quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

Em Exercícios [Até breve!]



[Coisas na vida de um padre, com secção letras verdes] É tempo de silêncio com Deus. Fecho para balanço, vivendo escuta, durante uma semana. Rezarei o abecedário de forma especial. Conto também com a oração, a quem é de rezar, com o pensamento, a quem assim mais se ajusta. Até breve.

Viagem a Cabo Verde




[Coisas na vida de um padre] Amigas e amigos leitores daqui d’oinsecto, um abraço. Nos últimos tempos, de 12 a 21 deste mês, estive mais silencioso. Fui a Cabo Verde, mais especificamente Mindelo, Ilha de S. Vicente, orientar formações e algumas celebrações. Logo à chegada assisti à abertura do Carnaval, com as danças dos Mandingas com som vibrante que contagia. Foi mesmo bom sinal para os dias que conheci a terra da maravilhosa Cesária Évora. 



As formações foram durante a manhã, tarde e noite, com grupos diferentes. A exigência atenuava-se com a atenção diante o gosto de saber que percebia em cada olhar. Falei dos temas que me apaixonam: luz, sombra, movimento, proximidade da espiritualidade e de Deus. Numa capela, deparei-me com esta imagem de Maria com Jesus no regaço. Senti luz na sombra de esquemas mentais sobre Deus, onde a encarnação, a entrada de Deus no concreto da história, ganha sentido. A proximidade de Deus vive(-se) na simplicidade.



Foram mesmo dias intensos de partilha, formações, conversas, escuta, olhares, celebrações, conhecimento de terras novas. Muitas vezes ouvi que as pessoas deste país eram de imenso acolhimento. Nas duas ilhas que estive, São Vicente e Santo Antão, confirmei de forma vincada: são maravilhosamente acolhedoras. O Monte Cara, uma das imagens de marca de Mindelo em conjunto com a beleza do azul da Laginha, é mesmo revelador de rostos que falam de vida. Fica a “sôdade” e muito para digerir destes dias.








quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Violência e Paternalismo



[Secção pensamentos soltos sobre violência e paternalismo] Há tempos uma amiga comentava que deveríamos ter alguns dias de tristeza por ano. Concentrada ou espalhada em dias, é necessário dar tempo e espaço à tristeza. É o que me acontece. Atenção, estar triste não significa estar com falta de esperança. Estou triste por, apesar das inúmeras maravilhas, naturais e humanas, que encontramos no mundo, falta tanto amor-próprio que desemboca em falta de empatia, respeito e cuidado com o outro. 

Há cansaço generalizado, ficando-se tudo pela superficialidade tanto do choque emocional, como no entretenimento impeditivo de grandes e necessárias reflexões pessoais e sociais. São notórias as fobias a aumentar, levando a violências de brutalidade assassina de dignidade e de vidas. As guerras não são só nacionais ou internacionais. As guerras começam nos conflitos e tensões, que todos sem excepção vivemos. O choque da existência do outro começa desde cedo. O instinto de sobrevivência está lá. Mesmo sendo seres de convivência, o outro, num primeiro momento, é estranho. A aprendizagem consiste em descobrir a diferença e saber integrá-la. Não nos enganemos: não é fácil. No entanto, é imprescindível esse caminho para sair de auto-centramento e crescer em maturidade. É exigente este caminho, onde se vão deixando as pulsões de criança, de adolescente, levando à adultez nos actos e palavras. Para este crescimento acontecer é fundamental a autoridade. Não confundir com autoritarismo. A figura do sábio, do líder, é aquele que fez o caminho interior de maturidade e orienta para a liberdade. Não confundir com libertinagem. O que acontece na actualidade é a falta de líderes, o que faz crescer o autoritarismo que, entre outras coisas, resvala em paternalismo e libertinagem. Começando por esta última, a libertinagem é reacção a toda e qualquer sensação de opressão. Poderia dizer que é passo de desejo de sentir liberdade, mas disparatando energia de crescimento em birra. O problema são as que desembocam em tal violência que leva à perda da razão pelas quais se está a a manifestar. Partir tudo em nome do fim da violência, só gera mais violência. Criticar agressivamente a agressividade política ou religiosa, só gera mais agressividade. O autoritarismo acontece quando alguém aproveita o crescendo de violência e agressividade. Infelizmente, estando rodeado de sombra e mais a desejando em nome do poder, ainda faz aumentar mais as fobias gerando mais violência e agressividade. Depois, paternalisticamente, censura, corta, anula, todo o tipo de crítica. 

Defendo então uma passividade ingénua ou masoquista? Nem pensar. Então, a meu ver, o que é preciso? 1. Amor-próprio, alicerçado na autenticidade e honestidade, em caminho de consciência dos conflitos/tensões pessoais a serem integrados ou dissipados. Diminuindo em especial a projecção em bodes expiatórios do “mau” que o outro é. 2. Tempo de escuta pessoal, de modo a perceber quais são os conflitos/tensões pessoais. 3. Saber reconhecer a fragilidade, de modo a pedir ajuda no caminho da estabilidade interior, permitindo-me recuperar forças para poder sensatamente dar respostas activas e não reactivas. 


“Dar a outra face” não é uma resposta masoquista de continuidade da violência, é dar outra perspectiva que anule a violência. A violência e o paternalismo não são, nem nunca serão respostas de vida. Quanto muito, e ainda assim tenho muitas dúvidas, de sobrevivência. Se queremos humanizar, cada um, cada uma de nós necessita crescer em maturidade, levando a desenvolver empatia, respeito e cuidado com o outro. Estes desenvolvimentos, começando desde as relações quotidianas expandirá para o mundo. 

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Breve oração




[Breve oração ao adormecer]

Agradeço-Te
o desajustado, o estranho, o sem-sentido,
mesmo que não compreenda em primeiro momento, é sempre oportunidade de aprender.

Peço-Te
capacidade de queimar o que não interessa e daí dar luz.


segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Rezar a Vida - 2.ª edição




[Boas notícias sobre “Rezar a Vida”] Foi o presente de Natal, mas partilho em dia de Reis: “Rezar a Vida” chegou à segunda edição. Estou muito agradecido por todas as palavras que tenho recebido com ecos do livro.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Diário [Gráfico]




[Secção boas leituras em dia do Santíssimo Nome de Jesus] Tem sido, ao jeito do final de cada dia da criação, muito bom entrar nas páginas do “Diário [Gráfico] - A experiência de Deus na vida diária” de Nuno Branco Sj. Gosto muito dos seus desenhos. Inspiram-me no encontro com o diferente que marca a relação com Deus.