sexta-feira, 7 de abril de 2017

Moralismos que não se quer





Sidhartha Bardoloye

[Secção desabafos] Para se compreender algumas separações, distingo moral de moralismo. A moral é antropológica, nessa consciência de que os actos podem ser bons ou maus. O moralismo é a cegueira farisaica que, em nome das aparências, mantém a opressão. Os exemplos nos Evangelhos são muitos. Infelizmente, em pleno século XXI ainda há outros tantos exemplos de moralismo. As situações de violência doméstica são de grande complexidade, sobretudo pelo modo como as vítimas as vivem. Não há dúvida de que a separação entre a vítima e o agressor é o grande passo. Nada legítima qualquer tipo de agressão a alguém. E é de grande tristeza que se possa dizer a uma vítima coisas como “o amor aguenta tudo”, “Jesus também sofreu muitas injustiças”, “se casaste foi tudo incluído no pacote”, “isso é tudo fantochada para chamares a atenção”, e outros “mimos” que tais. Tristeza é pouco, é nojento. Mais o é quando quem o diz é alguém que se diz de Igreja. Aí, está mesmo em pecado. Ficamos chocados com as situações mais dramáticas que são noticiadas. Mas há muitas que se ficam pela calada… em que, em nome do moralismo ou paz podre familiar, os agressores directos são apoiados por indirectos. A partir do momento que se entra na violência, nunca incluída em nenhum sacramento, deixou de haver amor.

Sem comentários:

Enviar um comentário