quarta-feira, 30 de maio de 2007

Duas questões que se unem no homem...

Sempre tive uma enorme admiração pelo Padre Resina, desde o tempo em que ouvia as suas homilias, na Capela do Rato. Tive a sorte de, mais recentemente, o ouvir também em dois casamentos de jovens que tinham sido suas alunas no Técnico, e de novo senti o mesmo fascínio pelas suas palavras, pelo modo desafrontado, brilhante e lúcido como sabe falar das coisas que nos preocupam.
Há dias, mandaram-me a entrevista que o Padre Resina deu ao jornal Público, no dia de Páscoa, que vale bem a pena ler, e de que deixo aqui um pequeno extracto:

P. JOÃO RESINA RODRIGUES - "Sou discípulo de Kant. Ele diz que há três questões fundamentais: o que posso saber, o que devo fazer, o que me é lícito esperar. E achou que a primeira depende da ciência. As más catequeses tiveram sempre a mania de misturar essa questão com a apologética. Kant achava que não, eu também.
Uma coisa é tentar compreender o universo. Para isso há a física e a biologia. Se quero saber se houve ou não big bang, se a vida evoluiu ou não, não pergunto à Bíblia, não pergunto à Igreja, que não tem competências nessa matéria.
A segunda questão é o que devo fazer, como se deve viver para se ser homem. Pergunto à história, às culturas, às religiões.
A terceira pergunta é o que me é lícito esperar, qual o sentido de fundo disto tudo. Aí, encontro a questão de Deus. Em suma, questões relativas a como é feito este mundo são da ciência. O sentido da vida diz respeito à religião, à filosofia, às culturas. Nós aprendemos com todas as culturas. Eu, em particular, aprendi e acreditei em Jesus Cristo.
P. - É isso o que significa quando diz, numa das suas homilias: "Cavar batatas, construir pontes ou tratar doenças é do domínio da ciência"?
R. - Lembro-me que escrevi esse texto e dei-o a um dos meus colegas do Técnico, que era ateu. Ele achou muito curiosa a frase e pareceu-me que estava de acordo.
A condição humana tem que fazer essas coisas. Depois, todos os seres humanos têm questões de fundo. São duas coisas diferentes que se completam: há quem trabalha em ciência e tem fé, outros que não têm; sei que há gente que anda no mundo e se preocupa com o sentido da vida, outros não. São duas questões que se unem no homem."

2 comentários:

  1. Bom, caro Moura, no que respeita à (tentativa de)compreensão do universo, Albert Einstein, formulou a teoria do Big Bang, apoiando-se em sinais recolhidos do Gênesis, o primeiro livro da Bíblia. Faz parte do Pentateuco, os cinco primeiros livros bíblicos, cuja autoria é, tradicionalmente, atribuída a Moisés.

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  2. Sempre tive fascínio pela teoria de que os deuses eram astronautas e que os "fenómenos" bíblicos já se baseavam num conhecimento científico "cibernético" (para actualizar os termos...)Por isso,a sua chamada para o Gênesis é muito interessante, tenho pena de conhecer tão mal o Antigo Testamento.

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