o matrimónio, celebra-o em carácter sagrado. Em última instância, o que os noivos dizem é: “o nosso amor um pelo outro é tal que é equiparado ao amor de Deus”. Sabemos que para quem não tem fé, isto é uma estupidez, ridículo, etc. e tal, mas, para quem a tem é muito sério.

- “Discernir” é mais que tomar uma decisão. É de ter muitos factores em conta. É entrar na complexidade da relação humana.

- “Corpo” e “Sexo”, ainda há muito a desbravar na beleza destas realidades, também por parte de muitos membros da Igreja. Se, por um lado, não há que reduzir o outro a um objecto para o meu prazer (ex. prostituição, violação), por outro, não reduzir à degeneração como “matéria = mau” (ex. castração).

Muito mais poderia dizer, mas sabendo que é um post e que, em geral, não se lêem coisas muito longas, fico, de momento, por aqui. :)

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