Quando se fala por aí na nova vida do Fado e na geração de jovens fadistas, quase que se pensa que a música portuguesa só se renova no fado. Mas depois, de vez em quando, surgem uns projectos que nos demonstram que o património musical português é muito mais rico do que se pode pensar.
Há cerca de um ano atrás surgia o Xaile, um grupo com fortes tradições na música popular portuguesa, com sons e instrumentos muito familiares. O sucesso foi imediato porque as protagonistas do grupo, três simpáticas e bonitas mulheres, tinham o carisma necessário para encabeçar o movimento de renovação da nossa música mais tradicional.
Eis que surge agora Joana Pessoa que editou no passado dia 14 o seu primeiro disco, 'Fluir'. Na tradição de Fausto, Vitorino, Né Ladeiras ou Janita Salomé, Joana Pessoa pega em reportório tradicional português e, com belíssimos arranjos de Rodrigo Serrão (sim, o baixista e autor de alguns fados extraordinários de Katia Guerreiro) canta as raízes portuguesas. Pelo meio há também alguns inéditos como o 'Quando a barca vier' que é, na minha opinião, o momento mais forte do disco. Mas há também Zeca Afonso com 'Redondo Vocábulo', um tema labirintíco eximiamente recuperado recentemente por Cristina Branco no álbum 'Ulisses'. O resultado é belíssimo. Joana Pessoa tem uma força na voz como há muito não se ouvia. A seu favor tem também o facto de ser muito bonita. Aponto apenas algum excesso de sintetizadores como principal defeito. Mas ainda assim, nada que ensombre o resultado final. Vale a pena ouvir música portuguesa!
É mesmo bom.
ResponderEliminarAbraço
JMS