segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Redes sociais




Masayuki Yamashita

[Secção desabafos] Tenho um ou outro amigo que decidiu sair do facebook. “Chega de ruído emocional em vídeos, imagens e, sobretudo, palavras”, comentava-me um deles. As redes sociais ou caixas de comentários, no facebook em particular, transformam-se em espaços de gritaria sem qualquer filtro, onde se agride com grande facilidade. Ajuda esse intermediário monitor, onde não há face-a-face. No entanto, o modo de agir facebooquiano acaba por ganhar espaço para lá do mundo virtual, on-line. Apercebo-me que a agressão verbal, mais ou menos bruta, está a tomar proporções de terrível normalidade. Exige-se o impensável, em nome da “minha opinião” ou “meu interesse”. O individual resvala para o individualismo com muita facilidade, passando-se para a ofensa como “liberdade de expressão”. A unilateralidade torna-se modo de pensamento e de acção. Isto é perigoso, já que o sentido crítico esfumaça-se sem qualquer subtileza. Afinal, a crítica não tem nada que ver com matança humana, mas com manifestação de acordo ou desacordo a partir de argumentos que contribuam para a construção da humanidade. Confesso, por uma ou outra vez já pensei retirar-me e escrever apenas aqui no blogue. Há momentos que cansa, e muito, tanta descarga de ódio. Custa ainda mais, quando se vê que já se está a tornar um modo de agir no quotidiano. A definição mais conhecida de ser humano ainda tem “racionalidade” no seu conteúdo. Não sigamos em caminho de ficarmos pelo “animal”.  Pensando no escrevi ontem, ainda acredito na importância e força da pele.

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