sábado, 15 de novembro de 2014

Oração. Fé. Justiça



Kiet Vo

[A minha homilia de hoje, cá em casa] Quantas vezes não ouvimos: “Deus não me escuta”; “Deus não atende as minhas preces”; “bem que rezo, mas de nada serve.”; ou outros desabafos semelhantes? No evangelho para hoje Jesus vai ao ponto: “orar sempre sem desanimar”. Mais uma vez, com um exemplo muito concreto, não só mostra a força da oração, como também aborda a questão da fé e revela um pouco mais quem é Deus. 

Posso pensar: como é que rezo? Como é a minha oração? No fundo, como é a minha relação com Deus? E nessa relação, como vivo a fé em mim e em Deus? Jesus não tem problemas em fomentar a oração de petição, destacando nesta passagem a oração a pedir justiça. A oração de petição permite-me o reconhecimento da necessidade de ajuda. Não podemos esquecer: somos seres em relação, entre nós e com Deus. A oração deve ser esse espaço de encontro, onde também se pede o que se necessita. Mas é para pedir com fé. E a fé pode implicar insistência, naquele pedido que não desanima. Ou seja, não perde a vida enquanto não é concedido. O problema surge quando se perde essa vida, achando que Deus não escuta. Noutra passagem evangélica, a mulher com hemorragia é curada pela sua fé. Desde as entranhas acreditou que bastaria tocar no manto de Jesus para ser curada. Na passagem de hoje, outra mulher, mesmo estando diante de um juiz iníquo, não deixa de acreditar na justiça a ser feita.

Deus é o Deus da justiça, sobretudo pelos mais fracos e desprotegidos. Não é por acaso ser uma viúva uma das personagens da parábola. A oração faz com que, sobretudo no momento em que me sinto mais vulnerável e desprotegido, perceba que Deus não desampara e está lá. A fé vai-se alimentando aí, nesse Deus que, sim, escuta e deseja a justiça. E percebe-se que fé não é sentir conforto, mas precisamente o incómodo que nos põe em movimento na busca da justiça, seja pessoal, seja para os que mais necessitam.


Sim, posso pensar: como é que rezo? Como é a minha oração? No fundo, como é a minha relação com Deus? E nessa relação, como vivo a fé em mim e em Deus?

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