Conheci o meu amigo Rany Saad vai fazer três anos em Setembro. Eu fazia parte da equipa portuguesa e ele da francesa, numa viagem (de luxo) que a Mercedes Benz promoveu na altura para fazer a apresentação do novo modelo Classe A.
Posso dizer que a nossa amizade foi praticamente instantânea, não se juntando água mas sim gin. Depois de uns dias divertidos nas melhores estradas da Europa e de muitas festas faustosas nas principais capitais europeias, cada um voltou às suas vidas com a certeza de que voltaríamos a estar juntos. Nem que fosse para assistirmos aos respectivos casamentos.
Não foi preciso passar tanto tempo e nesse mesmo ano o Rany veio a Lisboa por ocasião do meu aniversário. Aí, longe do brilho das festas Mercedes, tivemos oportunidade de conversar muito. O Rany era (é) um representante de duas culturas uma vez que é franco-libanês. Aproveitei para lhe fazer na altura todas as perguntas que esclarecessem de uma vez as minhas dúvidas sobre o Islão, sobre o ser muçulmano, sobre o "não ser ocidental". Ele, pacientemente foi respondendo.
A nossa amizade continuou e tem crescido à distância. Ele liga-me, eu ligo-lhe e torcemos pelas respectivas selecções no Mundial. Eu admirei o telefonema dele quando Portugal foi eliminado dizendo que tinha sido muito injusto para nós. E a partir desse dia vesti a camisola da selecção francesa. Até ao desfecho que se conhece.
De há uns dias para cá tenho pensado muito no Rany. Desde que começou a ofensiva militar no Líbano. Os pais dele (que não conheço mas que, segundo me disse o Rany, rezam por mim com frequência) vivem em Beirute. Assim como toda a família de Rany. Tentei ligar-lhe vezes sucessivas sem sucesso. Até hoje.
Falei com ele e percebi que a guerra não é lá longe. Com uma profundíssima tristeza na voz contou que à volta de casa dos pais só existe morte e destruição. As notícias que lhe chegam (ele vivem em Amsterdão) são escassas e o meu amigo treme sempre que o telefone toca por achar que vai receber a notícia que teme receber. Os pais do Rany estão em perigo. Assim como toda a família dele.
Não há muito a fazer, diz ele. Quando lhe perguntei como estava a família, a resposta foi lacónica: "They are just trying to survive". Esmagador.
O Rany está hoje um homem diferente. Para trás ficaram já os planos que fizemos para irmos juntos ao Líbano para eu conhecer a irmã que queria tanto apresentar-me. O Líbano que ele queria mostrar-me está a desaparecer rapidamente às mãos de Israel.
No dia de hoje, para o meu amigo Rany e para toda a família Saad, fica a minha oração. Em Portugal existe uma família que reza por uma família no Líbano. Uma oração a um Deus que é o mesmo. Pela paz que todos desejamos.
Posso dizer que a nossa amizade foi praticamente instantânea, não se juntando água mas sim gin. Depois de uns dias divertidos nas melhores estradas da Europa e de muitas festas faustosas nas principais capitais europeias, cada um voltou às suas vidas com a certeza de que voltaríamos a estar juntos. Nem que fosse para assistirmos aos respectivos casamentos.
Não foi preciso passar tanto tempo e nesse mesmo ano o Rany veio a Lisboa por ocasião do meu aniversário. Aí, longe do brilho das festas Mercedes, tivemos oportunidade de conversar muito. O Rany era (é) um representante de duas culturas uma vez que é franco-libanês. Aproveitei para lhe fazer na altura todas as perguntas que esclarecessem de uma vez as minhas dúvidas sobre o Islão, sobre o ser muçulmano, sobre o "não ser ocidental". Ele, pacientemente foi respondendo.
A nossa amizade continuou e tem crescido à distância. Ele liga-me, eu ligo-lhe e torcemos pelas respectivas selecções no Mundial. Eu admirei o telefonema dele quando Portugal foi eliminado dizendo que tinha sido muito injusto para nós. E a partir desse dia vesti a camisola da selecção francesa. Até ao desfecho que se conhece.
De há uns dias para cá tenho pensado muito no Rany. Desde que começou a ofensiva militar no Líbano. Os pais dele (que não conheço mas que, segundo me disse o Rany, rezam por mim com frequência) vivem em Beirute. Assim como toda a família de Rany. Tentei ligar-lhe vezes sucessivas sem sucesso. Até hoje.
Falei com ele e percebi que a guerra não é lá longe. Com uma profundíssima tristeza na voz contou que à volta de casa dos pais só existe morte e destruição. As notícias que lhe chegam (ele vivem em Amsterdão) são escassas e o meu amigo treme sempre que o telefone toca por achar que vai receber a notícia que teme receber. Os pais do Rany estão em perigo. Assim como toda a família dele.
Não há muito a fazer, diz ele. Quando lhe perguntei como estava a família, a resposta foi lacónica: "They are just trying to survive". Esmagador.
O Rany está hoje um homem diferente. Para trás ficaram já os planos que fizemos para irmos juntos ao Líbano para eu conhecer a irmã que queria tanto apresentar-me. O Líbano que ele queria mostrar-me está a desaparecer rapidamente às mãos de Israel.
No dia de hoje, para o meu amigo Rany e para toda a família Saad, fica a minha oração. Em Portugal existe uma família que reza por uma família no Líbano. Uma oração a um Deus que é o mesmo. Pela paz que todos desejamos.
Junto-me na oração pelo Rany e pela família e pelos muitos que têm morrido nesta guerra de loucos que da posse da terra parece ter passado à posse de um Deus que é o mesmo, aquele que não se menciona e aquele que nós denominamos, senhor da Paz e do Amor.
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