segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

[1 Cor 1, 20]


["O lento despertar da loucura e da salvação I" de João Veríssimo in olhares.com]



Paradoxo.
A curiosidade presente
na rua que cruzo entre o
Saber do não saber.

Dúvida(s).
A inquietação da subida
do monte, deixando a areia
dos pés formar a palavra
viva.

Silêncio.
Afinal os dias
são maiores,
nas ondas brota jogo novo,
houve descoberta.

Fundamento.
Diante da frase solta
aos ventos:
deu-se a revelação.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Small Pleasures


Depois de o ver, fica a sensação do silêncio agradecido pelo que tenho e sou... Simplesmente, nos pequenos prazeres da Vida!
Há que saborear e perceber que a Vida é mais... muito mais!

sábado, 22 de janeiro de 2011

Estado, Liberdade e contratos de associação escolar...

"A liberdade é um dos dons mais preciosos que o céu deu aos homens. Nada a iguala, nem os tesouros que a terra encerra no seu seio, nem os que o mar guarda nos seus abismos. Pela liberdade, tanto quanto pela honra, pode e deve aventurar-se a nossa vida".
Cervantes, in Dom Quixote

Fala-se de evolução, crescimento social, como desejos de um país ao nível da Europa, que se quer livre e promotor da liberdade. Muitas vezes pergunto-me: o que é a liberdade?

Liberdade é “fazer-se o que se quer”? Não me parece, pois inevitavelmente vamos colidir com outras “liberdades”. Então, será “aquilo que acaba quando começa a de outra pessoa”? Também considero uma resposta não muito completa... Pois, ficamos como que em “guetos” relacionais, onde se vive liberdades em zonas de fronteira.

Talvez seja dito de forma poética, mas ainda assim pode ser que a liberdade aconteça quando, em diálogo e reflexão, duas pessoas mesmo podendo estar em caminhos distantes fazem-no lado a lado. Promovendo, assim, não só o crescimento pessoal, mas de todos os que as rodeiam.

Com a situação das Escolas com contrato de associação reparo num Estado que caminha sozinho, segundo os seus interesses, tomando decisões que anulam a Liberdade da pessoa (em vários níveis). E, ironicamente, em nome da Liberdade e da Justiça. Ficarão livres de encargos os Educadores (docentes e não-docentes) despedidos? Será justo ter de ir obrigatoriamente para esta ou aquela Escola, quando há a possibilidade de escolha por uma que oferece condições pedagógicas que, de facto, apontam para a liberdade de pensamento, de religião, de educação, cultura e, inclusive, liberdade de ideologia?

É verdade que muitas das Escolas com contrato de associação são de cariz religioso (e muito provavelmente é isso que incomoda o nosso Estado “livre e libertador”). No entanto, como parece ser do desconhecimento de muitas pessoas, em nenhuma há obrigatoriedade de crença nesta ou naquela Religião. Ao contrário do que o Estado (repito: dito promotor da Liberdade) parece fazer, que é impor uma ideologia, um modo viver a realidade segundo a sua visão, segundo o seu caminho.

Dando alguns exemplos: começa-se por se reduzir os tempos lectivos de Filosofia, surge uma imposição de formação ao nível da Educação para a Sexualidade sem grande coordenação, descredibiliza-se os professores, em nome da crise reformula-se radicalmente os contratos celebrados no pós 25 de Abril (data curiosa para a Liberdade em Portugal) com Escolas que permitem um outro tipo de ensino, para além do puramente estatal, a alunos de todas as classes sociais e, para culminar, segundo o senhor secretário de Estado, em nome da Ministra da Educação: “ou assinas, ou não tens dinheiro, logo fechas mais depressa as portas”.

Estranho século XXI este. Tão evoluído ao nível tecnológico, mas em termos de humanidade...
...pois, viva a Liberdade!


quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Comentário sobre História da Igreja Antiga

["História" de Nelson Afonso, in olhares.com]


[Escrevi este comentário final após ter resumido toda a matéria dada ao longo deste semestre]

Começo por apresentar o meu primeiro pensamento mais geral: depois do que estudei, trata-se de História Antiga ou de realidade contemporânea? Talvez pela minha sensibilidade em relação à pluralidade cultural em que vivemos (por mais que se diga que estamos em tempos de globalização), também por se falar tanto da crise económica, entre outras, que atravessamos em geral pela Europa e de forma particular em Portugal, junto ainda o impacto (nalgumas situações mais negativo que positivo) causado pelos últimos escritos e feitos da Igreja Católica, acabo por fazer uma leitura ligando pontos de contacto entre o que se passou há cerca de 17oo anos com a actualidade.

Parece que não aprendemos com a História. Será que é por estar cada vez mais esquecida? Sem dúvida que não se pode apagar a memória colectiva de uma sociedade e de um povo, pois em relação cíclica, acabamos por voltar a tocar em pontos essenciais da nossa estruturação enquanto humanos.

Particularizando no aspecto da vertente de “Igreja”, esta disciplina ajudou-me a conectar com os inícios do que, de algum modo, me leva também a ser. Afinal, ser humano também tem em si a dimensão histórica e social. Conhecer a História da Igreja leva-me ao encontro com aquilo que sou como crente e membro desta Igreja, que não é uma teoria, uma ideia, mas uma realidade de desenvolvimento a partir de vidas e decisões de pessoas concretas ao longo dos tempos.

Na verdade muita da falta de fé vem do não saber o “como, porquê e quando” do surgimento das coisas. Também a fé não acontece por uma linearidade limpa de acontecimentos, como se fosse um caminho recto, sem qualquer obstáculo. O estudo e aprofundamento dos dados sobre as convulsões sociais entre os grupos religiosos, a relação com as outras religiões ou entidades religiosas e com os povos com tradições pagãs, as perseguições, os martírios, as necessidades de organização (da liturgia, da vida quotidiana, da estrutura eclesial) daqueles primeiros séculos, levam a que se tome consciência dos passos dados e do quanto, no meio de tantas dificuldades, muitos mantiveram e aprofundaram a sua crença.

Fico com a impressão de que há muito a voltar a estes tempos, não para repetir, pois além de impossível não teria sentido, mas numa aprendizagem do que foi o sentimento de perseguição pela fé e da vontade de anúncio de alguém que mudava a vida das pessoas. Nos nossos dias voltamos a essa ameaça, como se pode comprovar nos ataques a muitas Igrejas, por isso podemos investigar a reacção dos antigos e, sobretudo, qual a sua acção em meios de perseguição. No que se refere à actual chamada “perseguição à Igreja” (mais ocidental) nas questões de doutrina, também temos de aprender com os cristãos desses tempos do passado, pois além de não passarem por vitimizações, acabaram, por um lado, a confiar, por outro, a aprender a dialogar.

Muito do nosso pensamento acabou por vir de uma realidade cultural que o cristianismo “converteu”, adaptou, à sua. Se hoje se fala tanto em pluralismo religioso, de relativismo, de confusão de ideologias, também naquele tempo houve muito dessas questões, com linhas mais conservadores e outras mais dialogantes. E não caindo na ingenuidade de se pensar que aconteceu uma resolução plena, poderíamos aprender sobre quais as ferramentas que foram úteis e quais as que seriam de evitar.

Vergílio Ferreira afirmou que "o que mais importa não é o novo que se vê mas o que se vê de novo no que já tínhamos visto”. Assim, a História, compreendida e vivida em diálogo com outras ciências humanas e científicas, pode ajudar em muito na compreensão da Igreja tornando-a ainda mais humana e mais divina.



terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Crises


Aqui nos meus estudos de História da Igreja Antiga leio sobre o Império Romano. O século III, pode-se dizer, foi de crise. Os imperadores, seguindo as políticas uns dos outros, numa das muitas medidas aumentavam a administração pública, num sistema de protecção dos nobres, burocratizando o sistema (para mais controlar, evidentemente). Como não tinham dinheiro para pagar tudo isto aumentaram os impostos em número e valor monetário (independentemente das condições de vida das pessoas), levando a uma dualização da sociedade em muito ricos e muito pobres (para não dizer miseráveis). Já se sabe o que aconteceu a este Império...

Onde é que eu ESTOU a ver isto, novamente, 1700 anos depois?

Que políticos actuais tão pouco originais, tenho a dizer. E ainda dizem que a Igreja não se actualiza...

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

[Jo 20, 14]

["Enlevo..." de António Gil in olhares.com]



Para MTH

Um engano
e
Passei os olhos por ti,
em tempos,
em conversas,
em dúvidas,
em construção de pontes
(aladas)
de Corpo encarnado.

Que cresce,
desenvolve os sentidos
numa ligação para além
do tempo e do espaço

falando de divindade

na humanidade,
com toque de Sofia,
partilhada
(mesmo em silêncio)
da História,
dos Contos,
do mistério em oculto.

(E aqui, agora)
para ti
chamo
invoco
canto
a Luz,
(vinda em voos)
com (a)braços
protectores,
cheios de Vida

que pintam a realidade de brilho,
anulam a opressão,
fazem sorrir

renovando a inspiração,
a mesma que te faz Ser(vir)
com o dom de palavras.


domingo, 9 de janeiro de 2011

[Mc 6, 46]*

["Quando o sol se põe..." Teresa Lamas Serra in olhares.com]

* Depois de os ter despedido, foi orar para o monte.

Sento-me à janela da alma.
Como que em penumbra,
vislumbro
inspirações cor de mel.

Aparece

o rosto bem definido.
Faz-me recordar aquele mergulho,
onde me entreguei ao (des)conhecido.

Aparece

(de novo)
e mostra-me outras faces.
Cheias de vida e histórias,
encantadas, de fugir, de ser.

Amanhece

abraço-te e sigo
(há caminho a ser desenhado)
ao encontro do que vi(rá).




sábado, 8 de janeiro de 2011

[Jo 1, 39]*



* Ele respondeu-lhes: «Vinde e vereis.» Foram, pois, e viram onde morava e ficaram com Ele nesse dia. Eram as quatro da tarde.


Olhar,
De cor esperançada do desejo
De te conhecer

Em suaves melodias,
sentindo o incenso novo

suavemente unificador
do etéreo, do concreto.