quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

A propósito de greves.

Acredito que muitos possam já estar fartos de tanta manifestação por parte dos professores. Quase que não se fala noutra coisa. No entanto, a realidade da educação não é nada famosa. Mais do que a tão comentada avaliação dos professores, a indignação começa a ficar mais acentuada quando nos deparamos com o ensino em Portugal.

Há uma preocupação excessiva com os fins, os objectivos, os resultados, mas quase nenhuma com o processo, o caminho, a seguir até chegar a esse objectivo. De facto, eu posso ter excelentes resultados finais, basta ser menos exigente, diminuir a dificuldade na avaliação, até mesmo na matéria a leccionar. No entanto, será caminho? A desresponsabilização e a falta de exigência não se sentirão no momento, no agora, aparecerão mais tarde. O imediatismo, normalmente, não dá bom resultado. Se se quer pôr Portugal ao nível da Europa, não creio que passa por uma diminuição da dificuldade. Queremos ser um país de “Drs” ou de “Engs”, só que tal não adianta de nada, na contribuição à nação, se apenas for situado numa capa de superficialidade. Do que vou conhecendo torna-se preocupante, tendo em conta que um dos pilares da sociedade é o da educação.

Quando a intransigência toma lugar ao diálogo com quem vive o concreto da educação, e não meras teorias ou o que se acha que deve ser o ensino, deixa-me um certo mau estar. Será que nós, professores, andamos todos errados?

1 comentário:

  1. Paulo,

    isto a mim dá-me vontade de rir, passo a explicar porquê. Ora quando estive em Moçambique vi como este modelo funciona, os professores não fazem greve, como é de imaginar, isto porquê? Porque (simplesmente) leccionam tudo o que o ministério pede, independentemente de estarem preparados e das crianças estarem ou não preparadas...no final passam todos, porque são avaliados pelos resultados dos alunos, mais ainda também têm observação de aulas e cumprem, na realidade todos os critérios que lá são pedidos, mas e os alunos?! Isso não importa aqui fala-se no sistema educativa -> professor e não, processo educativo e objecto central da educação... são os maiores/ melhores professores afinal não reprovam alunos... o que é que isto origina, um país de iletrados, analfabetos. Nem mais, nem menos.

    Apetece-me convidar todos professores e membros do ME a ir uma semanita às escolas de Moçambique onde podem ouvir os professores dizer "Eu não vou reprovar, para não ser penalizados" "Não vamos trabalhar nada de diferente porque pode aparecer alguém para assistir às nossas aulas"

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