quarta-feira, 17 de setembro de 2014

A minha homilia de hoje, cá em casa



Robert Davies

A exaltação do amor, na sua tradução em caridade é o que a liturgia nos apresenta hoje. Estas palavras de São Paulo aos Corintios são bastantes conhecidas e se mergulharmos a fundo obrigam a revolver as entranhas, a converter o nosso olhar e a nossa acção no quotidiano. Convidam à humildade de amar: não a partir da posse, mas da liberdade… saindo do voluntarismo, entrando na doçura da entrega discernida a partir da caridade comigo e com os outros. Estas palavras, fazendo ligação com o Evangelho, convidam ao crescimento, ao amadurecer dos sentidos, desenvolvendo o respeito pelo diferente. 

Quem se fica no pequeno enquanto realidade mesquinha, vê mal em tudo. Quem não deixa que seja o amor a penetrar as entranhas vê apenas desinteresse. No fundo, o que fala mais alto nas pessoas que pertencem a esta “geração” de maldizentes acaba por ser a inveja ou a dor de não ter ainda sido capaz de dar o passo de liberdade na força da denúncia da injustiça a partir da sobriedade, como o fez João Baptista, ou na capacidade de viver e mostrar Deus de forma diferente, na festa e na alegria com todos… sem excepção, como Jesus.  

O convite, hoje, é deixarmo-nos entranhar por esse amor que abre horizontes, que deixa que o olhar, o escutar, o tocar, o saborear, se expandam de forma misericordiosa. Na força da caridade reside a sabedoria de Deus. 

[Para as leituras de hoje: 

[Para ouvir em grego a famosa passagem de S. Paulo aos Corintios, mais conhecido pelo hino da caridade na interpretação de Zbigniew Preisner: http://youtu.be/R6ON3iA_boQ]


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