sexta-feira, 31 de maio de 2019

Dia Mundial do Tripulante de Cabine




Mário Raposo: fotograma da reportagem RTP sobre a entrega das minhas divisas e meia-asa da farda à Nossa Senhora do Loreto em 2003

[Secção memórias] Em dia da Visitação de Nossa Senhora à sua prima Isabel, celebra-se o dia mundial do Tripulante de Cabine. Gosto muito de ser padre. É sabido. Mas, isso não significa o anular de outros gostos. E, sim, tenho saudades de voar como tripulante. Vestir uma farda e, entre demonstrações de segurança, voz colocada de discursos de bordo, ir com o trolley por ali fora em “chá, café, laranjada”. Também das 300 milhões de vezes a dizer: “bom dia, bem-vindo a bordo” e “adeus, boa tarde e obrigado”. Mas, sobretudo, da boa disposição que leva a serenar passageiros e a ajudá-los em caminhos de boas visitas em segurança. Quem sabe um dia celebro uma Missa a bordo. Hoje agradeço as vidas de todos os tripulantes, rezando de forma especial pelos amigos de voos. 

segunda-feira, 27 de maio de 2019

Queda livre




Fotograma do episódio "Queda livre" da série Black Mirror 

[Secção desabafos] Podia falar da abstenção. Mas não quero de momento. Ainda estou a digerir este “murro no estômago” ao sentido e significado de liberdade a que tantos lutaram. A propósito da era dos “gostos” estivemos a ver com os alunos de 11.º ano o episódio “Queda livre” da série Black Mirror. O episódio retrata o perigo dos “gostos”, em pontuação social, de 0 a 5, conforme a simpatia ou antipatia nas relações. É-se pessoa minimamente considerada a partir de 4. Só se pode comprar ou ter acesso a determinadas coisas conforme a pontuação. Tudo normal naquela sociedade. Isso é, aparentemente, aceite. Que remédio. Mas, naquela sociedade da série ou na nossa realidade? Afinal, votamos a “torto e a direito” pelas redes sociais, ganhando ou perdendo estatuto, onde rapidamente se flutua entre o “besta” e o “bestial”. Claro, é só uma série de ficção científica. Depois, foi apresentar um pouquinho do que se passa na China. “Isto é o episódio!”, foi um comentário ao de leve, em conjunto com muitos ares de espanto. Disse-lhes no final da aula: “quando chegar a vossa oportunidade de votar, pensem que o mundo movimenta-se conforme as nossas acções”. Podia falar de abstenção. Mas não quero. Ainda estou a digerir o valor de 70% e a pensar na “Queda livre”. 




sexta-feira, 24 de maio de 2019

Votar





[Secção pensamentos soltos em vésperas de eleições] Atravessamos tempos de desgaste político. Talvez mais que desgaste, descrédito. A propósito de eleições vou ouvindo ou lendo “não vale a pena votar em nenhum”, “tudo o mesmo”, “não serve de nada”. É aí que penso na História, no significado e importância de uma simples cruz num quadrado. É sinal de liberdade, de tantos que lutaram para que isso acontecesse. Daí ser um direito que, sim, até posso menosprezar. No entanto, ao pensar no sentido comunitário, esse direito é complementado pelo dever. Votar também é um dever por me levar a implicar na sociedade que tantas vezes atrevo-me a exigir que se transforme. E sim, o meu voto conta nessa transformação. Cada voto conta. Fico a pensar numa entrevista a alguém que não votou no referendo “Brexit”. Dizia “eu não votei porque era claro que o ‘permanecer’ ia ganhar”. Pois e é a crise que sabemos. Mesmo atravessando o desgaste político, que isso não impeça de exercer o direito/dever que nos assiste: votar, porque cada voto tem poder.

quinta-feira, 23 de maio de 2019

Breve oração




Tessie Wallace
[Breve oração ao amanhecer]

Agradeço-Te por permaneceres,
depois de a noite absorver as horas e permitires novas perguntas.

Peço-Te
bons frutos. 

quarta-feira, 22 de maio de 2019

Contornos



[Secção coisas de nada] Ia abrir a janela do meu quarto quando reparei na beleza do tom dourado sobre a madeira. O contraste da sombra ainda desperta mais a luz. A vida é feita de contornos. Também de beleza inesperada.

segunda-feira, 20 de maio de 2019

Instante





[Secção letras verdes] Por esta tarde, em passeio pelo bosque, pensar na efemeridade da vida, de como só o amor é importante e da dificuldade em apreender com todo o ser isso mesmo.

domingo, 19 de maio de 2019

Amor sempre maior



[Secção pensamentos soltos] Das coisas mais difíceis e exigentes de entender, compreender, sentir, viver, apreender: o amor de Deus é maior, sempre maior. Tenta-se emoldurá-lo em regras ou definições à medida de olhares sociais, culturais, religiosos. Quando olhamos uma vasta planície, sendo apenas uma pequena percentagem do mundo, ou parte do céu nocturno de milhares de estrelas, impossíveis de contar, dá-se deslumbre. E é pouco. O amor de Deus é maior. Meditá-lo e rezá-lo, na tentativa de cumprir o mandamento de amar como Ele amou, faz-me ver o tanto que ainda tenho a desmontar ou desvelar. A esperança reside nos encontros em silêncio de oração permitindo recordar que o sol quando nasce é para todos. Todos! Cabe a cada um de nós saber viver essa Luz. O tal trabalho de vida no regresso ao paraíso, permitindo a “renovação de todas as coisas”. Por outras palavras: mesmo difíceis e exigentes, passos à conversão ao amor sempre maior. 

sexta-feira, 17 de maio de 2019

Conversa com Sónia Morais Santos




Marisa Freitas
[Coisas na vida de um padre] No passado dia 15 celebrou-se o Dia Internacional da Família. A Oficina de Inovação Pedagógica “Escola-Família” do INA convidou a Sónia Morais Santos para cá nos vir falar sobre este tema. Gosto muito da Sónia. Nunca lho disse, mas o olhar atento enquanto escuta o que estamos a partilhar é algo que lhe admiro. Também o modo como normaliza a vida, as relações, o ser mulher-esposa-mãe-profissional, quebrando esquemas de perfeccionismo. É clara a experiência de maternidade, em conjunto com a de conhecimentos de muitas histórias que a levam a pensar sobre a vida e no que realmente importa. Gosto muito da Sónia, da nossa amizade e de toda a família. 

domingo, 12 de maio de 2019

Bom Pastor e mãos.




[Coisas na vida de um padre com pensamentos soltos em dia do Bom Pastor] Sempre gostei muito de mãos. A evolução biológica da mão permite dos gestos mais grossos como os mais finos. Com as mãos damos, recebemos, seguramos, suportamos, chamamos, escrevemos, teclamos, abençoamos e, no caso dos padres, consagramos. Também podem ser o fim de impulsos agressivos, onde com elas se pode magoar muito, estando abertas ou fechadas. Por isso, gosto de pensar que a grande decisão é, antes de mais, de deixarmo-nos cuidar pelo Bom Pastor. Afinal, como nos diz o profeta Isaías, tem cada um dos nossos nomes tatuados na palma da mão. É para aí que olha, recordando que somos carne da Sua carne. Mesmo que se possa rejeitá-lo, por questões culturais ou intelectuais, achando que é “coisa de fracos”, de “ópio”, ainda assim, olha para a mão e afága-a, tocando nesse nome único que cada um de nós tem. Imagino-O e olho para a minha mão. Foi um dia ungida para amar. Sim, em muitos gestos aproximo-me desse ser pastor que cuida. No entanto, ainda tenho momentos em que a fecho dando azo mais ao mal-dizer que ao abençoar (de raíz significa bem-dizer). Neste dia, em que vivi Baptizados, Primeiras Comunhões e Profissões de Fé, pedi ao Bom Pastor para que me ajude a ser cada vez mais à Sua semelhança de mãos abertas… convidando outros a sê-lo também.

quinta-feira, 9 de maio de 2019

Deus Como Tu em peregrinação




[Secção “Deus Como Tu”] Escreve-me a Inês a partilhar a sua boa surpresa ao ver que na peregrinação até Fátima vai ser acompanhada por Deus Como Tu. E boa surpresa a minha, por vê-lo a ajudar a fazer caminho interior.

terça-feira, 7 de maio de 2019

Breve oração




[Breve oração ao amanhecer]

Agradeço-Te os tempos
que recordam Vida, em maternidade e paternidade, para além de dias ou genes,
permitindo partos de ressurreição.

quarta-feira, 1 de maio de 2019

Simples as flores




[Secção coisas de nada] São simples as flores. Nem únicas, nem raras. Simplesmente simples. Vi-as de manhã, num pequeno passeio inesperado por uma pequena mata. Adiantei-me nas horas. Fez-me dar passos em terra, rodeado de centenas de pequenas flores simples. Foram estas que registei, pelo pormenor do sol directo, despontando a brancura que reflecte todas as luzes. São simples as flores.