quinta-feira, 31 de maio de 2007

Nada

"(...)
Eu que não sei quase nada do mar
Descobri que não sei nada de mim
(...) "

Ana Carolina por Maria Bethânia em "Pirata"

Saudade

Todo o cais é uma saudade de pedra (...).
Álvaro de Campos, Ode Marítima

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Duas questões que se unem no homem...

Sempre tive uma enorme admiração pelo Padre Resina, desde o tempo em que ouvia as suas homilias, na Capela do Rato. Tive a sorte de, mais recentemente, o ouvir também em dois casamentos de jovens que tinham sido suas alunas no Técnico, e de novo senti o mesmo fascínio pelas suas palavras, pelo modo desafrontado, brilhante e lúcido como sabe falar das coisas que nos preocupam.
Há dias, mandaram-me a entrevista que o Padre Resina deu ao jornal Público, no dia de Páscoa, que vale bem a pena ler, e de que deixo aqui um pequeno extracto:

P. JOÃO RESINA RODRIGUES - "Sou discípulo de Kant. Ele diz que há três questões fundamentais: o que posso saber, o que devo fazer, o que me é lícito esperar. E achou que a primeira depende da ciência. As más catequeses tiveram sempre a mania de misturar essa questão com a apologética. Kant achava que não, eu também.
Uma coisa é tentar compreender o universo. Para isso há a física e a biologia. Se quero saber se houve ou não big bang, se a vida evoluiu ou não, não pergunto à Bíblia, não pergunto à Igreja, que não tem competências nessa matéria.
A segunda questão é o que devo fazer, como se deve viver para se ser homem. Pergunto à história, às culturas, às religiões.
A terceira pergunta é o que me é lícito esperar, qual o sentido de fundo disto tudo. Aí, encontro a questão de Deus. Em suma, questões relativas a como é feito este mundo são da ciência. O sentido da vida diz respeito à religião, à filosofia, às culturas. Nós aprendemos com todas as culturas. Eu, em particular, aprendi e acreditei em Jesus Cristo.
P. - É isso o que significa quando diz, numa das suas homilias: "Cavar batatas, construir pontes ou tratar doenças é do domínio da ciência"?
R. - Lembro-me que escrevi esse texto e dei-o a um dos meus colegas do Técnico, que era ateu. Ele achou muito curiosa a frase e pareceu-me que estava de acordo.
A condição humana tem que fazer essas coisas. Depois, todos os seres humanos têm questões de fundo. São duas coisas diferentes que se completam: há quem trabalha em ciência e tem fé, outros que não têm; sei que há gente que anda no mundo e se preocupa com o sentido da vida, outros não. São duas questões que se unem no homem."

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Série "Músicas que arrepiam" VII

Catedral
(Zelia Duncan)

Vejam, ajudem e nunca se esqueçam


Alma Inquieta


"No berço que a ilha encerra
Bebo as rimas deste canto
No mar alto desta terra
Nada a razão do meu pranto.


Mas no terreiro da vida
O jantar serve de ceia
E mesmo a dor mais sentida
Dá lugar à sapateia.

Refrão
Ó meu bem ó chamarrita
Meu alento e vai e vem
Vou embarcar nesta dança
Sapateia, ó meu bem.

Se a sapateia não der
P'ra acalmar minha alma inquieta
Estou pró que der e vier
Nas voltas da chamarrita.

Chamarrita Sapateia
Eu quero é contradizer
No alento desta bruma
Que às vezes me que vencer."

'Chamateia' de Luís Bettencourt e António Melo e Sousa
.


.
A versão que é cantada não é a que eu queria. Ouvi esta música pela primeira vez há muito pouco tempo, no Dia Mudial da Música, em Outubro passado, num fim de semana extraordinário que passei nos Açores. Na companhia da minha irmã e de mais alguns (excelentes) amigos tive a oportunidade de ver e ouvir a maior fadista portuguesa viva interpretar este tema tão sentido da música popular portuguesa. A minha querida Katia Guerreiro fez história naquela noite do Teatro Micaelense, em Ponta Delgada. Foi, de resto, a primeira vez que voltei àquela terra onde vivemos quando éramos crianças e a nossa amizade começou. Ela ficou por lá até ser grande e eu vim ainda pequeno. Hoje ela é a única pessoa que percebe o peso da bruma na minha alma inquieta. Os Açores marcam quem lá vive e ainda que eu tenha saído de lá com apenas 4 anos continuo a sentir o "alento desta bruma Que ás vezes me que vencer", como canta a música. Porque é uma música de saudade e porque hoje me sinto assim, nostálgico, fica a lembrança.

sábado, 26 de maio de 2007

Pentecostes...



Sem o Espírito Santo,
Deus fica longe;

Cristo permanece no passado;

o Evangelho permanece letra morta;

a Igreja é uma simples organização;

a autoridade é um poder;

a missão é propaganda;

o culto, uma velharia;

e o agir moral, um agir de escravos.


Mas, no Espírito,

o cosmos é enobrecido pela geração do Reino;

Cristo ressuscitado torna-se presente;

o Evangelho faz-se poder e vida;

a Igreja realiza a comunhão trinitária;

a autoridade transforma-se em serviço;

a liturgia é memorial e antecipação;

o agir humano é deificado.


Atenágoras

Voltei!


quarta-feira, 23 de maio de 2007

Série "Músicas que arrepiam" VI

Só chamei porque te amo
(Carla Visi e Gilberto Gil)

- Se fosses desenho animado que gostavas de ser?
- Um risco. Um risco não muito grosso, mas que pudesse passear por várias folhas de papel, criar imagens, novos desenhos. Criar sentimentos, alegria, tristeza, excitação e choro. Um risco bonito, simpático. E assistir à tua reacção a tudo isto. Apenas, um risco.

Levitando...


Gostava de poder ouvir todas as músicas que nos embalam ou exaltam. Gostava de ouvir sem parar, até deixar de me sentir e a música se libertasse até existir sozinha. Gostava de ter sido eu a escrever os versos que emudecem a alma. Gostava de desenhar em palavras livres o puro sentir da paixão, o vazio do abandono ou o calor de um olhar amigo. Gostava de dizer o indizível, o que fica no segredo porque não há palavras, nem poesia, nem música, com a força e o mistério do sentimento vivido.

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Que bela viagem, vai ele dizer



Deixe lá, Pedro, um dia os aviões vão ter cores muito divertidas e um ar amigável e vai ser um prazer levantar voo! Até lá, olhe a beleza do colchão de nuvens, do pôr do sol laranjão, das cidades de brincar que até parecem tão arrumadinhas vistas lá de cima... E traga muito que contar, como a Nau Catrineta, fale-nos dessa cidade fabulosa e nós cá estamos à espera de o ver de volta cheio de entusiasmo e vontade de voltar a enfrentar o Atlântico! Boa viagem Pedro!

sábado, 19 de maio de 2007

A origem do Simplex

Agora percebi como surgiu a ideia Simplex do Governo: Sócrates pensou que poderia tornar toda a administração público tão simples, tão pouco burocrática e tão ágil como a secretaria da Universidade Independente, ou seja, que teríamos funcionários públicos a passar certidões aos sábados e domingos, que uma qualquer escritura pública seria realizada apenas com base na boa fé dos seus contraentes e deixaria de ser necessário prova de identidade e outras e que solicitar um documento seria tão fácil como obter um diploma de licenciatura.
Finalmente percebi de onde veio esta ideia peregrina, de facto por que não aplicar a tudo o que funciona mal um método mais fácil, rápido e, pelo que se viu, seguro. Apesar de todas as dúvidas que se poderiam colocar sobre a legalidade dos documentos públicos passados com base neste simplicidade não haveria problemas e tudo continuaria na mesma.
O Simplex nasceu na Universidade Independente!

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Dúvida

No site de Carmona Rodrigues, http://www.lisboacomcarmona.net./, a única coisa que lá se encontra é a seguinte frase: "O meu rio é o Tejo, a minha canção é o Fado e o meu partido é Lisboa.", António Carmona Rodrigues.
Pergunto eu: foi mesmo Carmona a escrever isto ou foi o departamento de comunicação da Bragaparques?


Certezas*

*Moura, este hoje é só para si!
“Não se pode ter muitos amigos e mesmo os poucos amigos que se tem, não se podem ter tanto como nos apetecia. Para não passar mal, aprende-se a economia da amizade, ciência um bocado triste e um bocado simples que consiste em ampliar os gestos e os momentos de comunidade para compensar os grandes desertos de silêncio e de separação que são normais. Como por exempo? Como, por exemplo, abrir mesmo os braços e dar mesmo um abraço. Dizer mesmo na cara de alguém «Tu és um grande amigo» e ser mesmo verdade.
Acho que não é de aproveitar todos os momentos como se fossem os únicos, porque isso seria uma forma de paixão, mas antes estarmos com os amigos, nos poucos momentos que se têm, como se nunca nos tivéssemos separado.
A amizade é uma condição que nunca pode ser excepcional. Tem de ser habitual e eterna e previsível. E a economia dela nota-se mais quando reparamos que, sempre que não estamos com os nossos amigos, estamos sempre a falar deles. É bom dizer bem de um amigo, sem que ele venha a saber que dissemos. E ter a certeza que ele faz o mesmo, pensando que nós não sabemos.
A amizade vale mais que a razão, o senso comum, o espírito crítico e tudo o mais que tantas vezes justifica a conversação, o convívio e a traição. A amizade tem de ser uma coisa à parte, onde a razão não conta. Ter um amigo é como ter uma certeza. Num mundo onde certezas, como é óbvio, não há.”

Miguel Esteves Cardoso, inOs Amigos e os Amigalhaços

A verdade

"Hoje (ontem?) pela manhã ouvi na TSF que Bento XVI atacou o marxismo e o capitalismo. No caso do segundo teria dito que o capitalismo é responsável por existirem cada vez mais pobres. Achei estranho, porque se há coisa que este Papa tem é atenção ao Mundo, não fosse alguém que merecidamente deve ser tratado como intelectual no melhor sentido da palavra. Pois. Parece que afinal a razão do ataque ao capitalismo não foi essa. Até onde vai a indigência do jornalismo de causas?
k
"The pope also warned of unfettered modern-day capitalism and globalization, blamed by many in Latin America for a deep divide between the rich and poor. The pope said it could give “rise to a worrying degradation of personal dignity through drugs, alcohol and deceptive illusions of happiness.”
k
O capitalismo cria cada vez mais pobres, não é? Em várias fontes que consultei aparece este texto, até na Lusa, só na TSF é que não há quem traduza direito.Ao menos o que Bento XVI realmente disse pode-se discutir se é consequência do capitalismo ou do relativismo ético (já nem sequer é só moral) que não faz, de todo, parte do que se poderia chamar “unfettered capitalism”.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Hergé

Nasceu na Bélgica a 22 de maio de 1907, de seu nome Georges Rémi mas, para a multidão de crianças e dos que ele ajudou a continuar crianças através das aventuras do Tintim, era Hergé.
A banda desenhada do rapazola com um caracol rebelde, uma roupa improvável e o seu inseparável cão Milu, dava o título a uma revista semanal que se comprava em meados dos anos 60 e que saiu pontualmente durante 14 anos, e que nos fazia juntar dinheiro para ir a correr comprá-la aos sábados de manhã. O Tintim, de Hergé, dava o nome e duas folhas de cada história, mas a revista tinha também o Astérix, o Cavaleiro Ardent, o Michel Vaillant, o Black e Mortimer, o Jonhanthan, o Skblz (*leia-se skblz), o Humpapá, o...o...Foi assim que muitos começaram a gostar da banda desenhada, que quase se tornou uma linguagem de reconhecimento entre os apreciadores, embora muitos considerassem que o mais antigo Cavaleiro Andante (era para rapazes, bah!) era melhor.
Hergé fazia agora 100 anos, outros 100 lhe são devidos pela justa memória do que nos divertiu, ensinou e despertou para a aventura, a curiosidade e a coragem de enfrentar os bandidos que aparecem ! E Milu, um exemplo para qualquer cãozinho que se preze...

terça-feira, 15 de maio de 2007

Um suspeito no Allgarve

Depois de em São Carlos ter passado "L´Italiana in Algeri" uma obra-prima da ópera bufa de Rossini, O DN edita uma peça composta ao melhor estilo do Jornalismo Bufo, onde escreve quase ao detalhe a estratégia da policia. A ser verdade é criminoso e irresponsável.

"informações (...) segundo as quais a polícia tem procurado iludir quem está envolvido no desaparecimento de Madeleine McCann, ao fornecer falsas pistas, anunciando inclusivamente que foram abrandadas as buscas na Praia da Luz e deixando de assumir de forma peremptória a palavra rapto nos poucos e breves encontros mantidos com a comunicação social. Uma estratégia para "acalmar" o principal suspeito e possibilitar que ele saia, finalmente, do seu esconderijo para, assim, poder atacar no momento certo."

domingo, 13 de maio de 2007

Ontem em Sesimbra

Teresa Salgueiro mostrou uma vez mais que está cada vez melhor. No recém inaugurado Teatro Municipal João da Mota voltou a apresentar o concerto "La Serena" que faz em conjunto com o Lusitânia Ensemble de Jorge Varrecoso. Ouvir as músicas de que gostamos mais na maior voz de Portugal é um privilégio!
"Durante a viagem que fiz com o Madredeus ao longo destes anos, havia sempre muita gente que nos vinha dizer: “então quando é que fazem uma canção em italiano ou francês?», mas por uma questão de agenda, e até de vocação do grupo, [nunca se proporcionou]. Agora que surgiu a oportunidade, fiz uma lista de canções de que gostava e o Pedro também me sugeriu algumas. Dessa lista bastante vasta, o Jorge Varrecoso escolheu as que mais gostava e arranjou-as. Há canções francesas, mexicanas, uma argentina e uma do cancioneiro sefardita [judaico] do século XVI [«La Serena»], que evoca a personagem de uma sereia e foi escolhida porque é ideal para fazer a ligação entre todas as canções – cantadas naqueles idiomas e também em português de Portugal, Brasil e África."

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Nova forma de qualificar portugueses

Há portugueses altos, outros baixos.
Uns brancos, outros pretos.
Uns de olhos castanhos, outros de olhos verdes.
Uns com cabelo preto, outros cabelo castanho.
Uns gordos, outros magros.
E depois há os que são arguidos, os que podem vir, com grande potencialidade, a ser e os que não o são de facto.

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Série "Músicas que arrepiam" II

Something Good
(The Sound of Music)

(clicar para ouvir)

A Justiça Portuguesa

"Síntese cronológica do caso esmeralda:
1. Tribunal prende sargento por rapto
2. Tribunal decide entregar raptada ao raptor
3. Tribunal mantém raptor na cadeia.
4. Raptor preso não pode cumprir a ordem de tomar conta da raptada.
5. Último desenvolvimento:
Tribunal reduz a pena por rapto e liberta raptor para tomar conta da raptada"
Rodrigo Moita de Deus no 31 da Armada

Só isto...

Em momento nenhum, enquanto fui bebé ou não-auto-suficiente, os meus pais me deixaram, a mim ou aos meus dois irmãos, sozinhos em casa por um minuto que fosse. Não deixaram quando iam trabalhar e menos ainda quando estavam de férias, ou para irem jantar com amigos. Mesmo que fosse do outro lado da rua ou no café à porta de casa. Quem quiser dizer mal da polícia portuguesa pense primeiro na irresponsabilidade destes pais ingleses. O resto são cantigas!

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Vencer com verdade

"Enfim, Sarkozy veio! Quem tivesse visto o debate entre os dois candidatos à presidência da República Francesa teria percebido o que estava em confronto. Os próprios comentadores afectos à causa de Ségolène acabaram a reconhecê-lo, logo no dia seguinte. O editorialista do Libération escreveu que, embora Sarkozy não tivesse perdido e Ségolène tivesse ganho, mesmo assim, dificilmente se alteraria o resultado da votação final.
Na verdade, se Ségolène ganhou, foi aos que lhe vaticinavam que não aguentaria a discussão e só a esses. E terá ganho também pela excelente imagem no ecrã. Outro comentador, numa boa metáfora tenística, observou na televisão que Sarkozy colocava muito bem as bolas no fundo do court, enquanto Ségolène jogava bem à rede. Só que colocar bem as bolas no fundo é ir ao encontro dos problemas reais com o desenho de soluções firmes e bem estruturadas e articuladas, enquanto jogar bem à rede é disparar para aqui e para ali, proporcionando um espectáculo movimentado, mas confrangedoramente superficial, quando não demagógico de todo.
A intervenção de Ségolène raiou o manipulatório e mostrou que não tinha os franceses em grande consideração intelectual. Com Sarkozy, Madame Royal perdeu aos pontos. Perdeu na boa educação, na rábula da indignação colérica, na tentativa de embrulhar todas as coisas ao mesmo tempo para que não houvesse a tal discussão de fundo que o auditório esperava, e até na patetice pura e simples, como aquela ideia peregrina de uma escolta policial para as mulheres polícias que regressam tarde do serviço a casa... Mostrou que não tinha propriamente muitas ideias concretas na cabeça e que, quanto aos grandes e críticos problemas da sociedade francesa, remetia as soluções para mais tarde, muito em especial para discussões com os parceiros sociais. Mas a mesma personalidade que tanto endossava as decisões a essa ulterior intervenção de terceiros era quem dizia, imperiosamente e por tudo e por nada, "je veux"...
Madame Royal perdeu também nos planos da competência, da franqueza e da sinceridade. Enquanto Sarkozy enunciava claramente o seu pensamento, por mais impopular que, nalguns casos, ele pudesse ser (quanto à recuperação económica, quanto à semana das 35 horas, quanto aos salários, quanto à tributação, quanto à redução da despesa, quanto às pensões, quanto aos hospitais, quanto ao travejamento essencial da educação, quanto à segurança, quanto à imigração, quanto ao nuclear, quanto à Turquia, quanto ao estatuto da oposição, quanto à África, quanto à Constituição Europeia...), a sua opositora refugiou-se a maior parte das vezes neste ou naquele casos concretos irrelevantes ou nos grandes chavões socialistas que não levam a lado nenhum, a não ser a serem ditas as coisas que toda a gente sabe no estilo que toda a gente tem, e a que, tudo espremido, não se tivesse ficado a entender o que é que ela faria "mesmo", se fosse eleita como Presidente da República. A não ser uma coisa: que trataria de criar uma VI República, desígnio cuja fundamentação não se percebeu e cuja pertinência ainda menos se vislumbrou.
O eleitorado francês viu muito bem o que está em jogo, tanto no plano nacional, como no internacional. Sarkozy soube falar para os franceses que desejam uma recuperação séria, uma justiça social ponderada, um reforço da auto-estima e uma dignificação do seu país. Em tudo isso, falou para uma maioria clara e soube fazê-lo na posição de uma figura do Estado que terá de presidir ao Conselho de Ministros e sabe o que quer e o que faz.Esta postura é o que as esquerdas não lhe perdoam, devidamente acolitadas por duas centenas de crocitantes intelectuais.
Ségolène preferiu falar para a Internacional Socialista e para franjas ou causas políticas mais ou menos voluntaristas e de pouca relevância no contexto de uma eleição presidencial. Mesmo assim, tratou de invocar o símile de Angela Merkel, uma democrata-cristã que deve ter-se escangalhado a rir ao saber que era apontada como exemplo a seguir por uma socialista."

terça-feira, 8 de maio de 2007

Universidade Independente – Ministério declara caducado reconhecimento de interesse público

Nada de excitações é que esta declaração tem de ser confirmada pelo Ministro daqui a seis meses e não se trata de um encerramento da Universidade, apenas perde o seu estatuto de interesse público. Felizmente, ainda não terminou esta história.

domingo, 6 de maio de 2007

Temos Presidente!

53,11%

Coisas da idade

Quando era menino adorava que me tratassem por senhor. Era sinal de idade, de ser adulto e de ser tratado com alguma dignidade. Era mesmo um reconhecimento. Agora que já sou um bocadinho senhor, prefiro mil vezes e delicio-me sempre que me tratam por menino. Sinto-me mais novo, tratado com carinho e simpatia. Menino, prefiro. Tratem-me assim, por menino porque para senhor espero vir a demorar muitos mais anos.

sábado, 5 de maio de 2007

Estoril Open

Vim agora mesmo do Estoril Open e cheguei à conclusão de que há quatro tipos de pessoas que frequentam aquele sitio.

- Primeiro, aqueles que nunca foram e que olham para tudo com olhar de novidade. Sem saber muito bem por e para onde ir, com medo e receio de fazer má figura, estão desejosos de ver e ser vistos e de, por engano, serem considerados VIP’s. O simples acto de cumprimentar alguém é já um sinal de que são gente, são conhecidos e conhecem, ou seja, obtêm reconhecimento social.

- Segundo, os que já foram. Têm acesso à tenda VIP e vão lá ter com os amigos e beber uns copos.

- Terceiro, os que apenas vão para sacar os brindes dos inúmeros stands que existem por lá. É vê-los de sacos cheios de bolas, autocolantes, pulseiras. Tudo o que existe para dar eles trazem para casa, mesmo que não tenham interesse nas coisas e não lhes dêem qualquer utilidade.

- Quarto, por último, há aqueles que vão apenas porque gostam de ténis. São a classe diminuta.

É estranha a multidão que se desloca ao Estoril Open. Para fazer social ou beber copos há sítios igualmente interessantes, menos distantes e com menos pó. Por isso sobra-nos a verdadeira razão: assistir a boas partidas de ténis. Mas isso é reservado apenas a quem gosta.

Série "Músicas que arrepiam" I

Moon River
(Breakfast at Tiffany's)

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Bom de ouvir

A playlist de Teresa Salgueiro
Li mesmo agora a seguinte noticia «O presidente da Câmara de Lisboa, Carmona Rodrigues, deu entrada esta quinta-feira, cerca das 10:00 horas» e pensei será que está doente, que mais lhe poderá ter acontecido? Mas afinal a resposta vinha logo a seguir «no Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa, onde será interrogado enquanto arguido sobre o processo Bragaparques». Vejamos os factos relevantes da vida política portuguesa:
- O Primeiro-Ministro diz que é engenheiro mas não é, todos nos sabemos menos ele, que pelos vistos continua a insistir na sua licenciatura;
- O Líder da oposição PSD, deixará de o ser brevemente e reza todos os dias por eleições antecipadas;
- O CDS teve o processo mais cómico de eleições e de escolha de líder, mas quem sabe se irá comandar os desígnios da oposição;
- O PCP está na mesma sem aquecer nem arrefecer e espera com acalmia o seu final;
- o BE perdeu a histeria da juventude.
E depois de todo este panorama sumário ainda se preocupam com o facto de Carmona Rodrigues ir ao DIAP?

quarta-feira, 2 de maio de 2007

Ainda o aborto

Hoje de manha chego ao escritório e vejo duas colegas a ver uma noticia na TVI sobre como salvar bebes com problemas de saúde e prematuros. As frases são «que coisa tão fofa, que lindo, que amor, adoro bebes». Impressionado com este amor maternal matinal decido fazer a seguinte pergunta: «presumo que tenham votado não no referendo do aborto?», a resposta chega a duas vozes, «achas que sim, votamos SIM!».
Está tudo dito, de facto quem votou não tem a mínima consciência no que votou, nas consequências do seu voto e na forma brutal como contrariaram o seu intimo. Não há mais nada a dizer, apenas que mais daquelas reportagens sobre bebes e com bebes serão cada vez mais uma espécie em extinção?

terça-feira, 1 de maio de 2007

On n'oublie rien de rien, on s'habitue, c'est tout (Jacques Brel)


Gosto de guardar as lágrimas.
As lágrimas guardadas amaciam o desgosto, formam uma capa nas suas arestas e assim parece que ficam menos afiadas quando ele nos morde o coração.
De qualquer maneira, as lágrimas não lavam a alma, isso é um engano. Isso é só quando a tristeza é passageira. Se for para ficar, porque não tem remédio, o melhor é deixar a dor nesse casulo líquido do que não se consegue exprimir, do que fica só nosso, protegido dos olhares, em metamorfose para a saudade, ou para a habituação, até integrar o nosso ser e ir mudando o feitio, dando sombras nos olhos, pequenas rugas aos cantos da boca, menos leveza no riso.
A vida devia suspender-se de vez em quando, naqueles momentos em que tudo parece perfeito, antes dos pais ficarem doentes e morrerem, e antes dos filhos crescerem e saírem, sôfregos da vida, à procura da sua própria felicidade.

Há um ano aprendi como os factos mais simples da vida são tão difíceis de aceitar.

É sempre tão curta a consciência que temos da plenitude.

IV gala internacional de Bailado


Ontem, no Teatro Camões, a celebrar o Dia Mundial da Dança e também os 30 anos da Companhia Nacional de Bailado.
O tempo voou, na diversidade do espectáculo, na beleza das coreografias e, claro, na arte dos bailarinos.
Está de parabéns, uma vez mais, Ana Pereira Caldas e a CNB, num ambiente de grande intensidade e emoção a que não seria estranha a notícia da saída da Directora, que durante 6 anos deu prestígio à Companhia e vida ao Teatro Camões.
No palco passaram algumas estrelas do Royal Ballet de Londres, do Ballet da Ópera de Viena (fantástico), do Ballet Nacional de Cuba, do Ballet Nacional de Istambul e do English National Ballet.