Não sei se é pela pressa, se pela quantidade de informação recebida todos os dias, no entanto, a emoção tem um poder imenso, levando, grande parte das vezes, a não reflectir sobre o visto, o escutado, o partilhado.
Está a circular um vídeo de uma reportagem, feita para um artigo de uma revista semanal, sobre os conhecimentos de cultura geral dos universitários. A ideia surge depois de meio país ter ficado chocado e acabar por gozar com a famosa “Àfrica” como resposta à pergunta sobre um país da América Latina. Rapidamente surgem as análises sociológicas de “bancada”: aqui está o estado do país. Exactamente as mesmas análises sobre este novo vídeo com os universitários.
Quando vejo o vídeo pela primeira vez, a minha sensibilidade manifesta-se e arrepio-me. As repostas são assustadoras e as desculpas ainda mais, é inegável. E a seguir ao susto, vem a preocupação. Também sou sensível... e racional!
Por isso, gostava de fazer algumas considerações:
O universo das entrevistas, segundo os dados da revista, foi de 100 estudantes. Não os vi a todos no vídeo. Ah! Claro! Era apenas uma pequena apresentação, como que resumo do que foi perguntado. Mas, responderam todos mal a todas as perguntas? Pode-se perceber que um(a) ou outro(a) estava completamente a viver um estado de forte ignorância. Mas, foram todos assim? É verdade que muitas das perguntas são de nível muito básico para o suposto tempo universitário, o que choca ainda mais. Contudo, pergunto, onde estão os que responderam bem?
Percebe-se pela introdução apresentada no vídeo que os jornalistas responsáveis pela peça querem mostrar que a ignorância não está só naquela rapariga. No entanto, não me parece correcto que se faça algo de forma a tornar o mundo universitário num estado lastimável, de completa ignorância. Isto não invalida que não nos tenhamos de preocupar seriamente, agindo para que não se chegue a situações ainda piores.
Outra consideração que gostaria de fazer... Alguém se preocupa com a humilhação que estas pessoas estão a passar? A rapariga da televisão está no programa de livre vontade, sujeitando-se à exposição. Estas pessoas dão uma entrevista e são expostas de uma forma que não acho de todo, mais que correcta, ética. O que mais me custa ver e ler são os comentários feitos no próprio link da revista ou os que proliferam no facebook, por exemplo. Sim, o estado da educação no nosso país está muito mal, mas em nada se contribui quando se difama desta forma. Alguns atributos menos simpáticos dirigidos às próprias pessoas da peça poderão também revelar que a falta de educação não está só nos entrevistados...
Em conclusão:
Ler ou ver uma peça jornalística exige cada vez mais bastante atenção e, sobretudo, acento crítico. Quando isso acontece pode haver o cuidado em perceber os moldes pensados, os objectivos e se contribui, de facto, para a ajuda que se pretende dar ao país.
Concordo plenamente consigo.
ResponderEliminarMas o curioso (ou triste...) é que a própria jornalista caiu na sua própria armadilha quando pergunta 'qual é o símbolo química da água'. Suponho que a senhora terá tirado jornalismo e não um curso da área das ciências...mas se ia atirar pedras ao ar devia ter garantido que não tinha telhados de vidro.
Mas como é óbvio, no meio de tanto folclore sobre o estado do ensino e da cultura dos estudantes ninguém reparou nisso.
Entretanto parece que um dos estudantes vai apresentar queixa por difamação. Não sei se será verdade, ou mais uma volta do dito folclore.
Cmpts
Mariana