quarta-feira, 29 de setembro de 2021

A beleza de ser pessoa


[Secção pensamentos soltos com letras verdes sobre a beleza de ser pessoa] Terminei há pouco de orientar mais um grupo de Exercícios Espirituais de 8 dias. É sempre gratificante sentir, observar, confirmar como o Espírito vai trabalhando no coração de cada pessoa. O caminho da verdade connosco próprios é tão libertador. É igualmente exigente, duro, a ser feito com muito respeito, sem voluntarismos, mas profundamente libertador. 


Somos bombardeados de muita informação de como se é suposto ser. Já desde o ventre materno, com os mais menos descansos e alimentações, desejos, emoções, recebemos sentir que já influencia a existência. Depois, nas inúmeras relações  ao longo da vida, muito mais recebemos. Obviamente, muita informação intelectual, emocional e espiritual é boa, necessária, construtiva, de sentido de si e de outro. Informação de Amor, poderia chamar. Mas, em paralelo, também há tanta porcaria, castrações, imposições, directas, indirectas, que ofuscam a beleza do ser. E, a que mais me dá que pensar, é aquela que surge com aparência de bem. E totalmente perversa ainda, quando é em nome de deus (sim, neste caso, em minúsculo). Informação de desamor, poderia chamar. É por isso que um retiro, bem acompanhado e orientado, torna-se lugar de liberdade. Repito, é exigente, duro, a ser feito com muito respeito. Tal como subir uma montanha ou correr uma maratona exige preparação, também ir desbravando a alma implica tempo, equilíbrio, noção dos limites. As informações de desamor não se arrancam, precisam da delicadeza da integração, pois muitas emoções afloram, em novidades de comportamentos que não se esperam. Por isso, não pode ser um caminho de heroísmo, mas acompanhado por quem sabe orientar. 


Pela tarde, passei pela Centésima Página. Enquanto olhava para todos aqueles livros, que, desde a literatura, à poesia, aos mais técnicos nas diversas áreas, retratam do melhor ao pior da humanidade, escrevi uma pequena oração em letras verde, a pensar na beleza de ser pessoa. Sexta-feira começo outro turno de Exercícios, com a maravilha de colaborar com Espírito a dar Vida. 


segunda-feira, 27 de setembro de 2021

481 | 18


[Secção vida em celebração] 481 | 18: anos da Companhia de Jesus no Mundo, os que tenho de vida como jesuíta. 


Quando acordei, depois de agradecer o dia, foi o primeiro pensamento: 18 anos de jesuíta. Brinca-se com o número, pelo significado de maioridade. Enquanto rezava, pedindo a Deus pela Companhia, as suas missões e todos os meus Companheiros de cá e de lá, e em jeito de viagem ao longo deste anos como jesuíta, voltei a pensar no que escrevi há dias, no crescer até ser semente. Têm sido anos de muita aprendizagem, na travessia de sombras pelas luzes, sobretudo de Deus. É exigente crescer, mais ainda permitir-me ser semente. Santo Inácio termina a segunda semana dos Exercícios Espirituais a recordar que mais avançamos em todas as coisas espirituais, quanto saímos do próprio amor, querer e interesse. Depois de 18 anos, percebo o tanto que há de liberdade nesta saída. E só se compreende de entranhas essa liberdade desde o altar. Aí, quando celebro, respiro em profundidade e entrego o amor e o desamor, a vontade e o desdém, o interesse e o desinteresse. Não vai apenas de força pessoal, mas sobretudo de abandono confiante a Deus que me e nos desinstala constantemente a não ficarmos na infância e adolescência espirituais. Chegar a adulto na fé implica entregar-se total e plenamente. Bem, são apenas 18 anos. O caminho continua, a aprender desde o respiro divino até ser semente.


sábado, 25 de setembro de 2021

Potencial de amar


[Notas nocturnas enquanto vagueio na oração] Todos temos potencial de amar. Sinto-o esta noite desde a profundidade das entranhas. Como se fosse atravessado de todas os rostos que vi e que amei, escarneci, motivei, odiei, abracei, gozei, temi até aos ossos, desejei ser, desdenhei, ajudei, ignorei, suportei. Rostos que desconhecia e vi a sorrir, a gritar de horror, com olhar de ternura, dureza de violência, marcas de tempo, maquilhados de futuro. O mundo está em mudança. Os corações estão em mudança. O meu coração está em conversão constante, nessa busca de ser dador de vida, a aprender a ser semente. Todos temos potencial de amar. Apesar de todas as dores que nos magoam a alma, apesar de ainda lutarmos em lugares de infância dorida e adolescência oprimida, apesar de nos julgarmos constantemente a nós próprios e aos outros pelas suas características mais ou menos coloridas, apesar de impormos normais físicos e humanos, apesar de temermos o caminho da liberdade e da fé, todos temos potencial de amar. Chegará o dia em que celebraremos o sol a nascer para todos e a chuva irrigar cada terra sagrada a libertar os frutos de vida. Bem-aventurados seremos nesse dia. Até lá, que caminhemos a deixar a luz dissipar todas as trevas, permitindo o amor ser tudo em todos.


sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Uma folha


[Secção coisas de nada] Ofereceram-me esta folha, com tanta delicadeza e carinho “se colocares a meio de um livro mais pesado mantém as cores”, que deixou de ser mais uma folha para passar a ter a densidade de pensamento, partilha, presente e presença, amizade e muito mais características novas. Nós, seres humanos, temos esta capacidade de tornar o banal em algo profundamente especial; a simplicidade em algo cheio de significado. Por outras palavras, a riqueza do simbólico que transforma o gesto e o objecto em parcela de plenitude. Quando penso na passagem em que Jesus nos convida a ser como crianças, também me vem ao coração a plenitude que lhes acontece no pequeno. Do nada, caída no chão, uma folha torna-se pedaço de eternidade e lugar de contemplação da amizade e do sentido da vida com significado nas relações desde as pequenas coisas.


quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Luz de Outono


[Secção coisas de nada] Gosto da luz de Outono. Gosto da luz em geral, mas a de Outono aquece o caminho do recolhimento, desponta lágrima de saudade, por ter o seu quê de nostalgia, e, por isso, aguça o mistério do silêncio. Para escutar a profundidade e beleza do ser, convidando a libertar tudo o que já não nos pertence e impede crescer. Gosto da luz de Outono.


terça-feira, 21 de setembro de 2021

Fnac Talks




[Coisas na vida de um padre] Estive na Fnac Portugal à conversa com Bárbara Ramos Dias, psicóloga com enfoque em adolescentes, sobre a importância da paz interior, tanto de pequenos como graúdos, na vida, na educação, no ser. Agradeço à Bárbara o convite para esta boa partilha de tema tão pertinente na actualidade. Esta conversa integra um conjunto de Fnac Talks. Fica o link: https://youtu.be/zjS2LTQxxQ0


segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Breve oração



[Breve oração ao anoitecer]


Agradeço-Te

as memórias simples, desde os sentidos,

dos abraços dados e dos beijos recebidos,

das horas a deixar a luz entrecruzar-se

nas sombras, enquanto se libertam

culpas, vergonhas, angústias e medos,

dando mais tempo e espaço ao amor


Peço-Te

mãos soltas ao serviço,

pés cada vez mais firmes

em terra e horizontes que escrevam 

memórias simples, tornando-nos

fragilmente humanos e fortemente divinos

como uma criança a ser sinal de Ti

domingo, 19 de setembro de 2021

Paulo de Paz



[Secção pensamentos soltos sobre redes sociais] Já ando pelas redes há uns anos. Nesta ou naquela plataforma, tenho vindo a publicar em modo partilha, com reflexões e humor, seja nos pensamentos soltos, com letras verdes, coisas de nada ou na vida de um padre, por vezes também de corpo e pelas breves orações. Muitos dos textos acabaram por ser compilados em dois livros. Tudo já levou a muitas conversas, com pessoas a interrogar, a abrirem-se à fé, a serenar o coração, a descobrir novas faces de Deus. Vão-se juntando e tanto no Facebook como no Instagram passam os 11 mil seguidores em cada uma.


Tenho trabalhado a liberdade em relação às redes. Várias vezes pensei sair. Há muita tensão, onde o conflito, o desdém e o ataque são facilmente postos como possíveis e adquiridos. Por mais que não se queira, as redes influenciam a vida. Têm impacto social e político, também religioso. Tenho cada vez mais consciência do quanto as pessoas tomam o “vi na net, logo é verdade”. Pois. Daí a noção da responsabilidade também como caminho de paz. Aquando da polémica da Carta aos Efésios, do que mais percebi foi a responsabilidade que há a ter quando somos seguidos por milhares de pessoas. O meu vídeo foi visto por mais de 20 mil pessoas. Isto deu-me e dá-me que pensar: para sermos homens e mulheres de paz, a liberdade tem de estar sempre aliada à responsabilidade. Tal implica observação, silêncio, reflexão, liberdade interior. No caso das redes, mais ainda. Se quero ser “Paulo de Paz” (ou, convido a cada qual pôr o seu nome), tenho de estar atento às profundas motivações que me movem. Afinal, uma publicação pode fazer muito mal ou muito bem.


A todas as pessoas que têm chegado, deixo o meu abraço. Por todas rezo em cada dia. Por aqui, tentarei seguir o caminho de paz e promoção de humanidade. O Deus no qual acredito convida-nos a amar como Ele amou. E isso talvez seja do mais maduro que há, onde liberdade e responsabilidade juntas são lugares de adultez e de amor. Por aqui seguimos em partilhas. Obrigado pela confiança.


sábado, 18 de setembro de 2021

Boas conversas


[Secção letras verdes] Em profundo agradecimento, para que mais aconteçam, ajudando o mundo e as relações a serem mais humanos e, daí, divinos.


sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Atraso do padre




[Foto: Paulo - Lovelymoments_pt]


[Coisas na vida de um padre] Estes tempos têm sido muito animados com casamentos e baptizados. Isto de 2020 ter sido escasso em celebrações, passou para 2021. Tenta-se facilitar o mais possível a vida. Para não haver enganos, confirmo e reconfirmo datas e horas. Mas… pois, há um mas e um dia que o padre provoca taquicardias aos noivos. Ia todo tranquilo a caminho do Sameiro, quando começo a receber chamadas da noiva, do padrinho, de amigos. Parei o carro a devolver a chamada. “P. Paulo, está tudo bem? O casamento era às 13h.” Já passava meia hora. Solta-se-me um palavrão. “Ai, já estou quase a chegar!” Estaciono. Encontro a noiva. “Não te dê agora um ataque cardíaco!” Gargalhadas. Entro na basílica. Paramento-me. Vou pelo corredor central: “o padre chegou. Desculpem atrasar as moelas… ou o tofu, que isto temos de ser inclusivos.” Mais gargalhadas. Vou para a porta a esbracejar: “Noivo, já cá estou! Vamos começar!” E ficou registado o momento. A celebração continuou na normalidade: com muita animação, emoção e amor entre eles e Deus. Haja alegria!


terça-feira, 14 de setembro de 2021

Breve oração



Luís e Marta - Lounge Fotografia


[Breve oração ao anoitecer] 


Agradeço-Te

as conversas rosto a rosto

em liberdade e confiança

a anunciar vida e a acolher

o coração pronto a amar 


Peço-Te

consciência para abraçar

cada história com respeito,

apontando à alegria


segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Pés em terra [sagrada]


Julia Duro


[Secção coisas de corpo e na vida de um padre] Quando oriento retiros, na escuta em acompanhamentos, a celebrar Missa, quando falo de temas sagrados, gosto de me descalçar e sentir os pés firmes no chão, em terra sagrada de vidas, histórias ou temas aos quais sou chamado a fazer silêncio e reverência. A dança ajudou-me muito a descobrir essa ligação entre céu e terra, onde a pele faz ligação com o todo. Resolvemos tapar os pés. Impedimos essa possibilidade de consciência de presença com o aqui e o agora. A vergonha, o nojo, a estranheza e o esquisito são formas de julgamento. Somos chamados à liberdade desses julgamentos. “Descalça-te”, diz Deus a Moisés. Hoje, a dar um testemunho sobre oração, mais uma vez toquei terra, húmus, para falar desde a humildade de como vivo a relação com Deus através da oração. Quando saímos de uma oração centrada na cabeça e deixamos todo o ser rezar, de pés bem assentes na terra, vivemos plenitude. E, aos poucos, no caminho da vida, em terra sagrada que somos, algo novo surge, em maior compreensão, liberdade, encontro e respeito. Fica a sugestão de descalçar, respirar e agradecer, abrindo o coração para servir. 

sábado, 11 de setembro de 2021

11 de Stemebro [20 anos]



[Secção memórias com pensamentos soltos] Estava a fardar-me, numa tarde normal antes se ir trabalhar. O meu pai telefona-me: “tens a televisão ligada?” Liguei. “Que filme é este?” Do outro lado: “Não é filme. É em directo de Nova Iorque.” E dá-se o embate do segundo avião contra a outra torre. Fiquei em silêncio. Desliguei, sem antes ouvir com voz preocupada “que tenhas um bom voo.” Cheguei ao aeroporto. Grande agitação. Íamos fazer o Turim-Madrid. Havia silêncio, comoção, estranheza. Os passageiros embarcaram e o ambiente no avião era estranho. Estávamos todos incrédulos. Mas era real. 


Continua a ser real, 20 anos depois, o medo, a dor, as perguntas, a mudança no mundo. E em tantos corações. O lá longe torna-se perto. Os conflitos continuam e somos chamados a trazer paz às vidas, ao mundo. É também um trabalho pessoal, em que cada um(a) de nós tem de atravessar as suas zonas de sombra, ódio, cansaço, para não permitir que a vingança tenha a última palavra.


Penso em todos os que perderam e perdem a vida por vingança pessoal, comunitária, política ou religiosa. Que haja consciência do poder que cada um de nós tem para o mal ou para o bem. Está nas nossas mãos contribuir para a Vida.


sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Boas recordações


Luísa e Paulo - Lovely Moments


[Coisas na vida de um padre] Chegam boas recordações de dias bonitos. Abençoar um casamento é fazer a ponte entre o amor dos casal e o amor de Deus também por eles. E se há coisa bonita, é vê-los a viver essa confiança n’Ele. Claro que é trabalho para a vida. O padre está lá para ajudar. A fé tem muito de comunidade e de abraço.


quinta-feira, 9 de setembro de 2021

Somos silêncio


[Secção letras verdes] Depois de, numa conversa, ter-se soltado o grito de anos que impedia a fé e o amor, sobretudo em si mesma.


quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Em celebração



[Secção Vida] Acordei a pensar nesta foto. De tantas, esta surgiu com muita naturalidade. Fui buscá-la. Já a tinha partilhado por estes lados. Na amizade não se esgota a novidade, mas é estimulada pela força das recordações a permitir algo novo. Volto à foto, com toque antigo, a avivar a beleza da celebração de hoje. Recordo: as gargalhadas que demos nessa viagem, qual subida das escadarias da Sagrada Família; os momentos de tensão, qual jovens adultos ainda com tanto laivo de adolescentes; as conversas soltas com gente importante (“sabem com quem estavam à conversa?”, diz-nos o senhor do restaurante, e nós “com uma pessoa simpática”, vai-se a saber era alguém de alta responsabilidade na comunicação social espanhola) e com outros turistas que se divertiam connosco; também as partilhas sempre presentes que adensam a melhor amizade do mundo, universo e arredores. É, mesmo à distância, maravilhoso celebrar a tua Vida, Suzanne. Sou muito agradecido por te ter como irmã de alma. Que Deus e Maria, já que nasceste no dia em que também celebramos o Seu aniversário, te envolvam de Luz e continuem a avivar-te as graças da autenticidade e humanidade. GMdT!


segunda-feira, 6 de setembro de 2021

A Vida é




Madalena Meneses


[Secção conversas soltas condensadas, com a devida licença para publicar, nestes dias de julgamentos em praça pública sobre temas tão complexos da vida humana]

- P. Paulo, das coisas mais terríveis é ter de chegar a casa e pôr a máscara. Quem diz casa, diz também igreja ao Domingo com família, para manter as aparências da família feliz. Fica bem. Estou farto do “fica bem” e não me consigo libertar disso. Fala-se muito em sociedade de emancipação, de saída do armário, de tanto, mas não se conhecem os meandros psicológicos e espirituais provocados pelo que se ouve desde quase o ventre materno. É mais fácil uma vida dupla e, mesmo sendo terrível, chegar a casa e pôr a máscara. Ir à Missa e pôr a máscara. Quem sou eu? [Com a pergunta as densas lágrimas surgiram.]

Levantei-me e diante coloquei a minha mão no ombro, mantive o silêncio, deixando falar o gesto firme de acolhimento. Quando serenou, regressei à cadeira. Seguiu: sou o filho que vê a mãe a chorar depois do pai gritar. Sou o irmão que vê os mais novos começarem a seguir caminhos extremos ao nível político e religioso. Sou o amigo que se isola cada vez mais. Vale a pena viver?

- Que resposta tem para essa pergunta? 

Fixou-me o olhar.

- Como assim?

- Do imenso que me conta, é como se encontrasse um muro intransponível e, de algum modo, se começasse a identificar com esse muro. Pode fechar os olhos? Respire fundo. Volte a abrir. Diga-me: vale a pena viver a sua vida ou a de outros? Sei que a sociedade, a família, até mesmo a religião, obriga, paradoxalmente nalguns campos no aparente em nome da liberdade, a viver a vida que outros querem, seja em massa amorfa de características, seja em individualismo fechado da sociedade. Descobrimos a nossa vida, na relação tu-a-tu connosco e com Deus, é extremamente exigente, mas é também aí que se começa a desvelar a resposta à tão séria pergunta de “quem sou”. O caminho é longo, mas não impossível de percorrer. E vai precisar de ajuda espiritual, sim, mas igualmente psicológica, de modo a dialogar com as máscaras sem as julgar. 

- Aconselha-me alguma leitura?

- “O caminho menos percorrido” de Scott Peck. A primeira frase: “A Vida é difícil”. Depois, é abrir-se à riqueza e sentido da sua vida.

domingo, 5 de setembro de 2021

Sobre a noite


[Secção coisas de nada] Gosto da noite. Atrevo-me a dizer que tenho mesmo um suave fascínio. Há bastante tempo, era pela noite no seu sentido louco, de danças em pistas ou em cima de colunas, entre conversas divertidas, com gin tónico apenas gin, água tónica, gelo e uma rodela de limão. Sorrio ao recordar. Agora, sou mais da noite no mistério do silêncio, que permite outras conversas, a maioria interiores, algumas intimistas, como aconteceu com bons amigos na noite em que tirei esta foto. A beleza era imensa. A noite é espiritual. Jacob lutou com o anjo até à aurora. Nicodemos encontra-se com Jesus durante a noite. S. João da Cruz abriu-nos à noite escura da alma. É preciso saber atravessar as noites, fazer silêncio, observar e escutar os meandros de nós, na existência, no fulgor de nós para nos permitirmos receber algo novo. Crescer. Ser adulto na fé, nas relações, na vida. Gosto da noite, com suave fascínio. No dia seguinte à foto voltei à praia sozinho. Não lutei, dancei e mais uma vez deu-se um luminoso e novo suave nascimento.


sábado, 4 de setembro de 2021

Boas recordações



Moisés Soares


[Coisas na vida de um padre] Chegam boas recordações da dias bonitos e felizes. Têm sido muitas as celebrações, já que acumulam de dois anos. No entanto, cada uma é única, no casal a trazer os corações a latejar futuro, no desafio de amar. A brincar com um amigo padre, que também tem celebrado muitos casamentos, dizia-lhe: somos padres casamenteiros. O importante é que, à semelhança do amor divino, continuem a crescer na entrega, entre-ajuda, amizade, colaboração, partilha, sendo suporte de vida um do outro. Haja alegria!


sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Breve oração




[Breve oração ao anoitecer]


Agradeço-Te

o tempo suspenso, 

deixando acalmar os ruídos,

dispondo o coração a acolher

o que vem de nomes ou sentires


Peço-Te

manter o amor em luz

pela humanidade


quarta-feira, 1 de setembro de 2021