Este coração de oliveira foi-me trazido com muito carinho e oração desde Belém da Judeia.
[Secção pensamentos soltos em Semana de Advento] Maria exulta de júbilo numa oração diariamente rezada por muitos. As orações que se repetem com frequência correm o perigo de serem recitadas em que se apaga o coração. O “de cor”, ou seja, “de coração”, torna-se mais “de mens”, ou seja, “de cabeça”, “de mente”. Por isso, é necessário voltar cada vez que se reza à profundidade do coração. Não é emotivismo, nem racionalismo, mas equilíbrio no centro do discernimento. Se aprofundarmos o Magnificat de Maria, a seguir ao encontro com Isabel, percebemos que o Menino vem para alterar a lógica do mundo, recordando o essencial: nenhum ser humano deve ter poder sobre outro, inspirando-se na misericórdia de Deus. Ainda ontem, o Papa Francisco no seu discurso natalício aos cardeais, bispos e restantes membros da Cúria romana, foi claro e assertivo na dimensão do serviço, abertura e adaptação da Cúria [Igreja toda] aos contextos (ou seja, viver o mistério da Encarnação), recordando com palavras fortes os perigos de “cancro de conluios” de poderes também em meios eclesiásticos e “o dos traidores da confiança ou os que se aproveitam da maternidade da Igreja, isto é, as pessoas que são cuidadosamente seleccionadas para dar maior vigor ao corpo e à reforma, mas – não compreendendo a alçada da sua responsabilidade – deixam-se corromper pela ambição ou a vanglória e, quando delicadamente são afastadas, auto-declaram-se falsamente mártires do sistema, do ‘Papa desinformado’, da ‘velha guarda’... em vez de recitar o ‘mea culpa’.” Esta oração de Maria não é uma beatice, é o ressaltar da força do Natal. O nascimento de quem nos vem mostrar que o poder que anula pessoas não é de Deus. O poder de Deus resgata a humanidade desde as entranhas, da compaixão, da misericórdia. Em Belém nascerá o Coração que amará e iluminará toda e qualquer escuridão. Basta querer recebê-lo e acolhê-lo.
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