terça-feira, 23 de setembro de 2014

A importância das trevas



Brice Portolano


[Divagações, depois de ter tido uma boa conversa, a publicar num post nocturno] O primeiro título que me vem ao pensamento é “elogio às trevas”. No entanto, não é um elogio que quero fazer. Apenas reconhecer a importância das trevas, da escuridão, da tristeza, como possibilidade de encontro comigo mesmo, nesse canto do sagrado. [É complexo escrever sobre este tema] Recordo as sessões de psicoterapia, onde as dores dos pontapés e murros que levei, entre os 10 e 13 anos, voltaram a sentir-se neste corpo de adulto. Também essas dores fizeram-me entrar na trevas de mim. Questionei Deus! A sua existência e a sua presença. Mais do que nunca percebi a luta de Jacob na escuridão. A visão estava-lhe vedada. Apenas podia escutar e sentir, enquanto lutava. Daqui ganhei um respeito muito grande por quem vive fases de trevas, escuridão e tristeza. A felicidade não é passo rápido. Nem Deus é passo rápido: há que respeitar o silêncio de Nome, evitando invocá-lo em vão. A descoberta seguinte, sem entrar na questão de tempo, é a Liberdade.

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