sábado, 29 de novembro de 2008

Lendo os outros

«Não há transição. A infalibilidade e a confiança perdem-se de repente. Ontem corria tudo bem, hoje corre tudo mal. Ontem não se fazia um erro, hoje só se fazem erros. A pessoa é a mesma: o corpo e a cabeça. As circunstâncias são as mesmas, os outros são os mesmos. Por mais que se procure, nada mudou. Só mudou o efeito que se produz no mundo. Um homem deita-se com o mundo aos pés e acorda com ele às costas. As mulheres fogem, os amigos desaparecem, os telefones desligam-se. Dantes andava-se e esquecia-se. Agora, a vida pára. Repete-se. Um mês é igual ao anterior e ao próximo e ao seguinte. Não acontece nenhuma coisa diferente, só acontecem coisas indiferentes. Por qualquer razão obscura, não se consegue descobrir o sítio onde as coisas acontecem; e elas já não acontecem onde aconteciam.(...) Um pequeno pânico instala-se. Ao princípio pensou-se que era um estado passageiro, uma época de azar ou de mau jeito. Mas depois o estado não passa, a sorte não vem e o mau jeito continua. Conta-se com angústia o tempo para trás e, a certa altura, conta-se com terror o tempo que sobra. Deixa-se de ter quarenta e três ou quarenta e sete anos e têm-se treze anos até aos sessenta ou dezoito até aos sessenta e cinco. E não será optimismo os sessenta e cinco? E vale a pena? Acontecem coisas aos sessenta e cinco? Não com certeza as que acontecem aos trinta.(...) Eu penetrei na impropriamente chamada meia idade desta maneira: ou seja, aflito. O céu caiu-me em cima sem aviso. Nestas crises, segundo o costume, as pessoas agarram-se: à família, ao trabalho, às ambições. Reparei que os meus amigos se agarravam. Um a um, consoante a sua natureza, transformaram-se em secretários de Estado, políticos respeitáveis, académicos triunfantes, altos funcionários ou pais extremosos. Vários preferiram a virtude, ideológica ou sexual. Com meritórias excepções, quase todos se encaminharam. Mas precisamente eu não pretendia encaminhar-me. Deus sabe que eu nunca fui assim.»
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Vasco Pulido Valente in Retratos e Auto-Retrato
(via Portugal dos Pequeninos)

Enquanto isso, em Mumbai II

Hotel Taj em chamas. Ver AQUI

Enquanto isso, em Mumbai...

India: Prossegue batalha pelo Taj Mahal na "guerra de Bombaim"

"Bombaim, 28 Nov (Lusa) - A batalha pelo Hotel Taj Mahal Palace, em Bombaim, continuava pela madrugada de sábado (hora local, sexta-feira à noite em Lisboa), mais de 48 horas depois dos ataques terroristas à capital comercial da Índia.

Uma série de explosões e disparos dentro do complexo do Hotel Taj Mahal podia ouvir-se no perímetro do velho edifício cerca das 03:00 (21:30 em Lisboa).

Uma parede do edifício, construído há 105 anos no local, foi rachada por uma das explosões.

"É o local onde toda a dignidade de Bombaim se mostra e, ver este monumento e símbolo do orgulho da cidade a ser destruído, é muito penoso", comentava um jornalista indiano num dos canais noticiosos.

Comentadores e população salientavam a sensação de choque pelos ataques e resumiam o novo patamar do terrorismo na Índia com "a guerra no coração da capital comercial".

Outros dois alvos dos ataques terroristas de quarta-feira, o Hotel Oberoi e o centro judaico em Nariman House, também na parte sul da Península de Bombaim, foram declarados "seguros" pela Guarda Nacional (NSG).

O último balanço do Ministério do Interior indiano dá conta de 155 mortos e pelo menos 300 feridos mas vários canais de televisão indianos referiam pelo menos o número de 200 mortos.

A identidade de muitas das vítimas ainda não é conhecida.

No interior do Taj Mahal, continuavam a resistir dois a quatro terroristas, "fortemente armados", segundo um porta-voz do NSG, e é possível que tenham um refém em seu poder.

A parte sul de Bombaim, o coração histórico da cidade, está isolada por postos de controlo e um forte dispositivo militar e as artérias principais estavam cortadas, como a grande Marine Drive, a marginal que contorna a cidade pelo lado ocidental, no Mar Arábico.

Foi por mar que chegaram os cerca de 20 atacantes, em embarcações de pesca, e contornaram a ponta sul da Península de Bombaim para desembarcar numa pequena praia a centenas de metros do Hotel Taj Mahal.

Um rabino e a sua mulher, detidos por islamitas num centro judeu ortodoxo, foram mortos num dos ataques,informou o braço americano do Beit Chabad, rede dos centros religiosos ortodoxos do movimento Loubavitch.

O rabino Gavriel Holtzberg, de 29 anos, nascido em Israel e emigrado para os Estados Unidos em criança, e a sua mulher, Rivka, 28 anos, dirigiam o Beit Chabad de Bombaim há cinco anos, segundo o comunicado na Internet.

Em directo nas televisões começaram, entretanto, as acusações. Entre a Índia e o Paquistão, em relação à origem dos atacantes. Mas também entre Bombaim, capital do Estado de Maharashtra, e Nova Deli e o Governo da União, sobre a falta da unidade das forças de segurança.

O Paquistão propôs à Índia a criação de uma "linha vermelha" para assuntos de segurança e negou envolvimento nos ataques."

Pedro Rosa Mendes, enviado da Agência Lusa

Faltam 20 dias...


(Parto para a minha viagem à Índia, Nepal e Tibete dentro de 20 dias. Pelo sim, pelo não, já retirei Mumbai do roteiro. Mas ainda assim não páro de receber telefonemas de pessoas a tentarem dissuadir-me de viajar. Pode ser inconsciência da minha parte mas não sinto o mínimo receio de partir. Seja o que Deus quiser.)

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Não me canso de ouvir



O novo disco de Katia Guerreiro, FADO, é sem dúvida o melhor disco de fado que foi lançado em Portugal este ano. Revelando um extraordinário cuidado na escolha dos poemas, e recorrendo a alguns fados tradicionais, Katia Guerreiro criou um disco onde a voz e a poesia se juntam numa sentida homenagem ao fado no seu estado mais puro. É difícil escolher as músicas de que gosto mais, mas há três que são, pelo poema e pela melodia, as minhas favoritas. "Pranto de amor Ausente" de Paulo Valentim (cujo registo da noite de lançamento se pode ouvir aqui), "Ponham flores na mesa" de Fernando Tavares Rodrigues e "Cidade Saudade" de Rodrigo Serrão são os que ouço até não poder mais. É sem dúvida um disco obrigatório!

As minhas leituras nestes dias de espera e de incerteza III


'O Cheiro da Índia'
de Pier Paolo Pasolini

As minhas leituras nestes dias de espera e de incerteza II


'Os últimos meses de Salazar'
de Paulo Otero

As minhas leituras nestes dias de espera e de incerteza



'Diário da Índia - 1993-1997'
de Marcello Duarte Mathias

O meu companheiro nestes dias de espera e de incerteza

Billy

Lendo os outros...

«Se num primeiro momento houve quem visse no BPN uma espécie de Casa Pia do PSD, há agora quem, através dos Dias Loureiros de serviço, pretenda traçar o epitáfio do cavaquismo, colando o actual Presidente da República a uma "história de polícia" que, em última análise, traria à luz do dia o reverso do seu sucesso como primeiro-ministro. Esta subtil tese esconde, no entanto, objectivos bastante mais comezinhos, ocultando essencialmente a necessidade de fragilizar a única figura de Estado que goza de algum prestígio. Não por acaso, ainda esta semana, o dr. Lello, esse maître à penser do primeiro-ministro, se sentiu obrigado a negar a participação do PS na campanha de rumores e de insinuações que foi criada à volta do prof. Cavaco Silva. E por que haveria o PS de estar envolvido numa campanha destas? Para disfarçar a incompetência do seu governador do Banco de Portugal, que se considera alvo de um "linchamento público" só porque não foi capaz de exercer as suas funções? Para desviar as atenções dos péssimos resultados da sua política? Para que não se saiba que o fabuloso Teixeira dos Santos foi considerado o pior ministro das Finanças da Europa pelo Financial Times? Para silenciar a crise na Educação e os protestos dos professores? Ou, voltando ao princípio, para fragilizar uma das poucas vozes deste país que o Governo não consegue controlar? Se a resposta não fosse óbvia, o dr. Lello não se teria sentido obrigado a desmenti-la. Há desmentidos que se desmentem a si próprios.»
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Constança Cunha e Sá, in Público
(via Portugal dos Pequeninos)
Hoje a conversa pela manhã teve um único assunto. Começou porque fui apanhado de record na mão. Ah blasfemo!

Há os que põem o Futebol acima de tudo, e há os que acham que quem gosta de Futebol, são uns amibas energumenos patos bravos artolas idiotas. Enfim, não percebem! Hoje acusaram-me mesmo, de ceder à tentação de Salazar, o tal de Fátima, Fado e Futebol.

Continuo a achar Fátima uma alienação e o Fado uma boa companhia ao copo de tinto. O Futebol não! É uma Paixão e Fé maior não conheço. É isso que estes rapazes explicam também. Leio-os todos os dias. São todos uns porreiros apesar de lampiões, vemos por lá o MEC e o Júlio Machado Vaz, esse grande arquitecto da palavra ligada ao sexo. O F que Salazar desconhecia.

O Escudo

Ontem a Catalina Pestana deu uma entrevista à JS na RTP1.

Esta senhora não entrou da melhor forma no nosso tempo, associada ao caso Casa Pia, não gerava propriamente simpatia, em mim mesmo, reconhecendo-lhe tudo, gerava não antipatia, mas algum desconforto, não sabendo lhe chamar outra coisa.

Ontem, dá uma entrevista extraordinária.

Mostra a mulher, que um dia acordou para um cenário de horror. Cenário que a maioria de nós, ainda continua protegido. Se formos a ver bem as coisas, eu sei o que é a pedófilia, consigo até imaginar uma ou duas situações, mas a minha criatividade pára aí, porque não quero nem me interessa ir mais longe.

A Catalina Pestana, durante um par de anos, sentou-se diariamente com jovens abusados sexualmente, alguns de forma continuada, e que lhe relataram experiências, com maior ou menor pormenor, distância ou envolvimento emocional. Com certeza, como elareferiu, ouviu mais do que queria, desejava ou pedia. Nunca quis pormenores, mas os jovens tinham necessidade de os contar como forma também, de libertarem-se um pouco deles. Só por isto, uma sociedade inteira, lhe deverá estar eternamente grata.

Catalina Pestana disse imensa coisa, disse que nem ela, nem quem ouviu os miúdos, tem alguma dúvida do que se passou, e da culpabilidade, mas disse também que os casos são resolvidos com a existência de prova. Coisa aparentemente simples.

O que motivou este post é ter percebido ontem a dimensão desta mulher, o envolvimento pessoal que pôs no seu trabalho, o quanto saiu danificada e reconstruida, foi ter percebido finalmente, a raiva e exaltação que deixava transparecer na voz, na postura, sempre que a ouvia. Não digo que seja uma mártir nem uma santa, parece-me mesmo maior. Naquele cargo e naquele momento, era necessário uma Mãe e uma profissional, além do exemplar e competente, Catalina é admirável, parece-me uma das grandes figuras da sociedade portuguesa.

E porque é sexta-feira...

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Inspirado pelo Amor que paira no ar...

... digo, em concreto:

Folhear as páginas onde revejo a interpretação possível de quem ama. Saio, assim, dos altos voos que me caracterizam, para ficar a admirar os pássaros que pousam aqui no lago. Deixo-lhes aquilo que lhes pertence… E, sentado mesmo à beirinha, esquecendo o voo, sorrio lembrando o que me comentaste em segredo. As folhas em cor de fogo transparecem o rubor da tua face. É tão bom ver-te em paixão… Aliás, se me permites, tenho de o dizer: É tão bom ver-te a Amar. O Inverno, esse, esconde em si a Primavera… O Amor também se dá no frio. É o que te digo: Ama! Que mania achar que os padres, ou os que para lá caminham, não percebem nada de Amor… E por perceber, por o viver, é que repito: Ama! Com Amor verdadeiro, não como um mero capricho do momento. Porque se em capricho amares, será momentâneo e fugaz, mesmo que intenso. E, assim, sabe a pouco… Por isso, Ama e Muito!

O novo PSD de MFL


Por vezes apercebo-me que as falhas nas organizações são um pouco estruturais. Resultam, não da falta de capacidade técnica, know-how, equipamento, etc, mas de características estruturais, hereditárias.

O Sporting por exemplo, é um clube de elite em Portugal, mas à mercê da gestão portuguesa, não mantém um espirito constante de ganhador.

Ontem, os jogadores não souberam estar à altura de um clube de elite, de um clube que luta sempre pelo primeiro lugar, pela vitória, para o qual o empate´é um mau resultado e a derrota humilhação, porque não é esse o espirito! Quando quero ganhar, quero ganhar sempre, e não em intervalos. Hoje apetece-me amanhã nem por isso. O corpo habitua-se rápido ao laxismo, nunca dar abébias.

Melancolia de Outono II - o espelho


Naquele dia de sol brilhante ali estava ele, na esplanada cheia de gente.
Ela pressentiu-o muito antes dos seus olhos o reconhecerem. Há quanto tempo, meu Deus? Há quanto tempo…
Ele estava acompanhado mas absorto, um pouco altivo como se pairasse acima da multidão. Num relance, confirmou-lhe os mesmos gestos, notou-lhe o cabelo já grisalho, reparou que o sucesso não lhe apagara o jeito tenso de quem está sempre à espera de ser confrontado.
Ela entrou e, de dentro, ficou a olhá-lo, o vidro a separá-los, desejando que ele a visse, temendo que ele a visse, de novo aquele dilema que a memória lhe trazia tão vivo, como se fosse ontem, como se fosse ontem…
Demorou-se um instante suspenso a recuperar-lhe os traços, a estudar-lhe as marcas do tempo, a adivinhar nos vincos dos anos a história que já tinha sido escrita sem ela.
Demorou-se a saborear a doce melancolia que a invadia, aquela tristeza das memórias felizes, a mesma que se sente ao passar numa casa que habitámos e agora revemos vazia de nós.
Demorou-se nessa posse silenciosa até o sentir de novo junto de si, como se nesse breve instante tivesse caminhado a vida inteira a seu lado sem que ele a sentisse.
Mas ele olhava através do vidro com indiferença distraída, olhava uma e outra vez, sem que nada denunciasse que a via. Cerrou-se súbito o coração, pensou que ele não a reconhecia, como era possível? Tantas vezes imaginara como seria um reencontro ,o alvoroço da surpresa, palavras de circunstância, um olá apressado, talvez um tremor na voz, as mãos húmidas a trair a emoção, mas o esquecimento puro e simples isso não, isso nunca tinha posto sequer como possibilidade.
Foi nessa altura que alguém na esplanada ajeitou o cabelo servindo-se do vidro, foi então que ela reparou que do lado de fora era um espelho, o reflexo devolvido para proteger o interior da luz intensa do dia de sol.
Ele olhava na montra a sua própria imagem, por isso a fixava uma e outra vez, parecendo que a via a ela mas vendo-se apenas a si próprio.
Ela surpreendeu-se a rir sozinha, como se de repente lhe contassem o resumo inesperado de uma longa história. “- Afinal, nada mudou”, pensou, “sempre foi assim”.
E saíu, sem pressa, passando com o seu passo curto e decidido pela esplanada cheia de desconhecidos.


Vidrado na Idade do Gelo.

Este personagem tem muito de Chaplin.

Para ti

«Nao afastes os teus olhos dos meus
Isolar para sempre este tempo
É tudo o que tenho para dar.»

Para ti




Imagem do nascimento de uma estrela e outras no fundo do mar. Só faltam as tartarugas. Descobriu-se recentemente o fossil do antepassado mais antigo delas, ainda sem carapaça, era a ligação que faltava para juntar universos. As tartarugas sempre tiveram uma vida LifeAquatic. São seres maravilhosos, merecem-no.
Enquanto considerei que sociedade portuguesa ainda está à procura de uma certa maturidade democrática, há quem veja retrocesso. A ler o Jumento e Tempos de Auto de Fé.
Sempre que o Sporting é derrotado, de forma quase humilhante, refugiu-me no Astérix e aquela noção de Alésia, o local onde o chefe gaulês Vercingétorix é derrotado por César... para os gauleses, Alésia nunca existiu e ninguém sabe onde fica!

A noite de ontem? Nunca existiu nem sei bem onde é que ela paira...
Estamos entre os 16 melhores da Europa, há que trabalhar para chegar ao grupo dos 8!

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

A última novidade da Nike

Encontro(s)


[Foto: "Paz" de João Garcia Conde de Pinho in: olhares.com]

Escrevo no vazio inexistente, porque de si é preenchido pelo silêncio reflectido das palavras meditadas. Aquelas que germinam depois de olhar, em redor, no pontão que se abre para o mundo desconhecido.

Parto em busca de quem sou, como se em caminho conseguisse viver toda a minha existência em intensidade permanente. Como se os dias aqui já não me segredassem o sonho que anula o não ser. Mas…
… quem procuro está em mim. Posso dar passos para além do imaginado, serei mais história e mais vivência, poderei dar mais de mim no regresso, desde logo anunciado, ao dia-a-dia que se desenha, julgam alguns, igual. Será?

Os movimentos, na corrida, na passada, em caminhos misteriosos
porque profundos
tornam-me mais denso. Afinal, por mais desejo de encontro, se não o vivo desde logo na simplicidade do aceno diário ao jornaleiro que me anuncia o corriqueiro e o estrondoso da vida, mesmo longe só irei escutar o vazio que quero preencher com palavras minhas. E, se assim for, sentir-me-ei só, na solidão falseada… Então

Que fiz? Que faço? Que farei?

O jogo do tempo, no entrelaçar do passado que me construiu, no presente que me faz dar aquele passo em direcção à mudança, escrita no convite que recebo:
“O final dos tempos está próximo…”
Fico em choque com o que leio. No entanto, deixo o imediato da mensagem recebida e paro… penso… rezo… E deixo-me ir à profundidade do caminho, já não em longas distâncias, mas aquele que me leva ao encontro de quem está em mim, há muito.

Escuto o que sou. Escuto a Vida. Deparo-me com a proximidade deste tempo que se torna findo. Aqui e Agora. Sem dúvida que a palavra quer ser. O final do vazio. Poderei dizer:
Novos tempos surgem.
A palavra é, também, em mim!

Atravesso, sem medo, a porta… A mesma por onde entraste… E,
Encontro-me encontrando-Te mais.

Lição de vida

Better Stop dreaming of the quiet life
cos it's the one we'll never know
And quit running for that runaway bus
cos those rosey days are few
And stop apologising for the things you've never done,
Cos time is short and life is cruel -but it's up to us to change
This town called malice.

Violência lá em casa

E ontem subitamente fui empurrado para uma cena de violência doméstica e em que se põe a questão e agora o que eu vou fazer?

Já sei o que vou fazer, a questão agora é para vocês. Limitado ao efeito que estas coisas têm Eu Não Sou Cúmplice é sempre um contributo importante.

Dizia-me um amigo hoje, que Portugal está ainda à procura da maturidade. Vê-se aqui também essa procura da maturidade e o saber e estar disponível para dar o pulo.

Foi com esta música que tudo começou....

A história começa assim. Disseram-me que a RTP passava o resumo dos jogos da champions de ontem. Enquanto esperava, ouvi o Jornal da 2.

Ouvi, sobre alguém sobre o qual pendem suspeitas mais do que fundadas, a figura que ocupa o lugar mais alto da hierarquia do estado, fazer a sua absolvição publicamente.

Entretanto, no reino de Bokassa, across the atlantic, a assembleia regional, continua a desafiar os céus, desta vez nas "comemorações" do 25 de Novembro.

"Chulo" e "fascista" foram dois termos ontem usados pelo líder da bancada social-democrata, Jaime Ramos, tendo por alvo um dos dois deputados do PCP, Leonel Nunes.

Não se faz nada. É a Lei! E contra ela, não se pode fazer nada. A Lei está feita para proteger o povo/ a sociedade, é a sua função parece-me.

No outro lado da Boa Hora, a senhora que muito irrita a nação, Maria José Morgado denúncia os problemas com que se depara na investigação de crime económico. Ela não o diz, mas acusa os mesmos que elaboram a lei de se auto-protegerem. Só não percebe, quem quer: "considera haver um "laxismo institucional perigoso", sendo que o sistema judicial "não é dissuasor", pois "uma pessoa que pratica" o crime económico "não sente o risco de ser condenada""

Com isto, demito-me.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Este país.
é mesmo um país extraordinário.
Não temos fome por aí além,
Não temos catástrofes além das não naturais,
Temos um clima fantástico
Temos uma costa incrível
com ondas e mar para todos, de aqui e de além
Só falta as pessoas olharem para isto tudo e darem graças a Deus
A reacção de alguns dos envolvidos, lembra a célebre noite do ministério da defesa, a da maratona a fotocopiar o arquivo do ministério.

Esta gente toda, foi apanhada de surpresa. É extraordinário!
Engraçado aqui, seria assistir aos bastidores, os telefonemas que já foram e estão a ser feitos; contabilizar o mal que tudo isto continua a causar... ao movimentar tanta influência ao mais alto nível, os senhores que vão mexer os cordelinhos para safar esta gente, deixa de produzir para o país - quantifiquem-no!; os acordos de bastidores... "okay eu deixo passar esta e tu deixas passar..."; engraçado também, reflectir sobre a consciência desta gente - já nem pergunto se a têm, porque a vão perdendo, quase sem por isso darem, por forma a manterem outras coisas - digamos - não tão maçadoras...
O caso BPN está a mexer com tanto e tanta gente, que vai acabar arquivado.

Ficarei surpreendido apenas, se continuar a ver estes senhores todos por aí, a circular como se nada fosse.

Este Dias Loureiro, que de Almada chegou à cotada do Rei de Espanha então... é alto case study na escola de altos estudos judiciais. Imagine-se o que seria então, se acrescentássemos que, se recusa a sair aí de um lugarzeco qualquer e não pode ser demitido. Népia, é liliput a mais.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008


La Ville S´Endormait de Jacques Brel

Passam elefantes a correr no céu do meu quintal.



A malta lá de casa anda toda contente, chegou o tempo das laranjas. Algarvias e a 62 centimos o kg. (se falar em plural, até dou uma ideia de vida familiar, criancinhas, mulher de rolos na cabeça e tal...), justificação perfeita para a senhora da mercearia e para o meu consumo de 6 a 7kg de laranjas semanal.

Acabou-se a importação delas do Chile e da África do Sul (a selva para o Prof. Queiroz).

p.s. a imagem é aquilo que se chama de natureza morta.

Nunca fui à Byblos. Mas passava lá algumas vezes, quando entrava ou saía de Lisboa. Sempre achei o mesmo, a localização afasta-me de lá. Pior mesmo, só aquela casa, no final da Crill e à entrada da 2ª circular. Na confluência de pistas, viadutos, trânsito e stress. Ao lado do bairro da Boavista, vista para uma bomba de gasolina e para o Estádio de Pina Manique. A Byblos é semelhante. Nunca vi uma livraria tão inóspita. A surpresa por aquilo ali surgir, como se faz para ali chegar, como conseguem lá viver.

p.s. outra natureza morta

O que é que o Dias Loureiro ainda faz como Conselheiro de Estado?
Ou a grande questão, como é que chega lá?

Há um grande problema em Portugal. Saímos pouco à rua. Um gajo vai a Espanha ou Marrocos e o povo está na rua, diverte-se, cultiva o amigo. Depois saem todos juntos, milhares, e pedem maior distribuição de riqueza e eficácia na questão da fome. Falam deles? Não me parece.. . Em Itália saem aos milhões para avisar Berlusconi "que já lhe têm dito que não é bonito...". Em Berlim, todas as semanas há manifs, nem que seja para dizer "Where is my mind?".

Os Tugas preferem os carros, a sua casa, o supermercado e o centro comercial. Digam-lhes qualquer coisa como "concentração na avenida princípal do Colombo, povo em luta pela limpeza do Estado" e a ver se o pessoal não se mexe. É um problema de estrutura, as pessoas precisam de um tecto, têm medo que o céu lhes caia em cima.

Por isso, não se manifestam. Delegam a sua vontade, e a malta faz-lhes esse jeito. Mesmo quando é insuportável, pensam, o senhor presidente sabe o que anda a fazer, ou o senhor ministro ou os senhores deputados. O problema surge quando, eles até parece que sabem o que andam a fazer, fazem-no é na direcção oposta. Limpeza. São bastante higiénicos. E principalmente, não gostam de chatices.

Esta história vai acabar toda, com falta de prova, com as boas intenções de ex-ministros revestidos de capa de santos com o aval do Estado, com a protecção dos brothers e até de outros, considerados insuspeitos.

Tudo podre. Até eu, um pseudo-revolucionário de sofá.

p.s. a imagem é de Van Gogh, é também uma natureza morta, mas aqui, é a biblia a ser representada

Segunda-feira...

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Bom Fim de Semana


Hoje ainda não tinha tido vontade de vir aqui. Até que, apareceu-me esta imagem. Ah, por falar em coisas boas, após semanas ausente, a ondulação parece lentamente voltar à nossa costa.

A partir de amanhã, no Teatro Nacional de São Carlos



Argumento Marius Petipa
(baseado no conto de E. T. A. Hoffmann:
O Quebra-Nozes e o Rei dos Ratos)

Coreografia Armando Jorge, segundo Petipa / Ivanov
Música Piotr Iliitch Tchaikovsky
Direcção Musical Johannes Stert
Cenografia e Figurinos Artur Casais
Desenho de Luz Pedro Martins

Co-Produção CNB / TNSC
Companhia Nacional de Bailado
Coro do Teatro Nacional de São Carlos
Orquestra Sinfónica Portuguesa

Produção Original, São Petersburgo, Teatro Mariinski, 18 Dez. 1892
Estreia na CNB, Lisboa, Teatro Nacional São Carlos, 14 Dez. 1984


22. 28 Novembro
5. 6. 11. Dezembro
às 21h00

23. 29. Novembro
7. 13. Dezembro
às 16h00

Tarde Família
30. Novembro às 16h00

Escolas
26.27. Novembro
4. 10 Dezembro
às 15h00

Mais informações, AQUI

Presidenciais 2011 - "Sim, nós podemos"


«Chamo-me Aristides Teixeira, tenho 49 anos, sou português e produtor de televisão». Foi assim que o país ganhou, esta quinta-feira à tarde, em Lisboa, o primeiro candidato às eleições presidenciais marcadas para 2011.

Inspirado por Barack Obama, este rosto não é completamente desconhecido dos portugueses. Aristides Teixeira foi presidente da Associação Democrática da Ponte 25 de Abril que, em 1995, enfrentou Cavaco Silva quando este era primeiro-ministro e liderou o movimento contra o aumentos das portagens nesta entrada da capital.

E como quem sonha, sonha alto, Aristides Teixeira candidata-se para «ganhar as eleições». Porquê apresentar uma candidatura tanto tempo antes das eleições? «Como independentes, sem apoios partidários, precisamos de aproveitar esta onda, este fenómeno chamado Barack Obama, para nos apresentarmos», justifica Aristides.

Nascido em Portugal, mas com raízes cabo-verdianas, vê-se como «afro-luso». Destaca a sua pele e como isso pode «sarar feridas e elevar as sinergias de todos para o progresso e desenvolvimento do país».

Segundo o candidato, «a vitória de Obama deu esperança aos africanos residentes em Portugal, de que é possível reverem-se num instrumento político capaz de concorrer para a sua integração plena». Acrescenta ainda que é possível «fazer melhor do que associarmos as comunidades africanas ao insucesso escolar e delinquência».

Aristides questiona «quais são os africanos que detêm poder e capacidade interventiva em órgãos de liderança»? A pergunta tem logo resposta. «Zero», acrescenta o produtor de televisão para quem «a raça, a cor da pele, as opiniões, a religião e o sexo, não podem determinar direitos e deveres».

Segundo Aristides este era o momento certo, «porque antes do fenómeno Barack Obama este seria considerado um acto de loucura e, hoje, por prudência já não é».

Já esta quinta-feira, o primeiro candidato às presidenciais tinha afirmado à agência Lusa que «Obama era uma referência e um dos motivos para avançar com este projecto». «Se Barack Obama nos EUA, que tem uma projecção racial enorme, conseguiu, então nós não conseguiremos cá em Portugal»?

Sobre as linhas do seu programa, sobre a forma como vai fazer campanha, Aristides Teixeira considera que «é cedo» para dar pormenores. No entanto, garantiu que em breve haveria novidades.

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Porque é sexta-feira...


Deja Vu
(Beyonce Feat. Jay-Z)

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Here´s to waiting



E travelling mais bonito não há.
Truffaut para os Belle and Sebastian


Mais um Louise Bourgeois seven in bed



e no mesmo site, curioso pela conversa ontem, em torno do desaparecimento do vinil e do cd para o mp3 e cia, em que defendi o trabalho artistico de algumas edições, uma retrospectiva de Peter Blake, aqui com um dos mais audiveis dos seus works.

tá tudo aqui.


Blur definition: A dim, confused appearance; indistinctness of vision; as, to see things with a blur; it was all blur.

Mas mais do que este astigmatismo, a alusão à laranja mecânica.
Coincidências à volta desta música, das melhores.

Carta de Deus

Lendo os outros...

«Fazendo de conta que a história da suspensão da Democracia e dos seis meses é assunto, sempre valerá a pena lembrar duas coisas. Os países mais "reformados" são Democracias. Os que mais precisam de reformas são as ditaduras. Um detalhe que pode maçar quem acha que no fundo no fundo, ironia ou não, a senhora tem razão.»
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Henrique Burnay, in 31 da Armada

Quem beneficia destes episódios da Dra. MFL?


Música pró-governamental



"Quando me aqueces com ternura
E beijos de sal
É demais, é demais, é demais
O desejo que eu sinto
Mas quando mexes com loucura
Linda e sensual
Fico mais, muito mais, muito mais
Perto do paraiso
Levas-me á lua quando danças
Com a cintura tu me encantas
E nada mais me deixa assim tão perdido

Refrão:
Por isso mesmo, Baila p'ra mim
Que eu fico louco
Baila p'ra mim
Dá-me o teu fogo
Baila p'ra mim que é tudo o que eu mais quero
Baila p'ra mim
Mexe comigo
Baila p'ra mim
Porque eu preciso
Baila p'ra mim amor de corpo inteiro

Quando me queimas docemente
Com carinhos teus
É demais, é demais, é demais
O calor com que eu fico
Mas quando mexes loucamente
O teu corpo no meu
Fico mais, muito mais, muito mais
A perder os sentidos
Quando tu danças enlouqueço
E em cada passo e movimento
Faz-me sonhar com mais jogos proibidos"

Faz de conta

Não há quaquer dúvida, este é um governo do Faz de Conta.

Faz de conta que dá ... mas não dá!
Faz de conta que é .... mas não é!
Faz de conta que os portugueses estão mais qualificados .... mas não estão!
Faz de conta que não há dinheiro ... mas há muito!
Faz de conta que investe na saúde, na educação ... mas não investe!
Faz de conta que é bom gestor ...mas não é!
Faz de conta que se tem idoneidade e ética para fiscalizar os outros ...mas não se tem!
Faz de conta que todos os portugueses têm de fazer sacrifícios ... mas todos todos, não têm!
Faz de conta que atacar uma classe profissional de cada vez, vai elevar o reino da classe politica .... mas não vai!

(recebido por e-mail)

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Abre hoje


A Arte Lisboa - Feira de Arte Contemporânea abre hoje as portas da sua 9ª edição. Considerada a mais importante montra de arte contemporânea do país, reúne dezenas de galeristas e artistas portugueses e estrangeiros, estando representadas todas as formas de expressão artística.
A feira, que pretende ser um ponto de encontro de artistas, coleccionadores, críticos e outros agentes do meio, tem também como objectivo divulgar a arte contemporânea nacional e internacional junto do público comprador.

Todos os anos a Arte Lisboa tem visto crescer o número de público tendo atingido, em 2007, cerca de 18.000 visitantes. Em constante renovação, consolidando e atraindo novas presenças do panorama galerístico nacional e internacional, a edição da ARTE LISBOA 2008 conta com a presença de 70 galerias (mais 10 do que em 2007), das quais 45 são nacionais e 25 estrangeiras. Em relação à maioritária representação nacional é de salientar a nova inserção das galerias Art Form, Bernardo Marques, Leonel Moura, Nuno Sacramento e Pente 10, que pela primeira vez estão na feira. No que respeita à participação internacional, Espanha volta a ser o país estrangeiro mais representado com 21 expositores, e assinala o maior número de novas integrações, através da presença das galerias Adhoc, Alonso Vidal, Bacelos, Casaborne, Del Sol St., Heinrich Ehrhardt, Marisa Marimón, Estiarte e Marta Cervera. Moçambique, que terá um ponto de referência a cargo da Muvart. Finalmente, a Alemanha está presente através da nova participação da Brot und Spiele Galerie, e a Coreia, com a incorporação da Aka Gallery.

A Feira tem ainda dois programas especiais: um ciclo de conferências e uma área dedicada a projectos paradigmáticos da Arte Contemporânea, onde jovens artistas têm à sua disposição um espaço para trabalhar novos conceitos. Este ano, o “Project Room”, comissariado por Paco Barragán, é dedicado à pintura, expressão artística que voltou a ganhar relevo depois de nos últimos anos ter sido desconsiderada por muitos artistas contemporâneos.
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Informação Geral
A 8ª edição da ARTE LISBOA vai realizar-se entre os dias 19 e 24 de Novembro. A feira de arte contemporânea portuguesa decorrerá no Pavilhão 4 do recinto da FIL, situado no Parque das Nações, em Lisboa, junto ao Rio Tejo.

Datas e Horários
Preview & Vernissage:
19 de Novembro, das 18:00 às 23:00 horas

Abertura da Feira ao Público:
20 – 24 de Novembro, das 16:00 às 23:00 horas

Bilheteira
Bilhete Individual 20 - 24 Novembro: 8,00 € (IVA incluído)
Bilhete Estudante / Jovem / Sénior 20 -24 Novembro: 4 € (IVA incluído)
Catálogo Oficial ARTE LISBOA 2008: 20,00 € (IVA incluído)

Quando o silêncio se impõe



Nasceu em 1911. Ainda em grande criação.



Louise Bourgeois num regresso ao culto da fertilidade, a primeira forma de representação do Homem pelo homem.


Mais uma Louise


E mais uma.

Adeus Montesquieu (Volta Lenine)

À margem de tudo, porque se nunca ninguém ligou a isto, também não vai ser agora que o vão fazer.

É quase um campeão incontestado, a descredibilização dos tribunais, a (des)confiança nos juizes, as salas cheias de processos (pouco Kafkianos se eles ao menos se entretivessem a lê-los), enfim, tudo, o sistema.

A classe política, idem.

Sobra o quê? A Presidência?

Graças a Deus e à Coca-Cola, o Natal está a chegar e vamos todos ter uns dias de férias.

Já mandaram pintar-lhe o retrato?

A MFL cometeu Harakiri político.

É ela que quer sair de algo que talvez nunca quis entrar. Escrevi aqui no início desta odisseia, que MFL sempre se sacrificou, desta vez, acabou mesmo ou, os que a sacrificaram, acabaram com ela.

Mas errou, não vai sair sequer com honra.

O PSD devia fechar a porta, antes que se torne numa casa frequentada por bandidos, prontos a delapidar o que resta do património do partido.

MFL 2

Dizem uns que o que disse a Dra. MFL foi indevidamente aproveitado pelo Governo para denegrir a imagem da senhora e distorcer o que de facto disse.

Vamos aos factos: entramos em período pré-eleitoral ou mesmo eleitoral. Quando assim é tudo o que se diz, como se diz e onde se diz tem um grande significado, se não mesmo essencial para a mensagem e imagem que o político em causa quer passar.
A quem compete o quê? À Dra. MFL compete ter a capacidade, inteligência e capacidade política para que a sua mensagem seja clara e sem dar azo a várias interpretações, em especial, aquelas mais longe do que de facto quis dizer. Ao Governo compete-lhe usar todas as formas que tem, legítimas e legais, para conseguir distorcer a mensagem que MFL pretende transmitir. Como não há almoços grátis aqui ninguém é amigo de ninguém e MFL sabe disso.

Agora como se resolve o problema? Quem falou no cumprimento do seu papel? MFL ou o Governo?

Parece-me que e olhando para o papel que cabe a cada um dos intervenientes no caso, o erro esta em MFL. Devia ter tido mais atenção na forma como disse o que disse, no conteúdo usado, na forma e no método da sua mensagem.

O Governo fez o seu papel na perfeição, depois de uma mensagem sujeita a diversas e variadas interpretações veio a terreno dizer o que disse e sem qualquer pudor..
Portanto, o Governo cumpriu com 20 valores o seu papel, MFL ficou, mais uma vez, pela negativa. Ao querer usar a ironia não foi capaz, nem teve capacidade suficiente para usar a ironia da forma mais inteligente. A ironia faz parte da política mas deve ser usada com inteligência e cautela.
No fim de tudo até concordo com a mensagem de MFL sobre a força das corporações e o quanto empancam a sociedade. Mas não é isso que está em causa neste episódio, antes sim a forma como foi dita e o método usado.
No fim de contas este problema é apenas uma questão de forma e de método (se assim for ainda vamos a tempo de corrigir) ou é mais grave que isso e MFL não tem capacidade para se mostrar como uma alternativa a quem está, hoje, no Governo.

Lendo os outros

"Com isto, ninguém prestou atenção à parolice governamental que fez deslocar um 1º ministro, cinco ministros e cinco secretários de Estado a uma denominada "feira tecnológica nacional", a nova Golegã sem cavalos mas com "Magalhães" por todo o lado. Esta gente é que está no poder. Não é a outra senhora. Um pormenor insignificante para os ranchos folclóricos de diversas proveniências (Menezes já fez a competente prova de vida) sempre prontos a arrear uma tunda em tudo o que mexe contra Sócrates. Força"
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João Gonçalves, in 'Portugal dos Pequeninos'

O estado das coisas

Manuela Ferreira Leite foi irónica. Quem ouviu o que ela disse e como o disse percebeu a ironia. Mas é claro que, mais importante que estar atento à mensagem ou aos reais problemas do país, parece que é do interesse de todos fazer oposição à oposição.

Os registos de Manuela Ferreira Leite (MFL)

MFL habituo-nos a dois registos possíveis: 1) o silêncio profundo e absoluto, 2) a polémica, a incompetência na forma como diz as coisas.

Vantagem das manifestações dos professores


Não vão às aulas porque estão em greve, como estão em greve e em manifestações não dão aulas. Como não dão aulas os alunos não aprendem. E assim os alunos não aprendem mal. Do mal o menos.

Falta um mês...


"Aqui, tudo é verdadeiro e falso ao mesmo tempo, porque há sempre uma Índia por descobrir, e outra ainda...
Potência nuclear e naval com 600 milhões de eleitores, a maior democracia representativa, dispondo da maior indústria cinematográfica do mundo, e um terço da população a viver abaixo do nível de subsistência, querer definir a Índia é errar.
Porque não há um caminho, há mil e um labirintos e nenhum deles tem saída. Percorrê-los é o caminho."
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Marcello Duarte Mathias, in 'Diário da Índia'
25 de Novembro de 1993

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Melancolia de Outono

Levou tempo a habituar-se a andar sem ele ao lado, a querer contar sem ser ele a ouvir.
Voltava às ruas onde iam, aos lugares que frequentavam, sentava-se ali, imaginando que ele também se sentava e, por um momento, a angústia desaparecia e ela voltava a amá-lo como dantes. Sempre em vão, sempre calada, tecendo paciente sobre a mágoa o fio interminável do esquecimento.
Muitas vezes pensou que não queria voltar a vê-lo, outras tantas imaginou que era ele em cada uma das pessoas com quem se cruzava. Nas cinzas amargas daquela paixão, temia não o reconhecer como temia reencontrá-lo, não queria ver o seu olhar vazio da cumplicidade mágica que os unira, nem queria descobrir nele vestígios do amor mal resolvido.
Não voltou a pronunciar o nome dele e fechava-se num mutismo teimoso quando alguém ousava voltar ao assunto, ninguém percebia aquele desabar estrondoso de um namoro de tantos anos, daquele amor tido como inabalável e definitivo. A pouco e pouco, a firmeza daquele desgosto vivido em solidão ditou sobre o assunto um silêncio cúmplice e solidário, que a protegeu e deixou viver em paz o lento processo de apaziguamento.
Até que se esqueceu dele. Os seus traços esbateram-se, a sua voz deixou de ecoar na monótona repetição daquela despedida incisiva e fria e a recordação dele deixou de causar uma dor intensa sempre que a memória lhe passava o dedo de mansinho.
E ela abraçou com tranquilidade uma vida finalmente inteira.

Ainda se lembram II?

Ainda se lembram?


Vi aí num blog que não vou citar. Puro egoismo.

A Câmara Municipal de Lisboa e o empurrar com a barriga

Ligar para a Câmara Municipal de Lisboa é uma autêntica aventura. Para pedir uma simples coisa como uma pequena rectificação numa notícia do site da Câmara levei quase uma hora a encontrar a pessoa certa para me resolver o problema.

Entre não é este o departamento, tenho de passar ao chefe de divisão, tenho de passar para a minha colega e o melhor é ligar para o número X sofri de todos os males e do pior que pode haver na administração pública.

Graças a Deus que quando, finalmente, encontrei a pessoa certa para me resolver o problema, ele foi rápida e prontamente resolvido.

De tudo isto tiramos as seguintes lições: a senhora telefonista, depois de apresentado problema, ou não conhece a Câmara ou não tem inteligência suficiente para o lugar, dois, ninguém decide nada sem autorização e o conhecimento do chefe, o que faz empancar tudo e mais alguma coisa até a mais simples como o meu problema, três, fechem a Câmara de Lisboa, sff, aquilo não funciona os funcionários têm má vontade, desconhecem as funções que têm e empurram com a barriga tudo o que seja trabalho.

Eles viram tudo

Morreu uma criança inglesa vítima de maus tratos da mãe e do padrasto.
Morreu um bebé que a assistência social já tinha visto dezenas de vezes, cujo caso acompanhava, que já tinha ido ao hospital com graves contusões provocadas por “quedas”.
Morreu um menino na Europa, em Inglaterra, porque a teia de leis e cautelas é tão esmerada que permite ver, analisar e chegar perto. Mas não permite salvar.
Fica o processo e a notícia.
Morreu o menino.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Impossível esquecer


Bardem, a Penélope e a Scarlett juntos em Barça?

Pôr do Sol em Sines

O Governo dá

Vais ter relações sexuais?
O governo dá o preservativo.
Já tiveste?
O governo dá a pílula do dia seguinte.
Engravidaste?
O governo dá o aborto.
Teviste um filho? O governo dá o Subsidio de Família.
Estás desempregado?
O governo dá subsidio de Desemprego.
És viciado e não gostas de trabalhar?
O governo dá o rendimento mínimo garantido!
AGORA... Experimenta estudar, trabalhar, produzir e andar na linha pra ver o que é que te acontece!!!!!
VAIS GANHAR UMA BOLSA DE IMPOSTOS NUNCA VISTA EM LUGAR ALGUM DO MUNDO!!!!! PARABÉNS TROUXA !!!
Não percebo bem, o que o PSD está a fazer, com o Santana Lopes.
O Sporting fez o melhor jogo da época frente ao Porto, perdeu e foi eliminado da Taça. Agora, faz um bom jogo frente ao Leixões, perde e está em 6º na Liga.

O que falta ao Sporting, é menos futebol e mais gestão. Falta preparação fisica e mental adequada, serões de futebol a analisar jogadas e forma de jogar dos adversários, liderança em campo.

Nada faz tremer Alvalade como sofrer um golo. A equipa desorganiza-se e perde posição. O final do jogo com o Leixões, já depois de sofrer o golo e de 45m brilhantes, foram penosos, nenhum dos jogadores, tinha noção de qual a sua função e do que tinha de fazer.

Paulo Bento deve encarar a equipa como um exército, e saber que nem o mais forte dos exércitos, desorganizado, ganha o quer que seja.


O Cristiano Ronaldo é um fenomeno. Acabou de ultrapassar aos 23 anos, os 100 golos ao serviço do Manchester United (o 100º e o 101º ambos de livre directo). Às tantas, o mundo esquece-se que tem apenas 23 anos. Soube que nada todos os dias. É um grande.
Um dos melhores remates do Sporting - Leixões, foi durante o intervalo, na RTP2 passava uma entrevista ao neurologista Professor João Lobo Antubes (também Prémio Pessoa).

Disse coisas interessantes como "As Universidades são a criação mais duradoura da inteligência do Homem"

"O Juízo é independente do mérito" e "A inteligência levanta obrigações morais".

São afirmações aparentemente simples.

E.A. Poe


O Lauro António tem um blog, dedicado às incursões do cinema, na literatura de Edgar Allan Poe. Chama-se Meia Noite Fantástica

Segunda-feira...

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

"Não posso ir ao mercado de Inverno substituir este quadro de árbitros."

Parece que o senhor Vitor Pereira, presidente da Comissão de Arbitragem da Liga, concorda comigo quando digo Importem-nos!




Esta semana, numa onda semelhante na forma (moldadas pelo reef), umas 20x mais pequena, quando rebentou, teve força suficiente para descalçar-me e deixar-me um olho negro. Ao Kerby Brown, deixou um ombro deslocado e a viagem ao fundo do mar mais profunda que já tinha vivido, o desespero da falta de ar acompanhado por 10 longas braçadas para chegar à superficie. Em pleno mar da Austrália, habitam uns loucos, cujo passatempo favorito, é entrar nestas gargantas profundas. Não há tratamento de imagem. Ali é tudo cru, nada de Bonds. A sessão foi ao final do dia.

Ficção


Saiu de casa com a certeza de que não voltaria. Não sabia bem se era o último dia da sua vida ou se era exactamente o primeiro de todo o resto. Sentia apenas que o fim de uma época tinha chegado e que a sua existência iria mudar radicalmente daí para a frente.
Tinha 23 anos protegidos pela asfixiante presença da mãe que se recusava continuamente a perceber que o seu filho tinha crescido. Continuava a ir esperá-lo ao emprego, como tinha esperado o toque de saída no infantário, na escola primária, de sucessivas em sucessivas humilhações até à universidade.

O pai tinha saído de casa poucos anos depois dele ter nascido e esta sombra marcaria para sempre a sua relação com a mãe, uma mulher obcecada com a ideia do abandono. As razões da fuga do seu pai eram para si um mistério. Quando se tocava no assunto, nas raras vezes em que tinha conseguido romper a barreira de silêncio, todos baixavam os olhos com vergonha, ou com receio. A mãe tinha criado uma lenda à volta deste desaparecimento. Dizia a todos que o seu marido tinha sido mais uma vítima da ditadura, sem perceber que as datas não eram sequer coincidentes, ou se calhar compreendendo bem a mentira em que se enredara para poder continuar a viver. Talvez se recusasse a aceitar que o único homem com quem se deitara tinha saído de casa por sua causa, por causa do seu comportamento possessivo. O filho pensava nas hipóteses: o pai tinha ido embora depois de perceber que a mulher com quem tinha casado não lhe despertava o melhor que tinha dentro de si. Ou porque a sua vida comportava limites mais vastos do que aquele triste quotidiano lhe estabelecia.

Nuno ia já ao fundo da rua (chamava-se Nuno este filho) quando se apercebeu que não sabia o que iria fazer, para onde iria ou o que queria para si. Era domingo e tirando um ou outro transeunte distraído, as ruas estavam praticamente desertas na sua calma de fim de semana. Caminhava vagarosamente, sentindo a cada passo o peso de uma decisão que iria decerto acabar com a felicidade artificial que a sua mãe tinha criado para os dois.

Enquanto se afastava de casa pensava, orgulhoso, como tinha sido fácil a sua fuga. "Vou comprar pão", disse, sabendo que se lhe faltasse a coragem poderia sempre regressar com um saco de carcaças da Padaria Mimosa que era mesmo ali na esquina. Não acreditava que fosse capaz de ultrapassar essa fronteira.

Quando passou à porta da padaria o seu coração batia a um ritmo descontrolado. Por momentos achou que algo ia explodir no seu peito, que iria ter um colapso e ficar estendido ali mesmo. Parou um pouco e encostou-se à parede, branco, ofegante e a insultar-se pela sua fraqueza. Resolveu entrar e comprar o pão, saindo a correr sem sequer levar o troco o que suscitou a desconfiança da mulher do padeiro que nunca tinha visto aquelas atitudes numa pessoa que sempre lhe parecera calma. Se lhe pedissem para descrever o Nuno diria que era uma daquelas pessoas que fica à espera que o mundo gire para dar um passo. "Uma mosca-morta!"

Entrou em casa batendo com a porta e depois de atirar o pão para a mesa da cozinha trancou-se no quarto com lágrimas de raiva nos olhos, saboreando a sensação de liberdade que lhe percorrera o corpo quando decidira fugir. Mas falhara. Uma vez mais falhara. E quando a mãe lhe bateu à porta para saber o que se passava, recompôs-se, respondendo a frase de sempre: "sim mãezinha?"

A não perder!


«ESPECTROS» de Miguel Branco, no Príncipe Real
AR-PAB
Rua D. Pedro V, n.º 69
(até 29 de Novembro)

Teresa Lacerda na Galeria Diferença

“Que le ciel parle en moi rire, ange nouveau.
Ne me reveillez pas, c’est le temps de l’oiseau.”
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Olivier Messien
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"Aos 18 anos ofereceram-me este objecto.
Misterioso na sua simbologia,sei que foi trazido para Portugal no tempo da Segunda Guerra por algum refugiado que por aqui passou a caminho dos Estados Unidos. Nessa altura todos os refugiados passavam pela “Casa Molder”, nos Restauradores, para vender pequenos objectos de arte transportaveis, como telas, selos, jóias…
Este pássaro burilado em prata significará o secreto desejo de ver a queda da Alemanha, simbolizada pela águia? O sonho de uma vida cortado pela guerra?
Para mim, simboliza agora o fim do voo do meu amigo George Pissarro, escultor, que morreu recentemente em N.Y e a quem dedico esta exposição."
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“Aile falquée du songe, vous nous retrouverez ce soir sur d’autres rives!”
“Oiseaux” de Saint-John Perse
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LE CHANT DU ROSSIGNOL
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Exposição de Teresa Lacerda – Objectos e Pintura
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Galeria Diferença – 15 de Novembro a 2 de Janeiro 2009
R. S.Filipe Neri, 42 cave
1250- 227 Lisboa
de terça a sabado 15h às 20 h

Lendo os outros...

«O secretário de Estado adjunto da ministra lembrou-se de comparar o que parecia incomparável, explicando que, assim como o aumento dos impostos não pode ser negociado com os cidadãos que os pagam, também as medidas avançadas pelo Governo na área da educação não podem ser negociadas com as partes envolvidas no processo. Esta inovadora tese, que sobrepõe os altos desígnios do Governo aos interesses mesquinhos que guiam os governados, abre as portas a um novo mundo socialista onde o diálogo se transforma numa inutilidade e o consenso é, antes e mais, um sinal de fraqueza que se deve a todo o custo evitar.
Entre as habilidades do Orçamento, a abertura às pequenas e médias empresas, o cuidado com os pobres e a atenção aos funcionários públicos, a avaliação dos professores teve o condão de fazer vir ao de cima o verdadeiro Governo do eng. Sócrates e de reacender a sua luta contra os inúmeros privilegiados que se passeiam pelo país. A crise internacional, como se sabe, tem dias: tanto leva à nacionalização do BPN, como se encolhe perante uma classe empedernida que, de acordo com o discurso oficial, anda por aí a protestar na rua porque não quer ser avaliada - ou, pior ainda, porque não está para perder tempo com duas ou três folhas de papel. Como diria o outro, uma classe assim, que não se deixa modernizar, acabará inexoravelmente por ser "triturada".
Pelo menos, é o que garante um tal Castilho dos Santos, secretário de Estado da Administração Pública, com preocupante à vontade: "Trabalhadores, serviços e dirigentes que não estejam com a reforma (da administração pública) serão trucidados." Bem pode o eng. Sócrates andar por aí a pregar contra o "capitalismo de casino", tentando heroicamente aproximar-se da esquerda: a verdadeira natureza do seu Governo surge, límpida e cristalina, através destes seus dois secretários de Estado. Um anuncia, de forma descontraída, que os trabalhadores que não estão com a sua reforma vão ser inexoravelmente "trucidados". O outro garante, cheio de si, que qualquer reforma conta, à partida, com a oposição dos que não se querem deixar reformar. Concluindo, não vale a pena negociar com todos aqueles que, por motivos mesquinhos, estão contra as reformas que os afectam, até porque, em última análise, se estes se mantiverem firmes nas suas nefastas posições, acabarão por ser higienicamente "trucidados". Nos tempos do Estado Novo dizia-se que quem não estava com o poder estava inevitavelmente contra o país. O eng. Sócrates e o seu Governo conseguiram ir ainda mais longe: agora, quem não está com o poder está a um passo de ser "trucidado". É obra!»
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Constança Cunha e Sá, Público
via Portugal dos Pequeninos

Reentrei num ciclo de purgar todo este Portugal. (B)Hasta

Bem vindo ao sonoro



Para quem nunca se apercebeu da magnitude deste filme, bastante mais do que o nunca gasto Singing in the rain, que o vá buscar ao dvd/clube.

E porque é sexta-feira...



Toi et moi
(Grégoire)

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

A não perder!

Exposição "Ensaio sobre o Sol"
Marta Wengorovius
Galeria Carlos Carvalho
15.Nov.2008 às 16h00
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(Porque é nossa amiga, nossa vizinha, nosso ombro, nossa companheira de tai-chi mas, principalmente, porque é uma grande artista!)
O que eu gosto desta babe

Lendo os outros I...


"Começa a ser um cliché cansativo aquelas idas de Sócrates às escolas onde os meninos estão todos arrumadinhos a mexer no seu "Magalhães". Há "planificação" a mais no reino "socrático". Tudo surge muito lavadinho e ensaiado como se isto fosse o país das maravilhas. Quando se abusa da propaganda, corre-se o risco de provocar o efeito contrário ou, pior, indiferença. Sócrates banalizou a propaganda como puro kitsch. Há regimes que viveram anos a fio (alguns ainda vivem assim) imersos no kitsch. Nenhum deles é exactamente uma democracia. São mais fantochadas. A democracia possui uma simbologia que não é compatível - a não ser a título de kitsch - com estas manifestações que têm tanto de "tecnologia de ponta" como de atávica paloncice. Suponho que não seja essa a "imagem" que Sócrates deseja para a sua eternidade política."