sábado, 13 de janeiro de 2018

Dar atenção aos ruídos




Rhana Chakrabarti

- P. Paulo, fala tantas vezes de silêncio, de fazermos silêncio, como consegue? É tão difícil. Eu não consigo. São muitos os ruídos.
- Bem, antes de mais, há que dar de vez em quando atenção aos ruídos. 
- Como assim?
Levantei-me. Escolhi uma música calma. 



Play. 
- Tome esta folha branca e a caneta e deixe-as de momento no colo. Assente os pés no chão, endireite as costas, pouse as mãos sobre as pernas. Feche os olhos. Vamos fazer três inspirações/expirações profundas enquanto acompanha o som da música. Este tempo é seu. Tome consciência do aqui e do agora. Mais três inspirações/expirações. Liberte o pensamento. Pegue na caneta e na folha e escreva o que lhe vem ao pensamento sem filtrar nada. Não se preocupe em ver. O que está a preocupar? […] O que incomoda na vida? […] A que é que chama ruídos? […] O que está a impedir de fazer silêncio? […] Quando sentir que é o momento, pouse a caneta e volte a colocar as mãos sobre as pernas. E mais três inspirações/expirações profundas. Tome novamente consciência do aqui e do agora. Quando sentir, pode abrir calmamente os olhos. 
- Que leveza…
- Repare na folha.
- Que confusão. 
- E o sentir?
- Leveza e calma.
- Passou os ruídos para o papel. Mas, em consciência, consegue dar nome a algumas coisas que provocam ruído. Dê-lhes a atenção e a importância ajustada. Perceba o que pode fazer sem ajuda. O que tem de fazer com ajuda. O que, de momento, não pode fazer. E vai dando espaço e tempo para a leveza e a calma poderem continuar.


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