quinta-feira, 30 de novembro de 2006

E agora, Goa!!

Voltar a casa...

Mozart


É a melhor semana do Ano para quem Ama Mozart.
A partir de hoje, em São Carlos, Cosi fan Tutte.
No São Luís em breve «Mozart Concertarias, un moto di gioia» de Anne Teresa de Keersmaeker e a sua Companhia das Rosas .
No dia 5 no CCB a Grande Missa em Dó Menor KV427 (curiosidade: o KV vem de Kochel, o senhor que se lançou a catalogar as obras do mestre).

quarta-feira, 29 de novembro de 2006

Custo de Soberania

Um dos decaníssimos da nação, reserva de memória perpétua da/ na história do sec. XX português, o Prof. Adriano Moreira, explica como anda tudo errado há várias gerações, perante a inefável apresentadora do prós&contras (só a aturo mesmo enquanto a água para o chá não ferve) e o menino que ainda hoje tem ar de fazer birras quando o leite está quente (Marçal Grilo):
"A Educação não é um custo financeiro,
a Educação - Desafio Técnicos e Cientificos
É um custo de Soberania!"
E continua a explicação (agora ainda numa linguagem mais loura):
"Hoje os Estados já não devem estar preocupados com a defesa das suas fronteiras, entregaram essa tarefa a instituições supranacionais, hoje os Estados devem preocupar-se em criar valor, em serem competitivos, do Cabo da Roca aos Urais, devem investir em Educação."

Um por Hoje


Afinal o que importa não é a literatura
nem a crítica de arte nem a câmara escura

Afinal o que importa não é bem o negócio
nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio

Afinal o que importa não é ser novo e galante
- ele há tanta maneira de compor uma estante

Afinal o que importa é não ter medo: fechar os olhos
frente ao precipício
e cair verticalmente no vício

Não é verdade rapaz? E amanhã há bola
antes de haver cinema madame blanche e parola

Que afinal o que importa não é haver gente com fome
porque assim como assim ainda há muita gente que come

Que afinal o que importa é não ter medo
de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de muita gente:
Gerente! Este leite está azedo!

Que afinal o que importa é pôr ao alto a gola do peludo
à saída da pastelaria, e lá fora – ah, lá fora! – rir de tudo

No riso admirável de quem sabe e gosta
ter lavados e muitos dentes brancos à mostra

Nobilíssima Visão (1945-1946), in burlescas, teóricas e sentimentais (1972)

Um por Ontem

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
Mário Cesariny

Balão esvaziado


Cansei os braços
a pendurar estrelas no céu.
Destino dos fados lassos.
Tudo termina em cansaços
braços
e estrelas
e eu.
(...)

António Gedeão
in Movimento Perpétuo, 1956, Poesia Completa

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

Rosa de Espuma


Ainda atordoado. Há pessoas que consideramos imortais. Habituaram-me a ver Cesariny um pouco como a figura do avô. Afinal sempre estivera ali desde que me lembro e com a mesma figura. Morreu. Soube-o agora, na minha distracção que dilata o dor.
Morreu o poeta, não batam em latas, recordem, fixem na memória e como gritava Florbela Espanca numa livre adaptação "Deita-as ao mar se as souberes de cor"
Mário Cesariny a recordar aqui no Insecto, um por dia.
Queria de ti um país de bondade e de bruma
Queria de ti o mar de uma rosa de espuma.

Cristina Branco


É demasiado boa para estar calada. No CCB cantou Amália. Chega de discussões sobre se é fado ou não, se temos ou não fadista? A quem interessa? Cristina Branco tem um estilo inconfundível e parece-me ter conseguido o que poucos alcançam (se descontarmos o Mário Soares) "cantar o que lhe der na cabeça!" sem que por isso seja alvo de comparações.

domingo, 26 de novembro de 2006

Sem palavras!

Chegado a Delhi e depois de instalado preparo-me para dar uma volta. A cidade é justamente como eu a imaginava: uma enorme confusão. Mistério, miséria, mistura e muita cor. Já estou apaixonado!

sexta-feira, 24 de novembro de 2006

A rever...


"I've got the feeling that I should be angry with this child, this young and oblivious girl. Or that I'm not allowed to forgive her for not seeing the nature of that monster. That she didn't realise what she was doing. And mostly because I've gone so obliviously. Because I wasn't a fanatic Nazi. I could have said in Berlin, "No, I'm not doing that. I don't want to go the Führer's headquarters." But I didn't do that. I was too curious. I didn't realise that fate would lead me somewhere I didn't want to be. But still, I find it hard to forgive myself. "
Traudl Junge, secretária de Hitler
Realização: Oliver Hirschbiegel. Intérpretes: Bruno Ganz, Alexandra Maria Lara, Corinna Harfouch, Ulrich Matthes, Juliane Köhler, Heino Ferch, Christian Berkel, Matthias Habich, Thomas Kretschmann, Michael Mendl, André Hennicke, Ulrich Noethen. Nacionalidade: Alemanha / Itália / Áustria, 2004.

Pièta


2 anos sem usar o comboio da linha de Cascais e sinto-me severamente atacado pelo que reencontro. Quase obrigado a correr de olhos fechados para escapar ao que os sucessivos Governos de desgovernança largaram à boca do Cais do Sodré, a parte "podre" visivel da nossa sociedade.
Mendigos, miseráveis, sem-abrigo, decepados e estropiados de um lado, do outro, com um aspecto visivelmente mais saudável curandeiros e aprendizes de feiticeiros, distribuidores de jornais mentecaptos e gratuitos, vendedores de fruta e da banha da cobra, uma multidão que em dias de chuva impede a passagem levando qualquer mahatma ao desespero.
Ontem pela primeira vez dei esmola a uma senhora de idade, atacada pela pobreza no final da vida e que se vê agora obrigada a pedir "...pela sua saúde santo deus" entre lágrimas, todos os dias desde Agosto que a vejo e finalmente respirei, senti-me melhor.
Agora sinto-me pior, por sentir-me melhor, por estender a mão e dar-lhe umas miseras moedas.
Não é isto o que eu chamo de distribuição de riqueza! Isto é camuflar

O Temporal

O temporal é uma lição de humildade, só para nos lembrarmos de como é frágil tudo o que construímos e ridiculamente pequeno o que se possui. A chuva e o vento são grades que nos prendem à nossa pobre condição de habitantes.

Indian song...

Amanhã...

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Dão-se Alvissaras a quem a Encontrar


Li hoje na banca dos jornais "Governo estrangula sociedade civil", título associado ao Padre Vitor Melicias.
Há aqui qualquer coisa errada na interpretação da coisa. Até faz lembrar um gag dos gatos fedorentos em que associam a Sócrates tudo o que de mal vai no país, neste caso diria que Sociedade Cívil só existe porque alguns insistem em querer vê-la, na verdade, é produto da imaginação.
Salvo raras tentativas, Portugal e os portugueses ainda estão à procura de si mesmos, enquanto isso acontcer não há grupo que se possa constituir como tal. Apenas Tribos. Não foi à toa que o outro se vestiu de chefe Zulu há uns tempos.

Mostrai-me as anémonas, as medusas e os corais
Do fundo do mar.
Eu nasci há um instante.

quarta-feira, 22 de novembro de 2006

O Mega levou-nos a Festa

Cheguei tarde à festa da Música, pensei sempre não ter pachorra para magotes de povo a correr desde as 9h da manhã ainda com o café e o nata na mão para as várias salas do CCB. A verdade é que apenas o ano passado e por motivos profissionais passei por lá. A qualidade da programação e as estrelas da música que ali estavam, as iniciativas à volta da Festa (formidável para os mais pequenos) e o ambiente gerado, é de festa, é de júbilo é de exaltação, é o espirito ele mesmo que ali paira durante 3 dias. Eles já tinham ameaçado com o papão do orçamento, este ano morreu mesmo. Pires de Lima (mais sexy) e o Mega mandaram às urtigas a grande festa popular, e nós que até dávamos uma ajudinha se nos pedissem...?
Parece que vão substituir por outra coisa, mais pequena, mais barata, só piano... a ver e ouvir. A pergunta é se é para manter a ideia inicial "devolver a música às massas" ou se é apenas para os meguinhos e cia ouvirem...

terça-feira, 21 de novembro de 2006

Decision

Escolher a sua partitura


“Os políticos representam uma comédia que eles próprios escolhem.
Para alguns é tarefa fácil porque se contentam com o que são, isto é, a mediocridade; (…)No fundo desprezam o povo, convencidos de que este prefere a vulgaridade simpática que imaginam como sua característica.
(…)Outros, tinham ilusões e têm que as perder, têm que fingir, têm que aparentar uma personalidade que não é a sua. (…)É um pesadelo permanente.
Alguns outros, muito raros, tomam um outro caminho. A democracia assenta na virtude, na verdade, na coragem – pensam eles. Repugnam-lhes as concessões de conveniência, não têm a preocupação de agradar. Pensam que o sucesso não deve ser comprado à custa daquilo me que se acredita. São sinceros porque têm orgulho em si mesmos. (…) É graças a eles que a democracia conserva o seu valor e que a História tem sentido."
Maquiavel em Democracia de Edouard Balladur

domingo, 19 de novembro de 2006

Nice and Quiet...

Madeleine Peyroux actuou hoje no palco do grande auditório do CCB. Sem sobressaltos e sem surpresas. Uma grande voz que merecia um pouco mais de arrojo... Foi bom para um fim de dia. Mas podia ter sido melhor, bastava que Peyroux brincasse mais com a sua voz, se libertasse, se deixasse ir... Talvez falte maturidade artística a essa mulher que canta em palco com vícios de quem já cantou na rua. Somos fãs. Mas justamente por isso esperamos mais.

Para ser grande, sê inteiro

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive

Ricardo Reis

sexta-feira, 17 de novembro de 2006

O que farei no fim de semana:

Passo a publicidade


Porque o Natal está à porta, para quem quer oferecer presentes giros e originais fica o blog de uma amiga muito prendada! Por meia dúzia de euros oferecem alguma coisa de jeito e personalizada! Esqueçam os presentes das lojas dos chineses! Toca a encomendar! Garanto que é tudo material de grande qualidade técnica!

http://alfazemazinha.blogspot.com/

O Portugal que não existe

Em politica, para acreditarmos num primeiro-ministro e numa maioria que governa, nas suas políticas, no que defende, na forma como o faz, nas opções e decisões que toma, nos projectos que aprova, precisamos de saber qual a ideia que têm para o país, que caminho escolheram, para onde nos querem levar e de onde nos querem salvar. Ora, tudo isto ainda não consegui perceber ou avaliar e identificar no Eng. José Sócrates. Tirando os cortes a olho cego que tem feito ora aqui ora acolá, não lhe reconheço qualquer projecto de país, para onde nos quer levar e de onde nos quer salvar, que país quer para Portugal ou que país gostava de ter. Não votei nem votaria no PS, mas tenho feito o esforço para encontrar um projecto de país e não encontro. Será defeito meu ou é mesmo assim?
Vasco Pulido Valente diz-nos hoje, sexta-feira, 17 de Novembro de 2006, que ser de esquerda para Sócrates é defender o Estado Social. È pouco ou quase nada. O defeito não pode ser meu, pois não?

Tempos próprios


Diz o povo que um fruto, quando não amadurece, ou encrua ou apodrece.
As pessoas também. Há até quem lhes chame "meninos guerreiros"...

Volver



Se é sem dúvida Amor esta explosão
de tantas sensações contraditórias;
a sórdida mistura das memórias,
tão longe da verdade e da invenção;

o espelho deformante; a profusão
de frases insensatas, incensórias;
incendiárias da irascibilidade
que fere e sangra o coração;

não há dúvida, Amor, que te não fujo
e que, por ti, tão cego, surdo e sujo,
tenho vivido eternamente preso!
David Mourão-Ferrreira

Correcto e afirmativo

por JM Ferreira de Almeida no 4ª República

Fúria de Viver


E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes
encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes
ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos
E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se evolam tantos anos

David Mourão-Ferreira


quinta-feira, 16 de novembro de 2006

Servir...


"Ser Casto é amar como Jesus amou. É amar a sério, sem confundir amor com sentimentos, gostos ou paixões. É um amor adulto, equilibrado, depurado (...). Na vida religiosa renuncia-se a relações exclusivas em favor da missão de amar universalmente, para estar livre interior e exteriormente para servir todas as pessoas sem distinção. (...)."
Este texto foi escrito por João Delicado, sj, baseado em conferências do Padre Vasco Pinto de Magalhães. Ouvi estas palavras pela primeira vez nos votos do Paulo, como tive oportunidade de escrever aqui. Por esta hora, ainda se discute em Roma o celibato dos padres e esse grande mistério que é a Castidade.

Relativamente a essa questão também eu tenho muitas dúvidas. Confesso que me incomoda a ideia de alguém ter que abdicar da sua parte física e humana para se "especializar" apenas na versão espiritual de si próprio. No entanto sei também que Castidade é mais, muito mais que isso. Como diz João Delicado, "renuncia-se a relações exclusivas em favor da missão de amar universalmente". Amar universalmente requer liberdade total dos afectos. Servir os outros, com o grau de entrega que se exige a quem abraça a vida religiosa, só é possível se o amor não for direccionado para um só homem ou uma só mulher. Só resulta se esse mesmo amor, essa disponibilidade emocional for dirigida a todos os que precisam, sem preferidos, sem excepções.
Integrar padres casados na Igreja é abrir precedentes para situações que a própria Igreja não está preparada para enfrentar. Como explicar o divórcio de um padre? Como o resolver? Como encarar a traição, o ciúme, o vazio e tantas outras situações (limite, bem sei) porque passam tantos casamentos? Como fica um Padre com instabilidade na sua vida matrimonial? Com que forças pode ajudar os outros? Com que atenção?
Não sinto, enquanto católico, a urgência de discutir esta questão. Não vejo que a integração de padres casados seja uma forma de combater a diminuição das vocações como alguns invocam. Não entendo que o casamento possa fazer de um padre um homem melhor ou mais completo, porque é justamente na ausência da família que um Padre se organiza e cria os seus laços de afecto com todos os que vêem num padre um pai, um irmão, um amigo. Ser Padre é ter uma família imensa!
A vida é feita de escolhas. Também a fé é feita de desafios. A vocação tem os seus preceitos. O chamamento de Deus é algo de tão maravilhoso que justifica que tudo fique para trás. Pela entrega a Cristo. Pela entrega aos outros. "Vem e segue-me", disse Jesus. E é disso mesmo que se trata. Segui-Lo VOLUNTARIAMENTE sem amarras, sem grilhões, sem focos de distracção. Só a tranquilidade do celibato permite que se ultrapassem os desassossegos da castidade.

quarta-feira, 15 de novembro de 2006

O que é que a baiana tem?

O que é que o PSL tem?
Haja pachorra!

A culpa é dos media. Que eles nos dão o que a arraia quer ver, sangue e tal, a malta aguenta! aguenta tudo! floribelas, malatos e até políticos a quererem ser sexys... mas livrem-nos dele, louco, continua a clamar aos céus que Eu... e Eu... e Fui.... e Fiz... e Tal... e os Outros e Aqueles e Todos se uniram para me tramar! Prevaricadores Malvados da Providência que sem ser divina é noctivaga e fez tudo, ele coitado que até diminuiu as incursões nocturnas para ser o primeiro entre iguais, nesta res publica!
Confundiu o senhor talvez uma res publica com uma republica de reses e julgou poder tornar-se no decano da nação no poder. Julga-se quem? César! vejo-o louco perdido nas ruas da cidade, por São Bento e por Santo António, bradando a inocência e a glória, alguém o interne... longe!

Amarei apesar de mim

Este post estava pensado como um presente para Moura, pensei num poema, mas qual? Lembrei-me de Moura, Vasco Graça- mas comigo não tenho transcrito o poema que procurava e raios, não o encontrei, não tenho tido pachorra para buscas e isso não tem a ver com a vontade de oferecer o que queria mas com o volume atroz de trabalho que tenho enfrentado. Enfim, tudo isto para chegar a Petrarca pela mão de Vasco Graça-Moura, para si Moura que não sei se será encantada, mas cuja origem perde-se nas mesmas noites que enfeitiçaram Petrarca para que escrevesse, assim, para si:
O que costumava amar, já não amo
minto: amo, mas amo menos
ainda assim continuo a mentir:
amo, mas mais envergonhadamente, mais tristemente
agora é que disse a verdade.
De facto, é assim: amo, mas desejaria não amar o que amo, desejaria odiá-lo
amo todavia, mas sem querer, mas coagido, mas triste e em pranto.
E, mísero, em mim mesmo experimento aquele famosíssimo dito:
Odiarei se puder
se não, amarei apesar de mim.

Lá fora...


São 15H25 em Lisboa. O rio que costumo ver da minha janela transformou-se em céu.

Diálogos de Vanguarda (Genial!!)


Amadeo de Souza-Cardoso
De 15/11/2006 a 14/01/2007
10h00 às 18h00
Galeria de Exposições da Sede, Piso 0 e 01

terça-feira, 14 de novembro de 2006

No Natal o meu presente eu quero que seja...

(trautear o título deste post ao som da música do anúncio d' "A Minha Agenda")
Agora que chegou ao fim a Arte Lisboa e que, ao mesmo tempo, estamos cada vez mais próximos do Natal e do meu aniversário (em ordem inversa), gostava que os meus amigos e leitores tivessem conhecimento das coisas que gostava de receber em qualquer uma das datas referidas (leia-se 16 e 25 de Dezembro):
1. qualquer coisinha do Nelson Leirner, artista brasileiro cujos trabalhos poderão encontrar na Galeria Graça Brandão em Lisboa e até mesmo no Porto;
2. uns certos e determinados quadros do Felix Farfan, também brasileiro, que é representado em Portugal pela Art Lounge;
3. e para os meus amigos que ganharem o EuroMilhões esta semana , no infeliz acaso de não ser eu o primeiro totalista, qualquer José Pedro Croft me cai bem... Este artista português pode ser "adquirido", entre outros, na Quadrado Azul ou na La Caja Negra (mas esta é em Madrid)...
Se for o caso, a lista vai sendo actualizada... Agradeço, desde já, a generosidade de todos os que gostam de me ver feliz...

Diz que vem aí...

segunda-feira, 13 de novembro de 2006

Sinais dos tempos

Interessante, esta ideia do diálogo entre Agustina Maria João Seixas "Ela por Ela". Fiquei a ver por teimosia, à 1.30 da manhã já não consigo grande sentido crítico. Mas fiquei a saber a razão dos provérbios sobre os sinais nas mulheres:

Sinal no braço - mulher de desembaraço (porque se viam quando elas arregaçavam as mangas para se meterem ao trabalho)

Sinal na perna - mulher de taberna (porque só se via o sinal se a saia fosse levantada até se ver a perna, o que não era muito próprio)

Sinal no rosto - mulher de bom gosto (de acordo com a moda, o sinais no rosto eram um adereço indispensável)

sábado, 11 de novembro de 2006

Vida(s)...

Escrevi este texto, inicialmente, como comentário neste blog! Aqui, é apresentado com uma ou outra alteração.

A nossa sociedade vive de forma bastante epidérmica. Entre outras situações, apercebo-me disso quando vejo o sentimentalismo a ser explorado pelo sim ou pelo não à questão da despenalização do aborto. Por um lado "coitadinhas das mulheres", por outro a exploração das imagens chocantes (mesmo que verídicas) como modo de afirmar um não (isto para me cingir apenas a estes dois exemplos). Infelizmente, deixamo-nos enredar pelo mais fácil e/ou agradável/desagradável, nestas situações bastante complexas.

Vou votar não, apesar de achar que a pergunta está perfeitamente indicada para o sentimentalismo (da liberdade de opção, dos direitos da mulher, etc. etc.) votar no sim! Se fosse votar, sem ter pensado minimamente no assunto, deparar-me-ia com uma pergunta à qual responderia sim, sem qualquer sombra de dúvida.

No entanto, pergunto: será que este é um tema de um simples sim ou de um simples não? Eu digo sim à vida e não à condenação das mulheres. A mulher que decide levar uma gravidez por diante deve ter todo o apoio da sociedade. Muitas vezes o problema não é a gravidez em si, mas o que rodeia a mulher no antes, no durante e no depois da gravidez. Por exemplo, questões sociais, falta de recursos económicos, do apoio familiar, solidão, problemas de foro psicológico, por aí fora…

Será que uma pessoa deve ser condenada porque engravidou? De todo que não. Será que deve ser condenada porque abortou? Também não. O que a levou ao aborto poderá ter sido uma pressão muito grande (da sociedade, dos pais, do parceiro, etc.), mas isto não é justificação para que o aborto seja legalizado. Infelizmente, está-se a tentar resolver vários problemas com uma solução simples e fácil, o aborto. De facto, socialmente falando, é mais simples abortar, algo que acontece por um curto espaço de tempo numa sala de operações. Ajudar uma mulher que decidiu ser mãe, a nível económico, social, até mesmo psicológico é bastante complicado e duradouro. Percebo que os cofres do estado não o possam suportar...

Já agora, será que um zigoto é apenas um “amontoado de células”? A meu ver, não me parece. A biologia não pode dizer o que é ser pessoa, o que é ser humano, precisamente por ser uma definição que abrange vários níveis (relembrar que ao longo dos tempos muitas foram as alterações da definição de humano).

Dois exemplos: a semente ainda não é uma árvore, no entanto toda a árvore está lá se a deixarem desenvolver. O “amontoado de células”, de facto, não tem aspecto/definição de humano, mas toda a essência de ser humano está lá. Todas as capacidades estão contidas no tal “amontoado de células” e serão reveladas ao longo do desenvolvimento. Ninguém é adulto antes de ser criança, antes de ser recém-nascido, até mesmo antes de ser um zigoto. Se olharmos apara nós apenas biologicamente também somos um “amontoado de células”, será isso que nos garante a humanidade, enquanto seres?

sexta-feira, 10 de novembro de 2006

Volver


"Volver" é um filme fantástico e, ao contrário de algumas opiniões que já ouvi, não acho que desiluda em relação à expectativa que Almodovar muito justamente nos criou.
É uma análise magistral do universo feminino, um tanto caricaturada, bem sei, mas por isso mesmo deixando patentes alguns traços que, se não forem exagerados, passam despercebidos. E, no entanto, são esses traços que dão personalidade e diferenciam o que temos à frente dos olhos.
Neste caso, a existência de uma rede de cumplicidades entre as mulheres, permanente, insensata, imprevisível mas afinal indispensável ao aparente fluir do dia a dia das suas protagonistas.
Essa ligação fortissima não conhece classes sociais, não pergunta, mas exige contrapartida: agora, tu, depois eu, se for preciso... A cena da camioneta, em que Raimunda e a prostituta vão "desembaraçar-se" do cadáver do marido da primeira, é notável. Nenhuma fala do assunto, não é preciso, a outra faz-lhe notar que sabe mas não diz o quê. Fica a dívida, isso sabem as duas. Como a cena do restaurante do vizinho (ausente, claro, ignorante do que se passa, claro, incapaz de tirar proveito do que tinha, claro), a casa cheia, e a amiga: "Ai, Raimunda, tu com os teus decotes e eu com os meus chopitos, o que não podemos fazer..."
É, como disse, uma cumplicidade e não uma solidariedade. Esta exige outros laços, os afectivos, que a primeira dispensa. Esta encontramo-la na relação mães-filhas, amigas, irmãs, ainda assim com os mesmos "tiques" que se revelam nas relações com as outras.
No meio desta teia, os homens são (quase) dispensáveis ou melhor, desaparecem, são "eliminados" pela forte personalidade das suas companheiras e deixam-se anular (morrer) ou simplesmente somem-se sem que se lhes conheça ou interesse o destino. Ainda assim, quando aparecem, simulam autoridade e domínio, que elas fingem reconhecer com uma passividade que é enganosa mas que a eles lhes serve e parece suficiente.
A afirmação feminina é sublinhada pela imagem do sapato, cheio de lacinhos e saltos altos, ainda assim pisando com firmeza o chão que pisa.
Volver desenha com humor e inteligência uma espécie de mundo subliminar, que é mantido discretamente porque isso faz parte da sua força, uma espécie de segredo bem guardado que todos conhecem mas de que ninguém fala. Porque há equilíbrios que só assim subsitem, porque a sobrevivência de quem está na sombra assim o obriga, porque, porque, porque...

Canta


"Actriz, argumentista e realizadora de talento, premiada pelos seus vários trabalhos - 'On connaît la chanson', 'Le Goût des Autres', 'Comme une image' - Agnès Jaoui demonstra neste seu primeiro disco o aproveitamento das aulas de canto lírico que recebeu durante vários anos no conservatório enquanto adolescente.
O projecto é inspirado por várias viagens e encontros, um dos quais fundador, com a música cubana. A sua ‘filiação’ musical, herdada dos pais que ouviam Opera, flamenco e fado, também foi decisiva. Nasce finalmente na cabeça do produtor Olivier Gluzman (Caetano Veloso, Mísia, etc...), a ideia de uma série de concertos discretos que deram muito que falar através do boca a boca.
Agnès Jaoui não pôde então negar o apelo da sua paixão das primeiras horas para gravar um disco. Sobretudo quando se juntam a este projecto nomes como: Maria Bethânia (num dueto que é provavelmente o momento mais forte do disco), Mísia, o peruano Marcos Arieta e os espanhóis da banda Elbicho que insuflaram um novo espírito dentro da música flamenca.
O resultado são doze temas que cantam historias de amor. Temas populares ou originais, a escolha é certa, os arranjos são subtis e somos embriagados pela voz da multifacetada Agnès Jaoui."
AGNES JAOUI

quinta-feira, 9 de novembro de 2006

In Memoriam...


Foto da Idalina e, na falta da foto do P. Waldyr,sj, simbolo Ad Majorem Dei Gloriam - Para Maior Glória de Deus - lema geral da Missão da Companhia de Jesus

Como forma de alguns esclarecimentos sobre os trágicos acontecimentos de segunda-feira passada, deixo a nota do P. Giovanni,sj (Superior Regional dos Jesuítas em Moçambique). Um outro companheiro português, que está em Moçambique a fazer o seu Magistério (período da nossa formação entre a Filosofia e a Teologia) enviou aos SJ's, um mail com outro tipo de pormenores que dão que pensar. No entanto, esta nota é a oficial:

NOTA SOBRE OS TRÁGICOS ACONTECIMENTOS EM FONTE BOA.

A Região Moçambicana da Companhia de Jesus (Padres e Irmãos Jesuítas) sente-se na obrigação de informar todos os nossos amigos e amigas sobre o triste facto ocorrido numa das nossas missões no centro-norte de Moçambique, Província de Tete, Distrito de Tsangano, planalto de Angónia, que culminou com o trágico assassinato do P. Waldyr dos Santos, SJ e de Idalina Gomes, Leiga para o Desenvolvimento.

Queremos em primeiro lugar agradecer de coração e louvar o Senhor pelas sinceras manifestações de solidariedade que todos estão a ter para connosco, neste momento de dor e perplexidade.

É justo esclarecer que a morte do P. Waldyr e de Idalina não foi de forma nenhuma um ajuste de contas, como veiculou em certos meios de comunicação, mas sim um acto brutal de tentativa de intimidar e desestabilizar as Instituições Religiosas na Província de Tete e concretamente os trabalhos que a Companhia de Jesus, as Irmãs do Divino Pastor e os Leigos para o Desenvolvimento estão a desenvolver em prol do povo de Angónia, sobretudo no campo da Evangelização, da Educação, da Saúde e dos projectos sociais que visam o crescimento e o bem estar deste povo tão sofrido.

A Companhia de Jesus tem uma longa história de comunhão com o povo no planalto de Angónia, mesclado com momentos de muitas alegrias e também de muitas tristezas. Sempre procuramos conservar fidelidade e respeito pela cultura deste povo. E é justo afirmar que os cristãos sempre reconheceram e corresponderam em todos os momentos com as nossas intervenções. Um bom número de jesuítas deram ali suas vidas pela causa do Evangelho. Tomamos a liberdade de recordar alguns deles: P. Miguel Ferreira, SJ, que no cumprimento de suas tarefas, morreu tentando construir a Igreja para a população da Macanga. Os Pp. João de Deus e Silvio Moreira regaram com seu sangue a terra por amor e fidelidade ao povo que amavam. O P. Cirilo Moises Mateus, SJ que desgastou a vida pelo seu povo e agora, no dia 11 de Novembro, completa 5 anos de falecimento.

Nos momentos mais difíceis para o Povo Moçambicano, em que muitos tiveram que se exilar para o Malawi, por causa da guerra interna, a Companhia de Jesus foi com o seu povo para o exílio, viveu e deu toda a assistência que lhe foi possível nos campos de refugiados. Vibrou com o povo pela alegria de retornarem a casa, depois do acordo de Paz, assinado em Roma. E não poupamos esforços para reabilitar as escolas, os hospitais e até ajudar o governo a reabilitar o posto fronteiriço em Mtengombalene. Tudo feito em parceira com muitas instituições solidárias com o bem estar do Povo Moçambicano, especialmente com o Governo da República de Moçambique, com o UNHCR, Intermon, Misereor, Cafod, Cebemo, etc.

E não será por causa de um acto cobarde e violento que nos iremos intimidar. Nossas vidas só têm sentido quando as damos aos demais.

Pedimos a todos para que colaboremos com o Governo da República de Moçambique no sentido de estancar estas ondas de violência que assolam o País. Só na Província de Tete, os religiosos (Padres Combonianos, Irmãs Vicentinas, e Jesuítas) foram vítimas de 5 ataques neste ano de 2006. A pergunta que paira em nossos corações é o por quê da violência somente aos religiosos nesta Província?

Humanamente não há palavras que expliquem o sucedido. O P. Waldyr e a Idalina vieram só para servir e foram barbaramente assassinados quando sabemos que Moçambique precisa de obreiros como eles, cheios de generosidade. Acreditamos que o sangue deles, mais uma vez derramado naquela terra de Angónia, ajudará a produzir frutos espirituais que só Deus-Pai pode fazer aparecer pela sua imensa generosidade e misericórdia.

Continuemos a pedir ao Senhor por eles e pelos seus familiares. Encomendamo-nos às vossas orações

P. Carlos Giovanni Salomão, SJ
(Superior Regional dos Jesuítas)

Maputo, 09 de Novembro de 2006.

E a mágica faz-se...


O.Insecto acolheu-me generosamente entre os seus inspirados criadores e aqui estou a agradecer o convite e a manifestar o meu firme propósito de tentar ajustar o passo. Que isto de apanhar um insecto em pleno voo não é tarefa fácil…
Deixem-me começar por um alerta em relação ao imaginativo post do Pedro sobre a apresentação de “Moura”! É que quase me inibiu de começar! E, para contrariar a orientação das imaginações, suscitada pela imagem Audrey H, tão elegante e de cigarrilha, e pelos incríveis dotes com que me fadou, aqui fica outra proposta, talvez mais realista, da Madame Min, malévola criatura que se transforma mil e uma vezes para seduzir o Mancha Negra, seu cobiçado namorado de sempre… Entre as duas, alguma verdade há-de tomar forma! É que Mouras encantadas há muitas, os encantos é que variam!
Deixemos então que a mágica da escrita funcione e, desse modo, se vá desenhando a imagem que, através dela, cada um deixa adivinhar de si próprio. Muito obrigada pelo convite!

Tudo ou Nada

Depois de alguma ansiedade, foi hoje (finalmente) posta à venda a edição especial do cd "Tudo ou Nada" de Katia Guerreiro. O que este disco traz de novo é a participação de Ney Matogrosso em duas faixas extras.
O encontro dos dois intérpretes para a gravação ocorreu em Lisboa, e contou também com o músico Pedro Jóia, que os acompanhou no violão. Kátia e Ney interpretam juntos "Menina do Alto da Serra" e "Lábios de Mel".
A doçura e o encanto da fadista mais expressiva de Portugal voltam agora acompanhados da desconcertante e envolvente voz de Ney Matogrosso. A não perder! (Enquanto não chega um novo disco...)

Arte em Portugal


Pretendendo constituir-se como um ponto de encontro de artistas, coleccionadores, críticos e outros agentes do meio artístico, a feira de arte contemporânea Arte Lisboa inaugurou ontem a sua 6.ª edição.
Até ao dia 13 , entre as 16.00 e as 22.00, os visitantes poderão ver e adquirir todo o tipo de obras de arte contemporânea, desde pintura, fotografia e escultura, provenientes de 65 galerias (mais sete que no ano anterior), 18 delas estrangeiras.

Há-de flutuar uma cidade no crepúsculo da vida

há-de flutuar uma cidade no crepúsculo da vida
pensava eu...
como seriam felizes as mulheres
à beira mar debruçadas para a luz caiada
remendando o pano das velas espiando o mar
e a longitude do amor embarcado
por vezes uma gaivota pousava nas águas
outras era o sol que cegava
e um dardo de sangue alastrava pelo linho da noite
os dias lentíssimos... sem ninguém
e nunca me disseram o nome daquele oceano
esperei sentada à porta...
dantes escrevia cartas
punha-me a olhar a risca de mar ao fundo da rua
assim envelheci... acreditando que algum homem
ao passar se espantasse com a minha solidão
(anos mais tarde, recordo agora, cresceu-me uma
pérola no coração. mas estou só, muito só, não tenho a quem a deixar.)
um dia houve
que nunca mais avistei cidades crepusculares
e os barcos deixaram de fazer escala à minhaporta
inclino-me de novo para o pano deste século
recomeço a bordar ou a dormir
tanto fazs
empre tive dúvidas que alguma vez me visite a felicidade
Al Berto

Cresceu-me mais uma pérola no coração

Momentos houve que gostaria de ter estado presente e cujo lamento vem com enorme nostalgia, parece confuso mas é o que sinto. O Tow-in em Cascais no ano de todos os Tsunamis num dia em que decidi ser responsável e disse "Hoje não vou surfar", memórias de concertos que pareço ter vivido mas, orgulhosamente e porque posso sempre voltar para recuperar as coisas que não vivi, quase sempre ligadas ao mar.
Surge como segundo objecto de desejo, aquele enorme edificio a cair de podre que hoje desapareceu ou quase, o velho pavilhão do Dramático de Cascais. Lembro-me que fugia dele quando era miúdo, anos mais tarde recordo agora levei o meu irmão adolescente a assistir ao concerto dos Nirvana, Kurt Cobain acabava com a vida pouco depois, mas os momentos de nostalgia, que pareço viver, acontecem antes de eu nascer. Em 1974 os Genesis com Peter Gabriel ao leme trazem a Portugal a euforia de The Lamb Lies Down On Broadway. Por vezes encontro quem tenha assistido e a minha vontade é sugar tudo o que tenham visto e sentido e fazê-lo meu. Hoje retirei novo desejo, daqui, o 1º Cascais Jazz.

quarta-feira, 8 de novembro de 2006

«O fascínio da conquista do poder- seja ele qual for- implica também a noção de como é ténue essa propriedade».
Alexandre O'Neil

Perdido

Voltar voltar, não sei bem a onde e porquê, mas preciso disso e que voltes também comigo. Já não sei fazer sozinho, perdi essa faculdade, foi-se, deixo-me. Mas queria correr com ela, queria tê-la comigo, tão junto a mim, tão perto de mim. Não fujas, vem ter comigo, espero por ti, nunca me irei embora.

Parabéns Laura


Laura is the face in the misty light
Footsteps that you hear down the hall
The laugh that floats on a summer night
That you can never quite recall
And you see Laura on a train that is passing through
Those eyes, how familiar they seem
She gave your very first kiss to you
That was Laura, but she's only a dream
She gave your very first kiss to you
That was Laura, but she's only a dream

Frank Sinatra

terça-feira, 7 de novembro de 2006

E onde está a Moura "Encantada" ?

Virgens Pudicas

Esta história da tudo, menos presumida, governamentalização da RTP pelo Governo parece um jogo de virgens pudicas. O PS diz que não, o PSD diz que sim, o CDS por não saber que dizer ou por não ter tempo, nada diz, o PCP sabe do que se fala e o BE adorava fazer o mesmo. Esta história ouvimos sempre e em todos os governos. Poderia chocar a malta, mas com a frequência com que tem acontecido já nada nos surpreende. E depois vêm os inquéritos e as perguntas à espera das respostas que nunca terão. Sabem que mais, fechem a RTP, haja pachorra!

segunda-feira, 6 de novembro de 2006

Hoje


Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo
Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa
Sophia
Há poemas que se tornam parte de nós mesmos. Deixar que um poeta ganhe ele mesmo essa dimensão, tão profundamente comprometida connosco, é dar-lhe uma força sobrehumana. Tão grande que só os deuses que Sophia tanto adorou ganharam igual impacto. Em mim, eternizou todas as coisas e o seu ensinamento diário é um privilégio, ler e voltar sempre a Sophia, hoje e sempre, mesmo que não seja o dia do seu aniversário, que é hoje!

Perfume de Mulher


O.Insecto orgulha-se de apresentar a sua nova colaboradora: Moura. A partir de hoje as mulheres estarão (bem) representadas neste blog, um desejo que há muito vinha sendo alimentado.
O que dizer sobre a Moura...? Que é uma mulher, que é inteligente, que é uma boa amiga (ainda que recente), que compreende as mulheres mas também sabe falar dos homens e para os homens, que está presente, e que escreve com uma mestria pouco comum e só conhecida nas pessoas que sabem pensar.
Sensibilidade, bom senso, gosto, acutilância, ternura são, entre outras, coisas que iremos, certamente, encontrar nos seus textos.
Hoje O.Insecto está feliz!

Post mal disposto "derivado ó" avançado da hora

Parece-me inconcebível! Só num país de analfabetos e de brutos é que o programa da Agustina Bessa Luís e da Maria João Seixas é transmitido depois da meia noite! Ainda que seja, e justamente por ser, a televisão pública, podia haver um cuidado maior na escolha dos horários para este tipo de programas. Não se percebe a falta de consideração por um dos vultos maiores da literatura portuguesa, remetendo-a para o fim da grelha de programação.

domingo, 5 de novembro de 2006

Splendor in the Grass



"Though nothing can bring back the hour,
Of splendour in the grass, of glory in the flower;
We will grieve not, rather find,
Strength in what remains behind...
"


William Wordsworth
"Ode on Intimations of Immortality from Recollections of Early Childhood"

SPLENDOR IN THE GRASS / 1961 (Esplendor na Relva)
Ciclo de Cinema “Como o Cinema era Belo – 50 Filmes Clássicos”
Fundação Calouste Gulbenkian
05/11/2006 - 21h30
Grande auditório

Amizade

É bom poder estar assim, contigo ao lado, no sítio do costume, a ler o jornal, sem que o silêncio se torne constrangedor. É isso a amizade entre um homem e uma mulher.

sexta-feira, 3 de novembro de 2006

"... que nós vemos das cousas são as cousas.
Por que veríamos nós uma cousa se houvesse outra?
Por que é que ver e ouvir seria iludirmo-nos
Se ver e ouvir são ver e ouvir?
O essencial é saber ver,
Saber ver sem estar a pensar,
Saber ver quando se vê,
E nem pensar quando se vê
Nem ver quando se pensa. ..."

do "Guardador de Rebanhos" Fernando Pessoa
Aqui não há ilusões. A Poesia tem um caracter profundamente educador quando nela subsiste tamanha sabedoria.

Amália por Cristina Branco


Cristina Branco apresenta ao vivo o DVD em que interpreta temas de Amália Rodrigues. Nascida e criada em Almeirim, Cristina Branco (34 anos) já gravou sete álbuns. Em Outubro é lançado um novo DVD, gravado em Julho na Holanda, dedicado ao repertório de Amália – fadista que a fez sentir o fado, pela primeira vez, aos 18 anos, quando escutou o disco Rara e Inédita. "Maria Lisboa", "Maldição (Fado Cravo)", "Estranha Forma de Vida", "Povo que Lavas no Rio (Fado Vitória)" e "Destino" são alguns dos temas que interpretará, no concerto que é a sua homenagem a Amália Rodrigues.

Cristina Branco (Voz)
Ricardo Dias (Piano)
José Manuel Neto (Guitarra Portuguesa)
Alexandre Silva (Viola)
Fernando Maia (Baixo)


CRISTINA BRANCO CANTA AMÁLIA
Produção: UGURU
25 de Novembro de 2006
21h00
Grande Auditório
Duração: 1h30 s/ intervalo

quarta-feira, 1 de novembro de 2006

1 Ano



Meu bom amigo Paulo,
há precisamente um ano estivémos juntos na Sé Nova em Coimbra, onde fizeste os teus primeiros votos. Foi um dia muito especial, de fé, de reencontro, de chamamento, de confirmação. Recordo a música, a alegria, o sorriso, as lágrimas, a certeza, a felicidade, os braços abertos e os abraços apertados. Tenho tido a sorte e o previlégio de te acompanhar neste percurso de vida, de uma vida, nesta opção tão radical mas tão completa!
Há um ano senti, como sinto hoje, uma felicidade enorme por te saber tão seguro do teu caminho. E que caminho! Hoje, um ano depois, felicito-te uma vez mais pela tua segurança. Obrigado pela amizade, pela oração, pela presença, pelo sorriso, pela certeza, pela fé, pela confiança, pelo caminho. Que um dia possa, eu também, percorrer esse caminho, e sentir a segurança do chamamento. Até lá, vou estando aqui, ao teu lado. Obrigado meu amigo! Por tudo!

Mudanças: do ter para o ser...



Hoje, dia de Todos os Santos (e mais algum), faço um ano de Votos Religiosos na Companhia de Jesus. Pobreza, Castidade e Obediência. Racionalmente, nos nossos dias, não fazem sentido quase nenhum. Imensas pessoas comentam: "Eu não seria capaz!". Acredito, eu também não! Se não fosse a fé (inexplicável pela via da razão) de ser esta a minha vocação, também não seria capaz. Ser pobre, não é ter menos coisas, é ser livre do que me impeça de seguir para Deus... Ser casto, não é só não ter relações sexuais (já tenho tese de doutoramento em explicações sobre este voto), mas ser universal na entrega do Amor a todos... Ser obediente, não é deixar de ter autonomia, mas ser disponível no envio para onde sou mais necessário...

Recordar esta data, é solidificar a ideia de como as grandes mudanças no rumo da vida, nos ajudam a renovar o olhar das coisas em nosso redor. Há muitos pilares a cair, paredes que se derrubam, fachadas sem sentido em existir... Tudo isto, bem vivido, permite-nos ganhar novos horizontes em relação ao mundo. No fundo começamos a ser quem somos. Somos livres, bons e com imenso potencial. Pode ser uma visão ingénua e até mesmo utópica, no entanto acredito que há muito mais para além do campo do visível. Isto ajuda-me a perceber o que me é pedido no caminho da mudança. Os sinais dos tempos estão aí. Eu tenho esperança, mais uma vez vinda da fé. Nós, crentes em Cristo que não faz acepção de pessoas (repito NÃO faz acepção de pessoas), temos de mostrar uma Igreja aberta, não limitada a quatro paredes, mas ao mundo. Faz sentido dizer sim a Deus, cada um com a sua vocação. Faz sentido mostrar a imensidão do Seu acolhimento.



Dou graças a Deus por este dia, pelos meus Companheiros que comigo fizeram Votos; pela Companhia de Jesus; e rezando por todos aqueles a quem dirigi um simples olhar. Não posso acabar sem antes agradecer, mais uma vez, à minha avó Constança. Esperou pela minha consagração antes de partir, neste mesmo dia, para a eternidade...