A mensagem de Ano Novo do Presidente da República toca, com bastante poder de síntese e com clareza meridiana, os principais problemas com que se tem debatido o Estado e que, consequentemente, afectam os portugueses, que devem ser os beneficiários da sua acção. Reconhecendo evoluções positivas, não deixa porém de alertar para a necessidade de aprofundamento das políticas do Governo ou de intervenções em várias áreas onde o Estado deve intervir e não o tem feito ou feito mal. Um dos pontos que particularmente me toca é o da intervenção social, no sentido de corrigir desigualdades - Portugal é um dos países do espaço europeu com maior grau desiguladade-, de minorar situações de extrema carência, de apoiar intervenções em favor de crianças e idosos, da integração dos emigrantes. A ela se referiu o Chefe do Estado, reconhecendo respostas positivas por parte do Estado e da sociedade civil, mas advertindo que:
Apesar disso, e do esforço do Estado na área da protecção social, não podemos deixar de nos inquietar perante as desigualdades na distribuição do rendimento que as estatísticas revelam."
Apesar disso, e do esforço do Estado na área da protecção social, não podemos deixar de nos inquietar perante as desigualdades na distribuição do rendimento que as estatísticas revelam."
Ao referir um exemplo gritante de desigualdade -"Sem pôr em causa o princípio da valorização do mérito e a necessidade de captar os melhores talentos, interrogo-me sobre se os rendimentos auferidos por altos dirigentes de empresas não serão, muitas vezes, injustificados e desproporcionados, face aos salários médios dos seus trabalhadores" - e ao enfatisar a má destribuição do rendimento por parte do Estado,o Prof. Cavaco Silva afrontou uma certa direita liberal que já se manifestou incomodada, considerando estar-se perante um governo de direita e um presidente de esquerda. Essa direita é capaz de ter razão e eu começo a pensar que, concordando com o Presidente da República, talvez seja menos de centro-direita do que pensava.
E o tratado de Lisboa?
ResponderEliminarSilêncio.
Um documento que terá um impacto enorme na vida dos Europeus passa em claro na clareza meridiana. Silêncio.
Silêncio.
Silêncio.
Até ser tarde demais para falar.
Na verdade o PR não falou do Tratado de Lisboa. Para dizer o quê? Que concorda com ele? Que a UE precisava deste tratado? Não se es+eraria, certamente, que o PR fosse questioná-lo, quando se sabe o que pensa sobre a UE. Muito menos iria falar do referendo, quando o governo ainda se pronunciou. Não vejo que devesse falar dele.
ResponderEliminarAliás, pessoalmente, não vejo muito bem o que vai mudar com assim tão grande impacto: ter um presidente da UE, ter um "ministro" dos negócios estrangeiros? Ter Portugal menos deputados europeus?
Já agora e antes que Sócrates diga o que pensa da forma de ratificação e eu possa ser acusado de seguidismo ( ou nâo) sempre quero que fique claro que entendo que deve ser por ratificação parlamentar. Em primeiro lugar porque sou 100% a favor da democracia representativa, mau grado todos os defeitos que a nossa democracia possa apresentar. Em segundo lugar porque dada a complexidade do tratado a pergunta só poderia ser sobre se se é a favor ou contra o tratado, globalmente -até mesmo muitos políticos não sabem o que é que lá está escrito- e os eleitores iriam seguir as orientações partidárias. Em terceiro lugar porque a teria feito sentido um referendo para ratificar as decisões dos governos de adesão ao espaço europeu, com o tratado de Maastricht p.e., e agora não faz sentido nenhum porque tirando o PCP e o BE ninguém põe em causa a nossa permanência na UE.
Caro João,
ResponderEliminarNoto uma coisa relevante na forma como vê este PR: é que ele sempre foi assim, ou seja, de direita nunca foi, pouco de centro direita e agora que já pode, revela a sua costela de esquerda.
Adorado por determinda direita pelo seu caracter exigente e de rectidão, mas detestado por outra pela sua pouca acentuada ideologia política, Cavaco Silva mais não é do que um homem marcado por uma visão apenas pragmática e económico/financeira da vida política, acentuada por uma característica horrível, a de salvador da Pátria.
Portanto caro João isto é o PR que temos...
Para terminar, um reparo muito relevante que li no 31 da Armada: Cavaco Silva faz referência aos ordenados auferidos pelos administradores de empresas, nomeadamente de empresas publicas. Ora pergunta-se, não foram quase todos eles ministros de Cavaco Silva quando foi Primeiro-ministro?
Caro Tiago
ResponderEliminarNão defendi este PR( como sabe até sou monárquico...),mas apenas referi aspectos que me marcaram nesta mensagem de Ano Novo, para além da clareza (talvez porque fiquei "traumatizado" com o discurso do anterior PR):as questões sociais que a dita direita liberal despreza e que a mim, democrata-cristão, sempre preocuparam.O Prof. Cavaco Silva pode ter tiques de esquerda, que se explicam por muitas razões, mas não será certamente por se preocupar com as questões sociais, que não deveriam ser uma coutada da esquerda, nem por dizer alto aquilo que qualquer pessoa de senso comum diz nas conversas de café, que os gestores, públicos e privados, ganham demais, com o argumento de que pretendem estar ao nível das empresas congéneres europeias, esquecendo-se do nível económico dos países onde se inserem e das médias salariais desses países: é o nosso novo-riquismo. O facto de estar a pôr em causa gestores que foram seus ministros, não me parece que seja um facto contra si, não acha?
Abraços amigos.
De que forma, o tratado, vai ter influenciar a sociedade portuguesa?
ResponderEliminarActualmente, cerca de 80% da legislação aplicada em território nacional, tem a sua génese em Bruxelas.
Se o tratado for implementado, qual vai ser o impacto na sociedade portuguesa? E nos restantes Estados membros?
Certamente que será grande, caso contrário, as anteriores versões (a celebre constituição europeia) não teria sido rejeitada pela França e Holanda.
E sobre isto nada diz o PR? Estranho. Muito estranho. Espero que não seja uma situação idêntica à mencionada pelo Ti Card.
Silêncio e conivência na incubação de …. e … talvez …. Uma referência indignada na primeira infância.