Dylan Shaw
Inicialmente publicado no iMissio ... escrito a pensar e a rezar: “Que dia denso, este 25 de Março de 2016!”.
Está muito a acontecer no mundo. Mudanças são pedidas, quase exigidas, diante de tudo o que se sente. E hoje, a vida e a morte estão de mãos dadas como há muito não passava. Celebramos a Sexta-feira Santa, em 25 de Março, dia solene da Anunciação do Senhor. Em mim provoca-me muita agitação. Não a considero apenas uma estranha coincidência, parece-me forte sinal do tempo a pedir transformação. Tanto há que morrer, como o orgulho, o poder desmedido, a falta de amor próprio e de consciência do outro para além do gosto pessoal, o desrespeito pela diferença, na cultura, na raça, no sexo, para dar espaço à escuta e acção do profundo sentido da Paz.
Gabriel anuncia a Maria a vida do príncipe da Paz. O corpo que se começa a formar no seu seio é de mudança. As palavras e gestos são para dignificar o oprimido, abrindo portas ao rejeitado e excluído. O mundo novo acontece, nesse despertar de amor que ganha corpo, com a ternura com que fala com as crianças e a força com que expulsa quem faz da casa do Pai um covil de ladrões. O templo já não é aqui ou ali, mas em cada coração que está disposto a deixar que todas as pedras se transformem em carne. É aí que paro na oração. Senhor, faz-me ver onde tenho as pedras que te quero atirar, estando tu em mim ou nalgum dos meus irmãos e irmãs, em especial, naqueles com quem tenho mais dificuldade em me relacionar ou perdoar até. Que a tua carne seja a minha carne, que se entrega em vida.
É nessa entrega que surge a Sexta-feira Santa. Este dia que rasga o véu, que faz tremer todos os alicerces da fé e do entendimento de Deus. Do anúncio do sim de Maria, ao anúncio do não dos discípulos. Também em mim dançam o sim e o não. É tempo de transformação. Hoje, a morte e a vida de Deus estão de mãos dadas. É tempo de silêncio para, mais que compreender, viver o muito a que somos chamados no caminho da Paz.
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