terça-feira, 19 de setembro de 2006

Almodovar Histérico


Regressei a Almodovar sem esperar nada. E em todo o fascinio que Almodovar exerce são inegáveis alguns sinais de que algo não está bem.
Esse algo foi sempre mais ou menos evidente na obra anterior, esteve presente em Todo sobre mi madre e em Habla con Ella, em Mala Educacion e repete em Volver. Almodover Histérico. Não consegue controlar a sua veia Histéreofónica, rebenta no exagero do argumento sem conseguir agarrar o fio de ariane e construir uma obra formalmente coerente. Almodovar é perfeito na direcção de actores, no argumento salvo as deambulações histéricas é mais uma vez perfeito, perfeito na direcção de camara e na escolha dos colaboradores (Alberto Iglesias... ).
Falha uma certa repetição e a histeria. Inclui detalhes biográficos nas personagens que são inusitados, out of time... pertencem a outra história talvez. E com a inclusão destes chega ao desleixo de outros. A filha Paula, que é violada e mata à punhalada o pai que não o é, atravessa o filme num misto de não sei o que estou aqui a fazer e matei o pai ou estive a brincar com a minha barbi. Não há um minimo de construção psicológica de um personagem que está sempre presente e é a razão de viver de Raimunda, a mulher que arrasta atrás de si o mundo, cópia das grandes personagens italianas de Loren e Magnani, e se alguém não o tivesse percebido pelo guarda-roupa, o traseiro, o cabelo, a postura, Almodovar ainda as coloca no ecran de televisão.
O filme é brilhante, não consegue atingir o génio anterior de alguma obras, mesmo as mais antigas como a Lei do Desejo ou Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos, mas é sem dúvida um grande exercício de génio do mano espanhol. O que se segue... Almodovar está a aproximar-se do mito americano Allen, Woody... Mais do mesmo, algumas vezes melhor, outras pior, esperamos sempre a surpresa, eu preferia com menos desgraça à mistura. (volverei)

3 comentários:

  1. Estou ansioso por ver este filme.
    Obrigado pela visita ao meu blog.
    Quanto aos comentários, foi uma grande falha não falar no Rufus... é brilhante.
    Os arcade fire são uma daquelas bandas que rompeu neste vazio musical, mas considero que existam outras, como death cab for cutie, AFI, The Fray, Snow Patrol, Album Leaf, Broken social scenem, The killers e Panic! At the disco. recomendo vivamente a audição de qualquer um deles.
    Um abraço

    ResponderEliminar
  2. O início do post fez-me recear que fosses exigir a cabeça do homem. Mas a coisa lá se compôs...
    Concordo especialmente com o último parágrafo, excepção feita a Woody Allen, mas bem vistas as coisas... pode haver aí um paradigma.
    Também quero mais surpresas como as que mencionaste: espantosos filmes!

    ResponderEliminar
  3. :)

    Não é arrogãncia exigir a Perfeição absoluta a alguém que sinto que a perde por um punhado de (excesso) de excentricidade.

    Concordo que Rufus seja brilhante. Poucos têm essa opinião. É um excêntrico, tal como Almodovar, por vezes peca por exagero. mas perdoa-se tudo.

    ResponderEliminar