Ao longo do dia andei pela cidade. Há mais polícias e exército armado. Houve mais situações de tristeza, como se sabe, pelas notícias e declarações. Se se encontra algo perdido com ar suspeito, tudo pára. Mas o que mais me tocou foi o telefonema de uma amiga francesa, em resposta à mensagem de voz que deixei ontem para lhe dar o olá de bom ano… e que nada tinha que ver com os acontecimentos. “Obrigado Paulo por teres ligado ontem! Soube-me muito bem escutar-te e dizer que rezas por mim. Um dos jornalistas era um dos meus grandes amigos. Já não tenho lágrimas para chorar. Por ele, por tudo.” De repente senti-me ainda mais próximo do ataque de ontem. Tal como me sinto próximo do Médio Oriente ou de África, quando, por exemplo, jesuítas dessas terras que vivem ou estudam comigo comentam das pessoas que conhecem que foram assassinadas. Têm de se fazer reflexões muito sérias sobre estes acontecimentos, mas não é hoje, nem nestes dias que se seguem. É muito cedo, pois neste momento fala o emotivismo e, normalmente, não é nem bom leitor, nem bom comunicador. Foram disparadas balas certeiras, mas as palavras em posts ou comentários agressivos por essa internet fora tornam-se balas que também matam de algum modo. É preciso mostrar que o medo não avança, e tal não pode ser com violência, gerando mais violência. É tempo de luto. E no luto há respeito.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário