quarta-feira, 2 de novembro de 2005

Pobreza, Castidade e Obediência

Ontem, dia de Todos os Santos, na Sé Nova, em Coimbra, dois amigos de longa data, em conjunto com mais cinco companheiros, fizeram os primeiros votos na Companhia de Jesus. Eu tive a felicidade de assistir ao momento, apesar da gripe que há uma semana não me deixa respirar em condições.
Conheci o Paulo Duarte e o Pedro Cameira em diferentes circunstâncias. O Pedro esteve comigo em Paris, quando eu estava lá a estudar e foi uma empatia imediata aquilo que nos uniu. Há já alguns anos que não sabia nada dele e, de repente descubri-o já noviço.
O Paulo é um bom amigo dos meus tempos de Lisboa. Conhecemo-nos num jantar em que a presença dele me incomodou pela forma doentia como revelava a sua fé. Uma forma que acabou por me contagiar. Tornou-se num amigo muito especial e com ele vivi um reconciliamento com a minha fé.
Ontem perante uma Igreja cheia fizeram os seus primeiros votos. Pobreza, Castidade e Obediência. A Paz, a serenidade e a alegria que tinham estampadas nos rostos não me deixou indiferente. Durante o tempo que ali estive rezei com fervor para que também eu pudesse sentir aquele chamamento. Percebi que é no amor a Deus, no amor de Deus que encontramos a paz, que somos homens por inteiro.
Para os mais cépticos, transcrevo um excerto do programa ontem entregue que explica o que significam estes votos.
"Ser Pobre não é propriamente não ter coisas. A pobreza é mais: ter paciência, ter disponibilidade, ter espírito de serviço, de partilha, de entrega,... Ser pobre é ter em Deus a única riqueza e, consequentemente, não procurar segurança noutras coisas (...). É ter o meu centro de gravidade em Deus (e não no meu umbigo), é centrar a vida em Cristo (...). É saber ter e saber não ter. (...).
Ser Casto é amar como Jesus amou. É amar a sério, sem confundir amor com sentimentos, gostos ou paixões. É um amor adulto,equilibrado, depurado (...). Na vida religiosa renuncia-se a relações exclusivas em favor da missão de amar universalmente, para estar livre interior e exteriormente para servir todas as pessoas sem distinção. (...).
Ser Obediente é pôr a vontade de Deus acima de tudo, é estar atento, à escuta (ob+audire), pronto e disponível para responder à "voz" de Cristo, é fazer meus os objectivos de Deus. No fundo é estar sempre alerta e pronto a escolher o Bem maior em detrimento do Bem menor. É ter sempre presente que a única missão a cumprir é fazer a vontade de Deus, sem pôr condições. (...) é como um filho que ama o seu pai e lhe obedece, confia nele e faz o que ele pedesabendo que é o melhor, mesmo que custe. (...)
."
Este texto foi escrito por João Delicado, sj, baseado em conferêcias do Padre Vasco Pinto de Magalhães. A mim deixou-me muito pensativo, em conjunto com tudo o que assisti ontem em Coimbra...
Ao Paulo e ao Pedro um abraço cheio de força! Que a vossa fé se fortaleça diariamente nesta proximidade com Deus.

sexta-feira, 7 de outubro de 2005

Céu e Terra



A única coisa que não é premeditada nos espectáculos de Pina Bausch é a plateia. Tudo o resto, cada piscar de olhos, cada sorriso, cada movimento de dedos é coreografado, estudado e treinado ao milímetro.

A coreógrafa apresentou ontem, no Teatro de São Luís, em Lisboa, o espectáculo Ten Chi (Céu e Terra), ao qual eu tive a felicidade/sorte de assistir devido à generosidade de amigos que têm amigos em lugares importantes.

Um cenário escuro, quase sombrio e ao longe sombras, vultos. Um peixe? Uma baleia? Uma ilha? Um oceano? Não se sabe. Não é suposto perceber-se. O Japão dá o mote. Mas é o Japão ou é uma invocação à solidão da sociedade moderna? Corpos deslizam (ou flutuam) pelo palco. Há mergulhos no mar e há mergulhos na vida. Há encontros e desencontros, há promessas e desilusões. A vida como ela é: bela, sublime, destruidora, devoradora, cruel, colorida.

Começa a nevar. Mas não é frio que se sente. Talvez porque não seja neve. São pétalas que caiem, são cerejeiras em flor, é a primavera japonesa. E mais uma vez os amores e os desamores. A beleza começa a incomodar porque parece insana. Como se pelo palco passassem todos os nossos medos, as nossas inseguranças e as nossas angústias. Apetece tocar em alguém, sentir a fluidez dos corpos para perceber que não estamos sozinhos.

A neve continua a cair. Ininterruptamente. O palco vai ficando branco. E as cores vão aparecendo, vibrantes, ocasionais. São elas, as mulheres, que aparecem e desaparecem ao ritmo da neve que cai. Solidão. É solidão que se sente agora. Um mundo demasiado grande, demasiado distante, demasiado forte. Os afectos e os desafectos, uma vez mais. A perda da inocência e mais um mergulho: afinal de contas o cenário é marítimo e estamos numa ilha. Ou somos uma ilha?

A única coisa que não é premeditada nos espectáculos de Pina Bausch é a plateia. Tudo o resto, cada piscar de olhos, cada sorriso, cada movimento de dedos é coreografado, estudado e treinado ao milímetro. Ontem testemunhei essa precisão. E o impacto que teve em mim ainda não foi totalmente avaliado. A beleza tem esse efeito: esmaga-me.


Há na 'La Vita Nuova' de Dante Alighieri umas palavras que me fizeram sentir algo semelhante. Deixo-as aqui, em jeito de conclusão

“He woke her then, trembling and obedient she ate that burning heart out of his hand. Weeping, I saw him then depart from me.
Could he daily feel a stab of hunger for her and find nourishment in the very sight of her? I think so. Would she see through the bars of his plight and ache for him?”
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Ten Chi/Céu e Terra
Pina Bausch, direcção e coreografia; Peter Pabst, cenário; Shoukichi Kina, Hwang Byungki, Ryoko Moriyama, Kodo, Yas-Kaz, Alexander Balanescu. Thomas Heberer, Norah Jones, Gustavo Santaolalla, Robert Wyatt, Club des Belugas, Kreidler, Labradford, Plastikman, TudôsoK, Underkarf, música; Ruth Berlau, Bertolt Brecht, Georg Büchner, José Saramago, Margarete Steffin, Wislawa Szymborska u.a., texto.
6, 7 e 8 Out: 21h, 9 Out: 17h30

quarta-feira, 29 de junho de 2005

Variações humanas...

Ontem fui ao Coliseu dos Recreios, em Lisboa, ver aquele que é quanto a mim, o concerto do ano: o dos HUMANOS. Fiquei sem palavras (coisa rara em mim).
Foi um momento brilhante e único (que se repete por mais duas noites - mais uma em Lisboa e outra no Porto) da história da música portuguesa. Aliás, ali fez-se música mas também se fez história. Para verem que não estou a exagerar, sugiro a todos que comprem o CD e/ou o DVD a serem editados futuramente (calculo que lá mais para o Natal, como é hábito das editoras).
E deixei-me fazer esta gracinha fácil: se são HUMANOS, nem quero pensar o que seria se fossem divinos...

terça-feira, 21 de junho de 2005

España me mata!!

Lejos de Europa
Indicadores económicos y sociales periódicamente divulgados por la Unión Europea (UE) colocan a Portugal en niveles de pobreza e injusticia social inadmisibles para un país que integra desde 1986 el ”club de los ricos” del continente.
Pero el golpe de gracia lo dio la evaluación de la Organización para la Cooperación y el Desarrollo Económicos (OCDE): en los próximos años Portugal se distanciará aún más de los países avanzados. La productividad más baja de la UE, la escasa innovación y vitalidad del sector empresarial, educación y formación profesional deficientes, mal uso de fondos públicos, con gastos excesivos y resultados magros son los datos señalados por el informe anual sobre Portugal de la OCDE, que reúne a 30 países industriales.
A diferencia de España, Grecia e Irlanda (que hicieron también parte del ”grupo de los pobres” de la UE), Portugal no supo aprovechar para su desarrollo los cuantiosos fondos comunitarios que fluyeron sin cesar desde Bruselas durante casi dos décadas, coinciden analistas políticos y económicos. En 1986, Madrid y Lisboa ingresaron a la entonces Comunidad Económica Europea con índices similares de desarrollo relativo, y sólo una década atrás, Portugal ocupaba un lugar superior al de Grecia e Irlanda en el ranking de la UE. Pero en 2001, fue cómodamente superado por esos dos países, mientras España ya se ubica a poca distancia del promedio del bloque.
”La convergencia de la economía portuguesa con las más avanzadas de la OCE pareció detenerse en los últimos años, dejando una brecha significativa en los ingresos por persona”, afirma la organización. En el sector privado, ”los bienes de capital no siempre se utilizan o se ubican con eficacia y las nuevas tecnologías no son rápidamente adoptadas”, afirma la OCDE. ”La fuerza laboral portuguesa cuenta con menos educación formal que los trabajadores de otros países de la UE, inclusive los de los nuevos miembros de Europa central y oriental”, señala el documento.
Todos los análisis sobre las cifras invertidas coinciden en que el problema central no está en los montos, sino en los métodos para distribuirlos.
Portugal gasta más que la gran mayoría de los países de la UE en remuneración de empleados públicos respecto de su producto interno bruto, pero no logra mejorar significativamente la calidad y eficiencia de los servicios. Con más profesores por cantidad de alumnos que la mayor parte de los miembros de la OCDE, tampoco consigue dar una educación y formación profesional competitivas con el resto de los países industrializados.
En los últimos 18 años, Portugal fue el país que recibió más beneficios por habitante en asistencia comunitaria. Sin embargo, tras nueve años de acercarse a los niveles de la UE, en 1995 comenzó a caer y las perspectivas hoy indican mayor distancia.
¿Dónde fueron a parar los fondos comunitarios?, es la pregunta insistente en debates televisados y en columnas de opinión de los principales periódicos del país. La respuesta más frecuente es que el dinero engordó la billetera de quienes ya tenían más. Los números indican que Portugal es el país de la UE con mayor desigualdad social y con los salarios mínimos y medios más bajos del bloque, al menos hasta el 1 de mayo, cuando éste se amplió de 15 a 25 naciones.
También es el país del bloque en el que los administradores de empresas públicas tienen los sueldos más altos. El argumento más frecuente de los ejecutivos indica que ”el mercado decide los salarios”. Consultado por IPS, el ex ministro de Obras Públicas (1995-2002) y actual diputado socialista João Cravinho desmintió esta teoría. ”Son los propios administradores quienes fijan sus salarios, cargando las culpas al mercado”, dijo. En las empresas privadas con participación estatal o en las estatales con accionistas minoritarios privados, ”los ejecutivos fijan sus sueldos astronómicos (algunos llegan a los 90.000 dólares mensuales, incluyendo bonos y regalías) con la complicidad de los accionistas de referencia”, explicó Cravinho. Estos mismos grandes accionistas, ”son a la vez altos ejecutivos, y todo este sistema, en el fondo, es en desmedro del pequeño accionista, que ve como una gruesa tajada de los lucros va a parar a cuentas bancarias de los directivos”, lamentó el ex ministro.
La crisis económica que estancó el crecimiento portugués en los últimos dos años ”está siendo pagada por las clases menos favorecidas”, dijo. Esta situación de desigualdad aflora cada día con los ejemplos más variados. El último es el de la crisis del sector automotriz. Los comerciantes se quejan de una caída de casi 20 por ciento en las ventas de automóviles de baja cilindrada, con precios de entre 15.000 y 20.000 dólares. Pero los representantes de marcas de lujo como Ferrari, Porsche, Lamborghini, Maserati y Lotus (vehículos que valen más de 200.000 dólares), lamentan no dar abasto a todos los pedidos, ante un aumento de 36 por ciento en la demanda. Estudios sobre la tradicional industria textil lusa, que fue una de las más modernas y de más calidad del mundo, demuestran su estancamiento, pues sus empresarios no realizaron los necesarios ajustes para actualizarla. Pero la zona norte donde se concentra el sector textil, tiene más autos Ferrari por metro cuadrado que Italia.
Un ejecutivo español de la informática, Javier Felipe, dijo a IPS que según su experiencia con empresarios portugueses, éstos ”están más interesados en la imagen que proyectan que en el resultado de su trabajo”. Para muchos ”es más importante el automóvil que conducen, el tipo de tarjeta de crédito que pueden lucir al pagar una cuenta o el modelo del teléfono celular, que la eficiencia de su gestión”, dijo Felipe, aclarando que hay excepciones. ”Todo esto va modelando una mentalidad que, a fin de cuentas, afecta al desarrollo de un país”, opinó.
La evasión fiscal impune es otro aspecto que ha castrado inversiones del sector público con potenciales efectos positivos en la superación de la crisis económica y el desempleo, que este año llegó a 7,3 por ciento de la población económicamente activa. Los únicos contribuyentes a cabalidad de las arcas del Estado son los trabajadores contratados, que descuentan en la fuente laboral. En los últimos dos años, el gobierno decidió cargar la mano fiscal sobre esas cabezas, manteniendo situaciones ”obscenas” y ”escandalosas”, según el economista y comentarista de televisión Antonio Pérez Metello. ”En lugar de anunciar progresos en la recuperación de los impuestos de aquellos que continúan riéndose en la cara del fisco, el gobierno (conservador) decide sacar una tajada aun mayor de esos que ya pagan lo que es debido, y deja incólume la nebulosa de los fugitivos fiscales, sin coherencia ideológica, sin visión de futuro”, criticó Metello.
La prueba está explicada en una columna de opinión de José Vitor Malheiros, aparecida este martes en el diario Público de Lisboa, que fustiga la falta de honestidad en la declaración de impuestos de los llamados profesionales liberales. Según esos documentos entregados al fisco, médicos y dentistas declararon ingresos anuales promedio de 17.680 euros (21.750 dólares), los abogados de 10.864 (13.365 dólares), los arquitectos de 9.277 (11.410 dólares) y los ingenieros de 8.382 (10.310 dólares). Estos números indican que por cada seis euros que pagan al fisco, ”le roban nueve a la comunidad”, pues estos profesionales no dependientes deberían contribuir con 15 por ciento del total del impuesto al ingreso por trabajo singular y sólo tributan seis por ciento, dijo Malheiros. Con la devolución de impuestos al cerrar un ejercicio fiscal, éstos ”roban más de lo que pagan, como si un carnicero nos vendiese 400 gramos de bife y nos hiciese pagar un kilogramo, y existen 180.000 de estos profesionales liberales que, en promedio, nos roban 600 gramos por kilo”, comentó con sarcasmo. Si un país ”permite que un profesional liberal con dos casas y dos automóviles de lujo declare ingresos de 600 euros (738 dólares) por mes, año tras año, sin ser cuestionado en lo más mínimo por el fisco, y encima recibe un subsidio del Estado para ayudar a pagar el colegio privado de sus hijos, significa que el sistema no tiene ninguna moralidad”, sentenció. (FIN/2004)

quinta-feira, 2 de junho de 2005

A Feira e o Livro

Faz-me confusão a festa que as pessoas fazem com a chegada da Feira do Livro. Como se a Feira fosse local de venda de produtos sazonais.
Eu compro livros o ano inteiro. E quando não compro vejo-os. Nas livrarias. Em Lisboa e em todo o país. Não há nada na Feira do Livro que não haja nas livrarias. (Ok, talvez haja mais gente e barracas de churros e farturas.)
Chamem-me parvo, ou bruto, que eu até deixo, mas francamente não percebo a excitação. Ir à Feira do Livro até é engraçado, mas não substitui o prazer de entrar numa livraria, com paredes forradas de estantes (posso sugerir a Bertrand do Chiado?). Não passa uma semana que eu não entre numa livraria. Faz-me falta. Dá-me gozo.
Não sei porquê mas tenhoa remota ideia de que quem vai à Feira do Livro não tem hábitos de leitura enraizados.
Em relação à Feira do Livro, o espaço é bonito, as noites têm estado agradáveis mas eu, não tendo pretensões intelectuais de espécie alguma, não gosto de ver barracas com livros empilhados, ao lado de barracas com farturas acabadas de fritar.
P.S. - dito isto, ontem fui à Feira e comprei mais uns livros. Mas resisti às farturas...

sexta-feira, 27 de maio de 2005

Escrever com alma

Há já algum tempo que a minha escrita tem sido pouco frequente, irregular, desinspirada... Mas hoje tomei conhecimento de um blog que existe já desde Abril e que me surpreendeu pela qualidade dos seus conteúdos, não podendo por isso deixar de dizer qualquer coisa a seu respeito.

O blog é de um amigo. De um bom amigo, que se proteje no anonimato. As suas palavras têm alma em cada letra. Há sentimento. Há coerência. Há paixão. Há compromisso. Há ilusão e desilusão. Daí não querer a sua identidade revelada.

O blog fala de encontros e de desencontros. Fala de ter e de perder alguém. Fala de amar e de não ser amado. Fala de querer e de ser magoado. Fala de temas que me são familiares, que já senti e que às vezes ainda sinto. A forma é a poesia. Ou a prosa poética. Ou simplesmente o esvaziamento da alma.

Eu li e senti-me cheio. A todos os que deliberada ou acidentalmente me lêem, aconselho vivamente a sua consulta. Com calma, com paciência e com muita atenção. Sinto que descobri um talentosíssimo escritor!

terça-feira, 24 de maio de 2005

Hoje não me apetece fazer nada.

Há neste momento a pensar como eu:

- 95% dos benfiquistas;
- 98% da administração pública;
- 100% da quinta das celebridades;
- a direcção inteira do Sporting
- o anterior executivo de Santana Lopes.


(By appointment of the Duke of Blondcastle)

sexta-feira, 20 de maio de 2005

Sei que não vou por aí!

Quero viver assim...
....
Cântico Negro

"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém. - Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí!
Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou - Sei que não vou por aí!"
...

sexta-feira, 6 de maio de 2005

A vitória (na derrota) do Sporting


O Sporting estará na final da taça UEFA dia 18 de Maio. Depois de ter perdido um jogo longo e difícil. Estou feliz pelo meu clube.Ao assistir às comemorações que eclodiram um pouco por toda a cidade de Lisboa, pude concluir duas coisas:
1 - Estamos cada vez mais parecidos com um país de terceiro mundo, em que as glórias futebolísticas são comemoradas como grandes efemérides (independentemente de não serem vitórias finais mas sim passagem de eliminatórias).
2 - O preço dos combustíveis deve estar muito baixo para andar tanto carro nas ruas a buzinar e a agitar bandeiras.

segunda-feira, 2 de maio de 2005

A vitória do Estádio


Ontem fui ao premiado Estádio do Braga, da autoria do premiado Eduardo Souto Moura.

Tive ali oportunidade de ouvir alguns locais expressarem as suas opiniões sobre o dito imóvel. E fiquei a saber que eu sou um "bruto de um lisboeta ignorante" que não percebo que "os estádios não têm nada que ser bonitos, têm que ser práticos".

Bom, eu estive lá, assisti ao jogo, e quanto a mim, "um bruto de um lisboeta ignorante" (ainda por cima, fã incondicional do Arq. Souto Moura), o Estádio pareceu-me muitíssimo prático. É, sem dúvida, uma obra prima da arquitectura (e engenharia) portuguesa, que deveria ser tida por muitos como um exemplo de como se pode fazer arte com utilidade.

Quando vejo da janela de minha casa um enorme mono revestido de azulejos amarelos e verdes, tenho muita pena que ali para os lados do Campo Grande não houvesse também uma pedreira que o Arq. Souto Moura pudesse ter aproveitado.

Ontem o Sporting ganhou (e muito bem) o jogo contra o Braga. Mas francamente em matéria arquitectónica, o Braga ganha todo e qualquer campeonato!


terça-feira, 26 de abril de 2005

O Congresso IV

Ribeiro e Castro não gosta do Grupo Parlamentar e o Grupo Parlamentar não gosta do Ribeiro e Castro.

O Congresso III

Telmo Correia achou que era a nova versão d' "O Desejado". Enganou-se!

O Congresso II

O Partido Popular já tem líder. Mas e o líder, será que tem partido?

O Congresso I


No Partido Popular as coisas são mesmo assim: quando não há em Portugal, importa-se do estrangeiro.

O meu amigo Miguel disse...


"... por vezes fico desconcertado. No outro dia a resolver uns assuntos a pessoa com quem eu estava a falar, de repente, diz-me que eu sou engraçado, tenho imensa piada... e não tínhamos falado antes. Agora, estou em comunicação com um director de uma outra empresa e diz-me logo a abrir "Qualquer dia vemo-nos..." Acho que o mundo perdeu um pouco a razão, não sei... ou então eu sou mesmo um conservadorzinho, pouco habituado a um grau de confiança logo de início."

Descobri hoje que, também eu, sou um "conservadorzinho", que gosto muito pouco de confianças logo de início... e acho que no fim também!

O Congresso V (Ficções)

AVISO: Tudo o que a seguir se escreve é pura ficção, tendo como mote, apenas e só, o facto de ter havido um congresso do Partido Popular.

Paulo Portas conseguiu o que queria: fragmentar o partido. Além de gerir dívidas e calotes, Ribeiro e Castro tem como missão evitar a extinção tão desejada pelo anterior presidente, para quem o fim do Partido assenta como uma luva nos seus objectivos pessoais.

E mais não digo que se me acabou a criatividade!!

sexta-feira, 22 de abril de 2005

Foi você que pediu aquilo que é normal?


Parece que este fim de semana, em Lisboa, decorre o Congresso do tal partido que todos sabem de onde vem mas ninguém vê para onde é que pode ir.
Moções sabemos que há algumas. Líderes também hão-de aparecer.
Quanto a integridade, carácter, valores, decência, honestidade, justiça, lealdade e outras coisas que me parecem normais em determinadas circunstâncias, essas não abundam por ali...
*Em compensação, há por lá filhos que nem da puta são!

quarta-feira, 20 de abril de 2005

Prémio "Hás-de ter tu muito a ver com isso"

in Público on line, de 19 de Abril de 2005

Escrever com argumentos


No (quase) sempre brilhante O Acidental (provavelmente o Blog mais citado do mundo), Luciano Amaral escreveu um longo post (de seu nome Zeitgeist) sobre a eleição do NOSSO Papa. Na minha humilde opinião, foi provavelmente o texto mais inteligente que li acerca do assunto.Gosto de pessoas que pensam antes de falar. E que falam com argumentos.

segunda-feira, 18 de abril de 2005

Ambiente


Lembrei-me que o actual Primeiro Ministro tutelou, num governo socialista anterior a pasta do Ambiente. E fui à procura de traços de uma política de ambiente neste governo. Mas não encontrei. Nem o site funciona... Será que o choque tecnológico não contempla questões ambientais?

sexta-feira, 15 de abril de 2005

Mosca na cicuta


Define-se assim o blog que hoje se iniciou pela mão de uma das pessoas mais mordazes e ácidas que conheço (não fiquem a pensar coisas porque não é, repito, NÃO É, o Eduardo Prado Coelho).
E a avaliar pelo primeiro post, não tenho dúvidas que vai ser sem dúvida um espaço com muitíssimo interesse para os blogonautas.
Eu já o arrumei nos meus favoritos. Assim, sem pensar. Tenho a certeza que lhe vou ficar a dever muitas gargalhadas!

quarta-feira, 13 de abril de 2005

O que eu adoro no Primeiro Ministro


Depois de muito puxar pela cabeça, descobri, por fim, aquilo que realmente me faz vibrar no nosso novo Primeiro Ministro: a sua ausência.

terça-feira, 12 de abril de 2005

Conselho de amigo


Para os novos ex-líderes partidários, que pairam ou não por aí, que se sentem traídos e/ou abandonados, tristes, infelizes, sozinhos, sem esperança no futuro, aqui fica o meu genuíno e sincero conselho de amigo:
Respire fundo e olhe para o horizonte. Costuma resultar... Ou então...
Respire fundo e não olhe para lado nenhum...
Ou melhor ainda, olhe para todo o lado e não respire...
Melhores cumprimentos...

sábado, 9 de abril de 2005

Pode ser hoje?


"Ai barco que me levasse

A um rio que me engolisse
Onde eu não mais regressasse
P'ra que mais ninguém me visse (...)"

Excerto de "Choro" de Ermelinda Xavier
(cantado por
Cristina Branco)

sexta-feira, 8 de abril de 2005

Tenho um problema...

Tenho um problema que é relativamente grave. Pelo menos para mim... É que me incomodam imenso as pessoas que se levam demasiado a sério. Não as suporto. Simplesmente, não as suporto!!Sempre que me deparo com uma dessas pessoas faço um esforço enorme de desculpabilização: ah, e tal, são pessoas com grande auto estima, e assim, coitadas, na realidade até nem são más pessoas, e mais não sei o quê... Mas não. Depois, ouço-as falar e desaba tudo!Quero pessoas simples. Pessoas para quem a inteligência não seja um trunfo mas uma coisa natural, como uma mão, um pé, uma orelha. Quero pessoas que não falem só porque gostam de se ouvir falar. E quero pessoas que saibam escutar com atenção o que os outros dizem.
Pode ser?

quarta-feira, 6 de abril de 2005

... de 1199, morreu o rei inglês Ricardo, Coração de Leão.
... de 1385, D. João I, Mestre de Avis, foi proclamado Rei de Portugal.
... de 1520, morreu o pintor italiano Rafael.
... de 1874, nasceu o artista americano Harry Houdini.
... de 1896, na Grécia, iniciaram-se as Primeiras Olimpíadas da Era Moderna.
... de 1909, o explorador americano Robert Peary foi o primeiro a chegar ao Pólo Norte.
... de 1917, os Estados Unidos declararam guerra à Alemanha.
... de 1924, em Itália, os Fascistas ganharam as eleições.
... de 1941, a Alemanha invadiu a Jugoslávia e a Grécia.

Mas tudo isto não tem importância nenhuma porque neste dia, em 1978, nasceu o Tiago. E o mundo nunca mais foi o mesmo!

Parabéns Tiago!

terça-feira, 5 de abril de 2005

Gostar de ti

Os dias normalmente tendem a passar todos iguais. A vida é assim. E no meio da rotina há horas que fazem a diferença, existem pessoas que marcam os momentos especiais e que tornam a vida num milagre verdadeiramente apaixonante.
Tenho vivido contigo um desses momentos. Deitar-me ao teu lado é especial e acordar ao teu lado é mais especial ainda. Gosto de abrir os olhos e olhar para Ti... Gosto de te ver ali, tão vulnerável, tão forte. É bom ver-te dormir! Acalma-me, inspira-me, comove-me. Gosto de estar ali, de partilhar aqueles momentos, de te ver sorrir, de te ver tirar a roupa, de olhar para o teu corpo. Gosto de percorrer com as minhas mãos esse mesmo corpo e sentir que é já território que conheço bem. Gosto de te dar prazer e gosto de ver como te dedicas a dar-me, a mim também, prazer. Gosto de estar sentado a ler, a ouvir música, e ver-te chegar e encostares a tua cabeça no meu ombro. Gosto de te dar esse colo e gosto de to pedir também, porque sei que mo dás e que nunca mo negas. Gosto quando me repreendes porque faço alguma coisa mal e também gosto do modo como finges não reparar quando eu faço as coisas bem. Gosto de ter orgulho em ti e gosto que te orgulhes de mim.

Gosto de ti e quanto a isso não há quaisquer dúvidas.

segunda-feira, 4 de abril de 2005

A Natureza Humana e a minha fraqueza

No sábado à noite fui jantar com amigos a um sítio giro, com gente gira, num ambiente giro. Depois de uma overdose de coisas praticamente perfeitas (o meu fígado já estava a dar pinotes), fomos bebericar mais alguma coisa para um bar nas traseiras do restaurante. E enquanto estávamos para ali a desperdiçar horas, charme, conversas disparatadas e algum dinheiro, entrou no bar um homem que deitou por terra as minhas noções de mundo perfeito.
Era provavelmente a cara mais bizarra que eu vi na vida. Além de ser manifestamente feio, estava totalmente desfigurado por cicatrizes e marcas estranhas. Quando olhei melhor percebi que também não tinha mãos, tinha uns cotos, com os quais bebia a sua cerveja, puxava e acendia habilmente cigarros, e contava o dinheiro para pagar as suas despesas.
De súbito toda a beleza que me tinha intoxicado durante a noite deixou de me importar. Fiquei absolutamente fascinado / horrorizado com aquela pessoa. Mas o aspecto freak continuava porque quando o vi abrir a boca percebi que os seus dentes eram esquisitos, como que muito afiados, com formato triangular... Na verdade aquele homem parecia um bicho completamente deslocado. O seu olhar solitário traía-o. E no meio da confusão daquele bar fiquei ali a observa-lo na esperança de que a minha indiscrição fosse notada. Assumi uma posição de voyeur perante uma imagem tão feia, quase assustadora. E percebi que, não só nunca tinha estado tanto tempo a contemplar o belo, como também conclui que o belo é perfeitamente monótono.

Não sei se é da Natureza Humana ficar tão impressionado com uma coisa destas. Eu senti-me fraco. Senti-me culpado por viver num mundo bonito, por ter uma vida bonita e por ter amigos bonitos. Senti pena (que coisa feia) daquele homem e não consegui ultrapassar isso.

O meu fascínio/horror por aquela criatura conseguiu estragar-me a noite. Fui para casa pouco depois. Mas ainda hoje, dois dias depois do episódio, não consigo esquecer a cara daquele homem desfigurado, as suas imperfeições, as suas marcas, o seu olhar e a sua solidão.

sexta-feira, 1 de abril de 2005

É só um Homem só...

Esta noite o Vaticano esteve permanentemente iluminado, à excepção dos aposentos privados de João Paulo II. Esta noite os sinos tocaram em Roma. Esta noite a caminhada de um homem aproximou-se do fim.

Há poucas palavras que eu possa dizer. A proximidade da sua morte, ainda que sinónimo de paz, de conforto, de descanso, de reencontro com Deus, deixa-me um sabor amargo. Sinto-me órfão.

João Paulo II não foi um homem de consensos. Na verdade, discordei dele e de algumas palavras suas. Há muita coisa que eu preferia não ter ouvido por não me identificar com muitas das suas posições em relação a matérias que transcendem a Igreja. Mas ainda assim, João Paulo II acompanhou-me nos últimos 26 anos da minha vida (tenho 27) e com ele partilhei alegrias, tristezas, reencontros, e a grande batalha da sua vida na busca pela paz e pelo amor entre os povos.

Com João Paulo II partilhei (e partilho ainda) a grande fé em Fátima, em Nossa Senhora, nos seus milagres e na sua mensagem.

Pouco mais posso escrever neste momento. Tenho o coração apertado. Espero que o seu Calvário chegue ao fim com serenidade.

Quanto a mim, deixo-lhe o meu profundo respeito e admiração.

Que Deus o receba com a mesma alegria que João Paulo II sempre manifestou em tudo o que fez durante a sua vida e o seu pontificado.

Que Deus nos dê a todos a paz de espírito para que possamos assistir calmamente à sua partida e à sua sucessão.

"1Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o sino que ressoa ou como o prato que retine. 2Ainda que eu tenha o dom de profecia e saiba todos os mistérios e todo o conhecimento, e tenha uma fé capaz de mover montanhas, mas não tiver amor, nada serei. 3Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimado, mas não tiver amor, nada disso me valerá. 4O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. 5Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. 6O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. 7Tudo protege, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. 8O amor nunca perece; mas as profecias desaparecerão, as línguas cessarão, o conhecimento passará. 9Pois em parte conhecemos e em parte profetizamos; 10quando, porém, vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá. 11Quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino. 12Agora, pois, vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho; mas, então, veremos face a face. Agora conheço em parte; então, conhecerei plenamente, da mesma forma como sou plenamente conhecido. 13Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor."
I Carta de São Paulo aos Coríntios, cap. 13

quinta-feira, 31 de março de 2005

A minha amiga Laura disse...

"... abaixo a socialização matinal forçada... detesto gente que acorda contentinha...!"
E eu subscrevo! É que é mesmo muito irritante ter que ouvir as pessoas a dizerem disparates logo pela manhã só porque sim. Em minha casa, quando nos cruzamos, não fazemos mais que grunhir uns para os outros. E a fórmula resulta. Ninguém incomoda ninguém com piadinhas matinais ou com excessivas alegrias por mais um nascer do sol. A coisa é de tal forma levada a sério, que o meu pai chegava a acordar mais cedo para não ter que se cruzar com a criada, que normalmente vem cheia de coisas para dizer assim que chega. Eu gozava imenso com o meu pai mas agora acho que o percebo.

Normalmente quando chego ao meu local de trabalho, entro de mansinho para ninguém dar por mim... Porque realmente não gosto que falem comigo nas primeiras horas do dia!
Mas enfim, tirando isso sou um gajo porreiro!

terça-feira, 29 de março de 2005

E que tal uma autocaravana?


in Público de 29/03/2005

Li esta notícia e aparentemente não lhe vi mal nenhum... nas primeiras linhas!
Sempre que muda o executivo parece que tudo tem que mudar para que tudo fique na mesma...
Mas depois percebi que, apesar da razão da mudança anterior se relacionar com redução de custos e aumento da eficiência, a actual equipa do Ministério achou que deveria voltar a mudar de instalações, aparentemente por uma qualquer razão sentimental, visto aqueles serviços funcionarem na 5 de Outubro desde 1970.
Aqui está um bom motivo para se ignorarem as razões da anterior ministra. Poupar nos custos de deslocação e ganhos de eficiência em cerca de 400 mil euros anuais? Mas isso interessa alguma coisa a alguém? O mais importante é que desde os anos 70 que o Ministério da Educação funciona ali e não há direito de quebrar essa tradição tão bonita e simbólica! Até corríamos o risco de desorientar os estudantes que vêm manifestar-se ali à porta!

Mas entretanto lembrei-me de uma solução que pode ser eficaz... Porque não compram umas autocaravanas, daquelas bem modernas, com todo o conforto e a tecnologia, e se mudam todos lá para dentro? Assim,sempre que se mudassem as equipas dos ministérios, podiam deslocar-se as instalações ao custo mínimo do combustível!

terça-feira, 22 de março de 2005

Estás comigo ou estás com eles?


Agora que já se levantou a questão do referendo do aborto e que, aparentemente, a coisa há-de ir mesmo para a frente, alguém poderia dizer-me qual vai ser a posição do Dr. Freitas do Amaral, Ministro (independente) dos Négócios Estrangeiros?
Obrigado.

segunda-feira, 21 de março de 2005

O microfone

Porque é que o Primeiro Ministro fala tão alto ao microfone? Já o avisaram que os microfones servem justamente para aumentar o som, não precisando o discursante de gritar? Ou estava assim tanto barulho na Assembleia da República?

domingo, 20 de março de 2005

O Sr. Lopes e a Linda Reis


Hoje acordei a pensar nas presidenciais.
Não me perguntem porquê mas acordei assim... E de repente, ao pensar nisto, lembrei-me do Sr. Lopes. E pensei que os problemas do Sr. Lopes se resolveriam se ele tivesse a brilhante ideia de se candidatar (mesmo) à Presidência da República. Não em seu nome (que além do mais, parece que já não convence ninguém), mas em nome do seu mito privado, o Dr. Sá Carneiro.Parece complicado, mas não é! Vejamos. Se o Sr. Lopes se propusesse a isso, contratava os serviços de uma medium que o ajudasse a receber em si a entidade do Dr. Sá Carneiro.
E com a promessa da salvação da Pátria, os portugueses poderiam rever-se na figura desse grande estadista e repetir os sucessos eleitorais de outros tempos...
Já estou a imaginar os comícios... Pouca luz, muito silêncio, um palco, panos pretos e um momento de êxtase em que, como por milagre, o Sr. Lopes era possuído pelo espírito grandioso que faria todos os presentes ficarem boquiabertos. Nos debates, se a comunicação com o além não fosse estabelecida, recorria-se ao método Jerónimo de Sousa e perdia-se a voz. E para animar ainda mais o povo contratava-se a Linda Reis (para quem não sabe, é aquela que encarna a Princesa Diana, a Pomba Gira e o Prof. Sousa Martins) que, com muita sorte, recebia o espírito da Snu Abecassis e tínhamos, desta forma, garantidas algumas páginas das revistas cor de rosa.
Apetecia-me que isto acontecesse. E apetecia-me trabalhar numa campanha destas!
Alguém pode falar com o Sr. Lopes?

sexta-feira, 18 de março de 2005

A Fugitiva

Fátima Felgueiras em declarações à RTP1
Quando leio estas declarações da Dra. Fátima Felgueiras, a quem, daqui por diante, me referirei como A FUGITIVA, tenho que fazer um sério esforço para perceber se isto é mesmo verdade ou se é mais uma daquelas notícias publicadas pelo Inimigo Público.
Alguém pode explicar-me, devagar e com calma, o que é A FUGITIVA pretende dizer com estes disparates todos? É que, corrijam-me se eu estiver enganado, parece-me que a PJ investigou uma denúncia e, no decorrer da investigação, quiseram (e pelos vistos com muita razão) prender a suspeita que rapidamente se pôs em fuga para o Brasil! Foi isto que se passou, não foi?
É de mim, ou A FUGITIVA gozou um bocado com a Justiça que agora critica?
É de mim, ou A FUGITIVA falou em ter medo da verdade?
É de mim, ou A FUGITIVA impõe (!) condições para voltar?
É de mim, ou A FUGITIVA foi morena, e agora não só está loira como tem aparelho nos dentes??
Pelo andar da carruagem, daqui a pouco temos A FUGITIVA a voltar carregadinha de biquinis fio dental para vender por cá!

quinta-feira, 17 de março de 2005

Eles andam aí...


Hoje, a caminho do meu local de trabalho, passou por mim um tanque do exército. UM TANQUE NA 2ª CIRCULAR!! Confesso que o meu primeiro pensamento foi de pânico total e absoluto... Pensei que estava, finalmente, clarificado o conceito de liderança forte de José Sócrates...
Mas, com mais calma, reparei que afinal o tanque estava em cima de um TIR. E pude respirar fundo...
Ainda não há exército nas ruas... Parece que a única coisa que se prevê é mesmo a subida dos impostos... Deve haver poucas coisas mais eficazes para controlar o povo e mostrar quem manda... é que quem não tem dinheiro, não tem vícios...

quarta-feira, 16 de março de 2005

Viver não dói



"Definitivo, como tudo o que é simples. A nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.
Sofremos não porque o nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.
Sofremos não porque a nossa mãe é impaciente connosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar a confidenciar-lhe as nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em compreender-nos.
Sofremos não porque a nossa equipa perdeu, mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está a ser-nos confiscado, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.
Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso: iludindo-nos menos e vivendo mais!!! A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável. O sofrimento é opcional".

Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 15 de março de 2005

A casinha do Santana

O Santana voltou para a sua casinha de Monsanto. É bonitinha, é arejada, é solarenga, tem um agradável jardim, que dá perfeitamente para as crianças brincarem e correrem. O Santana estava com dúvidas se voltaria, ou não, para a sua casinha de Monsanto... Mas à falta de opções, lá resolveu aceitar o que a lei, simpaticamente, lhe dizia ser seu por direito. E por isso, pôde respirar fundo e já tem uma casinha para morar.
A casinha do Santana é modesta como ele. Lá ele pode ser feliz. Há flores no jardim, há passarinhos nas árvores que chilreiam logo pela manhã. Há o cheiro a café fresco e torradas quentes que invade o ar e deixa o Santana com uma sensação real de conforto e bem estar.
A casinha do Santana tem vista para o rio. É o sítio ideal para passar a Primavera. E o Verão também.
Fico contente pelo Santana. E pela sua casinha. Se eu fosse o Santana nem saía de lá. Até Outubro deixava-me ficar por ali, lia muito, fazia jardinagem, dedicava-me à bricolage, aproveitava a piscina... E sobretudo, NÃO APARECIA NO LARGO DO MUNICÍPIO!!

A casinha do Santana

O Santana voltou para a sua casinha de Monsanto. É bonitinha, é arejada, é solarenga, tem um agradável jardim, que dá perfeitamente para as crianças brincarem e correrem. O Santana estava com dúvidas se voltaria, ou não, para a sua casinha de Monsanto... Mas à falta de opções, lá resolveu aceitar o que a lei, simpaticamente, lhe dizia ser seu por direito. E por isso, pôde respirar fundo e já tem uma casinha para morar.
A casinha do Santana é modesta como ele. Lá ele pode ser feliz. Há flores no jardim, há passarinhos nas árvores que chilreiam logo pela manhã. Há o cheiro a café fresco e torradas quentes que invade o ar e deixa o Santana com uma sensação real de conforto e bem estar.
A casinha do Santana tem vista para o rio. É o sítio ideal para passar a Primavera. E o Verão também.
Fico contente pelo Santana. E pela sua casinha. Se eu fosse o Santana nem saía de lá. Até Outubro deixava-me ficar por ali, lia muito, fazia jardinagem, dedicava-me à bricolage, aproveitava a piscina... E sobretudo, NÃO APARECIA NO LARGO DO MUNICÍPIO!!

segunda-feira, 14 de março de 2005

O primeiro dia útil

O novo governo só tomou posse no passado sábado e hoje, o primeiro dia útil depois do acto, o país já está manifestamente diferente. Digo isto baseando-me unicamente em observações empíricas: é que ao vir trabalhar não apanhei trânsito nenhum!
De facto este novo executivo está a dar provas de competência, resolvendo pequenos problemas quotidianos do cidadão comum. Gostei da atitude e sinto uma esperança a crescer dentro de mim.

Além disto, as temperaturas subiram, prevendo-se uns simpáticos 18 graus para Lisboa. Eu sabia que o Sr.* Sócrates era poderoso, mas tanto?

* - Parece que não pode chamar-se-lhe engenheiro porque ele não está inscrito na ordem... A maior parte dos portugueses não sabe disto... E se soubesse? Será que aguentaria a ideia de ter um primeiro ministro sem "título"? Continuaria a respeitá-lo?

sexta-feira, 11 de março de 2005

A Ana Gomes estampada

"A eurodeputada do PS Ana Gomes criticou hoje o secretário-geral socialista e primeiro-ministro indigitado, José Sócrates, por ter incluído apenas duas mulheres em 16 ministros do seu Governo, situação que considerou "uma vergonha para Portugal".
in Público de 11/03/2005

E eu acho que ela tem muita razão. Eu não teria dito melhor! "uma vergonha para Portugal". Aliás, eu acho que a Ana Gomes escolhe sempre as melhores palavras e se eu até tivesse boa memória quase me conseguia esquecer que a eurodeputada até já foi diplomata.
Na realidade eu tenho uma teoria (ou duas) sobre a senhora. É que esta Ana Gomes não é ela! A verdadeira Ana Gomes foi levada por aliens e o que temos cá é um clone da pobrezinha. Ou melhor ainda, não foram os aliens, foram os americanos. E ela está a ser vítima de terríveis torturas por parte de quem a mantém em cativeiro...
E se a eurodeputada que nós cá temos, for afinal um secretíssimo projecto de arma biológica, daquelas que não matam mas moem? Estamos tramados, com certeza que estamos tramados!
Eu gosto da Ana Gomes. A Ana Gomes está para o PS como a Odete Santos para o PCP. Ambas me divertem. Eu acho que devia haver uma Ana Gomes em cada partido. E digo mais: amanhã vou mandar estampar uma t-shirt com a cara dela! Prometo que a usarei!
Alguém quer?

quarta-feira, 9 de março de 2005

O meu blog!

Fiquei com inveja! Pronto... Já disse! Já assumi!Isto dos blogs não é novidade para ninguém... e provavelmente nesta fase já ninguém tem muita paciência para isto. Mas eu, como não sou info-excluído, senti-me assim, como dizer, mais pequeno porque ainda não tinha uma coisa destas. E como "eu sou uma pessoa que sou mesmo assim, quando não tenho, compro" (estou a citar alguém mas não digo quem é!), resolvi arranjar um blog inteirinho só para mim. E acho que estou muito contente!
O que é que poderão ler no MEU BLOG? Na verdade não sei. Ou talvez saiba e não queira dizer. Mas que eu escrevo umas coisas de vez em quando, escrevo! E por isso, acho que vou começar a guardá-las neste sítio, que é arejado e com muita luz.
De resto, não se fará por aqui prosa, nem poesia, nem crónica, nem género algum de superior literatura. Haverá dias em que me vão perceber triste e noutros bem disposto. Mas em todos eles a escrita será um fio condutor. As palavras (minhas ou dos outros) terão sempre um significado. Mas também pode acontecer que não tenham.
Como eu não percebo muito de coisa nenhuma, pode até chegar a acontecer que eu fale do país, do mundo, de coisas que não sei e, às vezes, de coisas que até sei um bocadinho. Perdoem-me os teóricos de tudo. É natural que eu diga alguma coisa que ofenda a mais douta sabedoria. A minha desculpa é só uma: tenho o péssimo defeito de não me levar muito a sério...
Vão dando notícias.