quarta-feira, 22 de março de 2006

Mais Jorge Palma 2

Estrela do Mar

Numa noite em que o céu tinha um brilho mais forte
E em que o sono parecia disposto a não vir
Fui estender-me na praia, sózinho, ao relento
E ali longe do tempo, acabei por dormir

Acordei com o toque suave de um beijo
E uma cara sardenta encheu-me o olhar
Ainda meio a sonhar perguntei-lhe quem era
Ela riu-se e disse baixinho: estrela do mar

"Sou a estrela do mar só a ele obedeço
Só ele me conhece, só ele sabe quem sou
No princípio e no fim
Só a ele sou fiel e é ele quem me protege
Quando alguém quer à força Ser dono de mim..."

Não sei se era maior o desejo ou o espanto
Só sei que por instantes deixei de pensar
Uma chama invisível incendiou-me o peito
Qualquer coisa impossível fez-me acreditar

Em silêncio trocámos segredos e abraços
Inscrevemos no espaço um novo alfabeto
Já passaram mil anos sobre o nosso encontro
Mas mil anos são pouco ou nada para estrela do mar

"Estrela do mar Só a ele obedeço
Só ele me conhece, só ele sabe quem sou
No princípio e no fim
Só a ele sou fiel e é ele quem me protege
Quando alguém quer à força Ser dono de mim..."

2 comentários:

  1. O Meu Amor Existe

    O meu amor tem lábios de silêncio
    E mãos de bailarina
    E voa como o vento
    E abraça-me onde a solidão termina

    O meu amor tem trinta mil cavalos
    A galopar no peito
    E um sorriso só dela
    Que nasce quando a seu lado eu me deito

    O meu amor ensinou-me a chegar
    Sedento de ternura
    Sarou as minhas feridas
    E pôs-me a salvo para além da loucura.

    O meu amor ensinou-me a partir
    Nalguma noite triste
    Mas antes, ensinou-me
    A não esquecer que o meu amor existe.

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  2. Não podia deixar relembrar este grande poema...



    No bairro do amor a vida é um carrossel
    Onde há sempre lugar para mais alguém
    O bairro do amor foi feito a lápis de côr
    Por gente que sofreu por não ter ninguém

    No bairro do amor o tempo morre devagar
    Num cachimbo a rodar de mão em mão
    No bairro do amor há quem pergunte a sorrir:
    Será que ainda cá estamos no fim do Verão?

    Eh pá , deixa-me abrir contigo
    Desabafar contigo
    Falar-te da minha solidão
    Ah, é bom sorrir um pouco
    Descontrair um pouco
    Eu sei que tu compreendes bem

    No bairro do amor a vida corre sempre igual
    De café em café, de bar em bar
    No bairro do amor o Sol parece maior
    E há ondas de ternura em cada olhar

    O bairro do amor é uma zona marginal
    Onde não há hotéis, nem hospitais
    No bairro do amor cada um tem que tratar
    Das suas nódoas negras sentimentais

    Eh pá , deixa-me abrir contigo
    Desabafar contigo
    Falar-te da minha solidão
    Ah, é bom sorrir um pouco
    Descontrair um pouco
    Eu sei que tu compreendes bem

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