quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Vejo-te ao longe



Duarte Bon de Sousa


Já te vejo, ali ao longe. É melhor atar os sapatos, tenho vontade de correr até ti. Estou com algum atraso. Enganei-me na rua. Talvez pelo hábito de “flâner” pelos caminhos, contemplando as surpresas daqui ou dali, não me apercebi que tinha de virar. É isto, de vez em quando surge a conversão, mas também é bom perder. Nem sei se é perder ou perder-me, impedindo que as proibições autoritárias cortem a liberdade. Vejo-te ao longe. Sorrio e: “deixa-te de divagações, já sabes que não é tudo ou nada. É o respeito por quem espera”. Sorrio mais ainda por saber que vou-te encontrar, abraçar outra vez, depois de tantos anos, e deixarmos conversar a saudade.

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