Francisco Andresen Leitão
[Secção pensamentos soltos] Este dia, em que se celebra Todos os Santos, mexe comigo. Entre o misto de silêncio e de tanto a acontecer, há forte passagem de muitos rostos, canonizados e não canonizados, pelo meu pensamento e coração. Faz 11 anos que consagrei-me a Deus na Companhia de Jesus, em Votos de pobreza (que não é miséria), de castidade (que não é castração) e de obediência (que não é servilismo). Ao longo deste anos tenho percebido a importância de cada um deles, entre a tensão e o sentido que me dispõe ao serviço nesta Humanidade concreta (minha e universal). Nesse mesmo dia, a partida da avó Constança para o Pai. Recordo de ter escrito, num dos dias seguintes, sobre o sentimento de morte e ressurreição num só dia, em Mistério a ser desvelado à medida que caminho na compreensão da profundidade da Vida que vai para além da racionalidade pura. É saudade que se converte em memória agradecida, mostrando que a morte é passagem, mantendo-se a vida dos que partiram no nosso coração. Há pouco, na conferência sobre Quem é o Grande Arquitecto?, no Fórum do Futuro, o Cardeal Gianfranco Ravasi falava da construção a partir de uma ordenação de Deus que é bela. A beleza que vai para além da utilidade das coisas, até mesmo das relações. Penso que este mistério da Vida e do Amor de Deus, presente no outro mistério de sermos criados à Sua imagem e semelhança, revela que a Humanidade precisa de beleza, de encontros, de consagração nesse reconhecimento que somos cosmos, em serviço desinteressado, promovendo Vida. E a santidade, deixando de ser uma coisa etérea, sem carne, passa a ser, ao jeito de um abraço, desejo que alivia dores, serena cansaços e promove a Vida do próximo… que tantas vezes está ali ao lado. Para além de qualquer Credo, sejamos construtores de paz e de vida.
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