domingo, 31 de janeiro de 2016

Encontros




Quando esta DEF e este padre se juntam, há gargalhada na certa. Também conversas sérias, de Deus e de humanidade, com sonhos à mistura. Tudo na casa de bonecas, que prova que há limites a serem superados independentemente do tamanho (ok, a cadeira de rodas dá uma ajuda! ;)). E viste que conseguiste dar uma cabeçada num tecto?!? Afinal, os colos elevam… ;) Mafalda, para quando o livro?!? Estamos à espera.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Sobre o tema "nudez"...




Imagem de 1480-1490, atribuída ao atelier de Ivo Strigel

A propósito da nudez que tanto se fala agora, e que infelizmente teve de ser tapada para não ferir susceptibilidades em vista da deusa economia encapotada de questões culturais, lembrei-me da foto que tirei a esta imagem do Menino Jesus no Museu de Cluny, dedicado à Idade Média, em Paris. A divindade em que acredito nada tem a esconder. Pelo contrário, revelou-se plenamente, não descurando nada da humanidade. E mostrou-nos que ser é mais importante que ter.


quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

"Sabes que mais? Morre!"






Candy Caldwell

[Secção pensamentos soltos] Passava num dos corredores de uma das escolas e ouço no meio do reboliço: “Olha, sabes que mais? Mata-te!”, dito de forma banal, até em jeito de aparente brincadeira. Pode-se incluir em expressões que se ouve e lê com muita frequência (também em muitos comentários on-line): “Mata-te”, “morre”, “ se não conseguires isto, mato-te”, “nem devias ter nascido” etc. Tenho pena que não se meça, ou se aprenda a medir bem a força das palavras. Quando se começa a roubar legalmente (e isto de roubo legal está também a ser muito comum) gente que tudo perde, quase a vida, para fugir da morte, “algo vai mal no reino da Dinamarca”. No fundo, é outro modo de dizer “morre, desaparece, não te quero na minha vista confortável e provocas-me medo porque não és dos meus”. Hoje é dia de recordar muitos que morreram de forma tristemente banal, onde alguém decidiu, de forma legal, tirar-lhes a dignidade da existência, tipo “Olha, sabes que mais? Morre!” por serem judeus, negros, ciganos ou homossexuais. Poderíamos incluir os que foram assassinados, entre outros, pelos khmers vermelhos no Cambodja, por usarem óculos, serem de outra nacionalidade ou religiosos. Há dias que é de dizer, com preocupação e arrepio: mundo estranho, este. Foi com ar de estranheza que olharam para mim quando lhes disse: “e se todos os pedidos se realizassem e ele se matasse mesmo?” Pois, as palavras, junto com as acções, têm força de tirar ou renovar a dignidade. Seria bom que se seguisse sempre a renovação.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Ida ao bosque




Momento da meditação em que os convidei a elevar os braços e a espreguiçar.


[Aula com alunos de 5.º ano] Tenho aula com eles no primeiro tempo da manhã. Cheguei, levantaram-se para me receber como de costume, junto com os bons dias. Sentaram-se e fiz vista geral de sala. “Sr. H. dormiu bem esta noite? Está com ar de sono.” “Sim, estou!” Comecei a reparar e eram uns quantos… incluindo-me no grupo, claro. Ai, para mim as manhãs são sempre dramáticas. ;) Ora, olhei pela janela e dá-se-me uma volta de aula. “Meninos e meninas, todos de pé.” Ar de espanto. “Que vamos fazer, pro’ssor?” “Nada de barulho no corredor!” A meio do caminho disse-lhes que íamos para o bosque. Impagável o ar de alegria que sentiram. Alguém me disse: “Ai, este é o dia mais feliz da minha vida!!” Eu: “Que exagero!” “Pronto, desde que começou a escola!” Chegando lá, fizemos a oração da manhã e a meditação… a música era dos pássaros, das folhas caídas no chão e da brisa a passar pelas árvores. Depois falámos da criação, do respeito pela natureza e de como eles já podem fazer muito para tornar o mundo melhor. O bom mesmo? Ver a alegria deles a descobrir a beleza do bosque.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Conversão/conversões




Takashi Zenihiro

Entre as muitas e pequenas conversões diárias quase imperceptíveis, há as grandes, onde se deram viragens no modo como me vejo em relação com os outros e com Deus. Posso dizer que todas têm que ver com encontros. Não me tornei ou torno um novo Paulo, mais um Paulo renovado. Há medos e limites que se mantêm. O que muda? Dons que se avivam e, sobretudo, o aumento da consciência de que não estou sozinho, perdendo a vergonha tanto da fragilidade, como de afirmar e pôr a render esses mesmos dons. Depois, as forças do respeito e da compreensão dão-me impulso à vocação.

domingo, 24 de janeiro de 2016

Olhar




[Secção outros tons] Pode o olhar escutar? Toca liberdade, ou, simplesmente, o sabor a-mar. E nenhum membro poderá dizer a outro: “tu não fazes falta”.


sábado, 23 de janeiro de 2016

Caminho de (re)descoberta




Sérgio Lemos

- P. Paulo, parece que toda a gente me obriga a ser feliz. Já sei que há quem possa estar pior do que eu, que há quem sofra mais do que eu, que não teria com que me queixar, essas coisas todas que me põem ainda pior. Eu acredito em Deus, rezo, mas não saio disto. 
Do rosto emanava tristeza profunda, claramente em depressão. Como não sou terapeuta, tenho muito cuidado no que digo. Pergunto sempre se está a ter algum acompanhamento especializado. O problema acontece quando são pessoas que não têm meios para este tipo de acompanhamento e lá se percebe o padre como o “psicólogo barato”. 
- E acredita em si?
- Como assim?
- Acredita que tem de fazer o caminho, mesmo que duro, de descoberta do seu lado mais sombrio e amá-lo?
- Não sou capaz. Isso é impossível!
- E se começar por dizer “é difícil”, antes de dizer “é impossível”? Cada vez somos mais marcados pela busca da perfeição em muitas situações: físicas, emocionais, profissionais, religiosas. Temos de ser imaculados. Quando, afinal, temos muitas coisas que não se gosta. Claro, tocar aí é como se estivéssemos a confirmar que “não prestamos”. Não é fácil, claro que não, mas esse caminho tem de ser feito, para amar tudo em nós, mesmo a sombra, a tristeza, o sem-sentido. É um caminho pessoal, mas tem de ser acompanhado por alguém que vai escutar sem julgar, ao mesmo tempo que vai ajudando a despertar para um novo amanhecer. 
- Isso demora muito?
- Não é uma questão de tempo, mas de vontade. E como me falou de Deus, dizer-lhe que Deus é o primeiro a acompanhar nesta viagem.
Emocionou-se.
- Eu sou alguém, não sou?
- Permita-me que lhe toque?
- Sim.
Levantei-me e coloquei a mão no ombro. 
- Vê, não consigo atravessar. Não é transparente, há solidez natural. Posso sugerir outra coisa? 
- Sim. 
- Vou colocar uma música e peço-lhe que imagine o nascer do sol. Ao mesmo tempo expanda os braços e o tronco. E fique assim, um pouco, simplesmente a respirar.

Deixei passar uns minutos e via as lágrimas a cair. O rosto ia ficando menos tenso… o longo caminho começava a ser feito.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Preparar casamentos II




Visarut Teerawatvichaikul


Ainda a propósito de casamentos, tendo em conta o post de há dias. Outra coisa que gosto de dizer aos noivos que se preparam para casar: não deixem de ser casal. Explico-me: muitas vezes, ou grande parte das vezes, quando chega a maternidade e a paternidade, parece que se dá o esquecimento que são casal. Caminho errado! Espero que haja criatividade. Tirar de vez em quando um dia ou um fim-de-semana a dois é bom e necessário. Sim, há a responsabilidade de se ser mãe e pai, mas parece-me que para sê-lo ainda com mais liberdade, força e emoção, há que ir ao amor primeiro… entre os dois. Deixem lá culpabilizações de lado e mimem-se e amem-se e sejam criativos. ;)

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Os alunos n'A Praça



Tiago Couto

Encontrar a simplicidade nas palavras e nos gestos. Foi o que aconteceu hoje enquanto conversávamos com o Sr. Agostinho e a D. Gabriela, sua esposa, antes de entrarmos em directo. Com a doença, o desgaste e cansaço que sofrem, percebia-se neles muito agradecimento pela vida. A Cátia, a Inês, a Sara, o João e o Pedro, criaram laços com esta família. Mais, no que é possível, pode ser feito e é isso que vai acontecer. Aqui fica a entrevista aos alunos n’A Praça: http://www.rtp.pt/play/p1983/e221559/a-praca/479188




terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Sobre ELA




Amanhã, 4.ª, irei acompanhar um grupo de 5 alunos do Colégio das Caldinhas (da OFICINA e do INA) à Praça da Alegria [RTP 1]. Estes alunos realizaram um vídeo sobre a força, a vida e a esperança do Sr. Agostinho e da sua mulher. Ele sofre de ELA. Eles, alunos, ganharam uma nova perspectiva sobre a vida. A conversa andará à volta disto. E assim continuamos no caminho da educação, aliando o conhecimento à sabedoria da vida.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Coisas de corpo




Aizuddin Saad


Esta manhã troquei o frasco de café pelo de cevada. Peguei sem ver, estava a abrir e senti que a tampa era estranha. Olhei: frasco errado. Ok, coisa de pouca relevância para um post, mas depois fiquei a pensar nisso tendo em conta o meu gosto pelo tema “corpo”. Foi apenas pelo tacto que percepcionei a tampa estranha. A meu ver, apesar de já se tomar mais consciência, ainda assim liga-se pouco à importância do corpo como identidade. A memória corporal é muito forte e activa recordações de gestos, de movimentos, de encontros, de histórias até. Sentir o corpo, sentir de onde vem dor ou leveza, sentir a posição corporal, também é perceber quem se é e como se está consigo mesmo. No acompanhamento torna-se muito importante escutar a “conversa do corpo”, por vezes, mais do que a “fala da boca”. Daí que a educação a partir do corpo deveria ser mais explorada. O desporto, a dança, o teatro dão muitas ferramentas de conhecimento próprio… e bem orientadas, de libertação e de cura.

domingo, 17 de janeiro de 2016

Preparar casamentos



Dimitar Karanikolov

Quando tenho a primeira conversa com casais que me pedem para abençoar o casamento, digo-lhes para prepararem bem esse dia, de modo a que, para além da festa ou dos convidados, seja o dia de um novo começo a dois. Um novo começo que implicará muito de transformação pessoal, também enquanto casal, onde se complementarão um ao outro de forma especial ao longo da vida. Uma vez, um casal veio ter comigo e: 

- Sr. padre, vamos casar e gostaríamos que nos ajudasse. Rezamos muito a Nª. Sra., a Jesus, vamos à Missa, etc. etc. [O tom de voz era: “vamos-falar-disto-que-é-o-que-ele-há-de-gostar.”]
- Que bom que têm uma vida de oração. Já vivem juntos?
- Ah, não, sr. padre, Deus nos livre?
- Como? Então, querem casar e estão a dizer ‘Deus nos livre’?
- Sr. padre é uma expressão, mas não bate certo, não.
- Já que ainda não vivem juntos, estão preparados para aguentar os cheiros um do outro? [O ar era “onde-é-que-nos-viemos-meter?”] Sim, a pergunta é estranha, mas fazer um pedido de casamento à Igreja não passa só pelo lado espiritual, há que tomar consciência de que o passo implica fazer conhecimento um do outro, onde a dimensão de corpo também tem de ser muito presente. Claro que se espera que os momentos agradáveis sejam muitos, mas quando os desagradáveis chegarem, não se comecem a descartar. Não há fórmulas acabadas, mas há caminho a ser feito. Como em qualquer relação, é estar disposto à transformação, que tem de ser sempre de vida e de respeito um pelo outro.
[Tivemos alguns encontros, com boas conversas, em que testemunhei a muita verdade um com o outro… espero que assim continue.]

sábado, 16 de janeiro de 2016

Vi-te




Haukur Snorrason

[Secção outros tons] Vi-te, sem qualquer agitação com a tua cor de alma. Cobravas, dizem, injustamente. Haverá alguma cobrança justa quando se trata de amor? Rasgo de sol a entrar, em mesa posta de trocas de palavras. Eu vim para desinstalar.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Once PGA, always PGA




“Once a PGA, always a PGA.” Acompanhar as recentes notícias das mudanças na TAP e na PGA, faz-me pensar de imediato em muitas pessoas: que me formaram como comissário, com quem voei e com quem vivo boas relações de amizade. Este é um tempo de muita emoção para tanta gente, em especial quem acompanhou o nascimento e crescimento da PGA, que passa agora por uma nova transformação. Não percebo muito de negócios, para percebo de humanidade, por isso, sei que estes tempos são de desafios. Além dos voos externos, há muitos internos a acontecer. Queridos amigos e amigas voadores, “let’s fly”, deixando que esses desafios sejam oportunidade de crescimento humano. Os passageiros vão continuar a agradecer os sorrisos, a simpatia e o profissionalismo. Estão no meu pensamento! É isso, “Once a PGA, always a PGA.”

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Sobre educação




Teresa Lamas Serra

[Secção pensamentos soltos sobre educação] Desde que comecei a ser professor fui-me aprofundando o que significa educar. Dá-se o dever de transmitir conhecimentos, avaliados pelos testes ou exames. Até aqui, nada de novo. No entanto, também há a parte, em colaboração com a família, de transmitir valores, ideais e convites ao pensamento existencial, que pouco ou nada são avaliados nos tais testes ou exames, mas bastante ou totalmente na vida. Educar implica ajudar a formar, a crescer, intelectual e humanamente. É fácil perceber que nenhuma educação é neutra. Digo muitas vezes aos meu alunos, em especial aos mais velhos e aos que me dizem não crer em Deus, que o meu primeiro interesse não é que sejam crentes, mas que saibam pensar, colocar questões à realidade, não se deixando influenciar por qualquer tipo de ideologia. A fé quer-se pensada, implicando até mesmo “lutas de entranhas” com Deus. E sim, digo isto numa escola católica, com contrato de associação, ou seja, que presta serviço público a uma comunidade bastante alargada. Por aqui, nas Caldinhas, estudam quase 3000 alunos, que não pagam para cá estudar. Tal como os quase 900 que estudam no CAIC, em Cernache. Os jesuítas sempre primaram pela educação. Antes das nossas expulsões, chegámos a ter uma rede escolar por todo o país, em que ensinávamos a muitos que nunca teriam condições de estudar. Hoje em dia, felizmente pela evolução do sentido dos Direitos Humanos, estudar é um direito assistido a toda a pessoa. No entanto, esse direito nem sempre é bem posto em prática. Não basta pôr um aluno numa escola, de modo a aliviar a consciência estatal a partir de números. É preciso acompanhar situações difíceis, ajudando o aluno, e muitas vezes o resto da família, para além do académico. Diria, a função social do educar, não só presente na preocupação dos educadores, como também transmitida aos nossos alunos. Algo muito característico da nossa pedagogia é ajudar a que quem estude connosco possa crescer intelectual e humanamente. Por exemplo, esta semana, um grupo alunos do 11.º e 12.º anos está a viver literalmente na escola, onde passa por uma experiência de comunidade para além das aulas. Educa-se no estudo durante a manhã e tarde. De seguida, educa-se no serviço, nas tarefas comuns, na partilha, na escuta, uns dos outros e também de Deus. É fácil perceber que nenhuma educação é neutra. No entanto, toda ela deve ser convite à liberdade e ao crescimento para além de qualquer ideologia.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Sobre a Bíblia




Nuno Ferreira Santos


Quando comecei a estudar teologia, as cadeiras que mais mexiam comigo eram as bíblicas. A riqueza do que se extrai dos textos, tanto do Antigo, como do Novo Testamento, é impressionante. A Bíblia, esse conjunto de mais de 70 livros, não é, de todo, um código moralista, mas tradução da força do encontro entre o divino e o humano, em distintos géneros literários. Acho muito interessante esta conversa-entrevista entre Bento Domingues,op e Frederico Lourenço, onde o mote foi precisamente a Bíblia. Concordando-se ou não com algumas posições, o interesse também reside na possibilidade de leituras a partir de diferentes perspectivas. Afinal, também a própria Bíblia apresenta-nos diferentes possibilidades de encontro com Deus.

domingo, 10 de janeiro de 2016

Escuta. Olhar. Mar.




[Secção outros tons] Escuto a visita transformada. O olhar? Resguardado pelo infinito. Lá ao fundo, o mar. Depois, as cores, simplesmente as cores. 

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Boleias



Tina Sullivan


Conheci o www.blablacar.pt [site de partilha de viagens, de boleias] quando estava em Paris. De vez em quando, vou a Lisboa a uma reunião, formação ou acontecimento. E que tal partilhar a viagem? Cá vai disto. Na última, partilhei com: a Charlotte, francesa, que estudou Relações Internacionais, esteve em campos de refugiados em África; a Klaudia, polaca, a fazer erasmus em Veterinária; e o Ihgor, brasileiro, engenheiro informático. A conversa, mais uma vez foi óptima, onde tocámos muitos temas. Claro, a sempre surpresa: “Estás a gozar!?!”, quando disse que sou padre... boas gargalhadas. Houve também silêncio. A meio da viagem penso o curioso: assim, do nada, 4 pessoas onde além de partilhar a viagem do Porto para Lisboa, partilham um pouco da vida. Cá está, vai-se realizando o meu sonho de criança de conhecer todas as pessoas do mundo. ;)

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Aprender a escutar




Mahdi Dehestani


[Aula com turma de 5.º ano] Trabalhar a amizade implica aprender a escutar o outro. Então, propus uma aula diferente. Antes de contar, dizer que ia entusiasmado e comecei logo a escrever o sumário no quadro. “Oh stôr, não vamos meditar?” Voltei-me e muitos já preparados com as mãos na mesa. Sorri. “Sim, claro que sim. Eu é que acabei por vir lançado a escrever o sumário.” “Porque está a escrever a verde?” “É para começar o ano com este sinal de esperança.” Fizemos a meditação e a oração da manhã. Deu-se a proposta. Depois de explicada a importância da escuta, que é diferente de somente ouvir, pedi-lhes que estivessem atentos às diferentes músicas. Num primeiro momento, iriam ouvir, no entanto, teriam de escutar o que é que a música provocava na imaginação e escrever isso mesmo. No princípio estavam baralhados, mas à medida que as músicas iam mudando, era de sorrir diante dos “ares de descoberta”. “Mas, pode ser isto?” “Sim, pode.” Muitas vezes faziam os gestos do que lá no seu pensamento surgia. Apercebi-me que uns escreviam listas de palavras, outros mais em prosa. Na próxima semana irão partilhar o que escreveram.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Amizade em recordação




Nesta coisa das memórias, o facebook recordou esta fotografia tirada e publicada por lá há 4 anos. O que ele não sabe é que são mais 21 de melhor amizade. Pronto, ficou a saber. Além da melhor amizade do mundo, universo e arredores, é mesmo o sentido de ser-se irmã(o) para além de qualquer factor genético. Para quem não sabe, esta amizade começou com uma defesa. No dia dos meus 10 anos, como dia de festa que era, levei um laço verde. Fui gozado. A Suzanne salta diante deles e diz: “porque estão a gozar com o meu amigo? Ele hoje faz anos. Ele hoje é o rei!” Depois disto, convidei-a para jantar em casa. A minha mãe, desprevenida, prepara um bife com ovos estrelados e batatas fritas. Não foi o jantar mais fino, mas foi o início de tanta cumplicidade. Há homenagens que devem ser feitas… assim, sem mais. Afinal, foi o facebook que recordou esta fotografia tirada e publicada por lá há 4 anos. 

domingo, 3 de janeiro de 2016

Gotas de água



[Secção coisas de nada] Estando a ler, acompanhado pelo som de vento e chuva, olho para a janela e vejo gotas a escorrerem no vidro. Imaginei pequenas estrelas cadentes. Fiquei durante uns minutos a contemplar essa performance de água no vidro. Simples, cheia de movimento silencioso. Tão, mas tão especial, as gotas de água a dançar no vidro. E volto à leitura.

sábado, 2 de janeiro de 2016

Acordar para novos horizontes




Pooyan Shadpoor


“P. Paulo, já alguma vez acordou sem querer acordar?” A história que acompanhava era forte e dura. Diante desta pergunta, voltei a muitos momentos em que não era simplesmente a preguiça que me impedia de levantar. “Que me faz sair da cama?” Sentia-me a enrolar, nessa tentativa de voltar ao útero para nascer outra vez, evitando que o novo dia de cansaço, de tristeza, de revolta, começasse. Sim, conhecia bem a sensação de que me falava através daquela pergunta. Apercebeu-se do meu pequeno silêncio, antes de dar a resposta que se enchia de empatia. “É duro, não é? Parece que não nos conhecemos. Parece tudo ridículo. Sim, já senti o frio de alma, ficando nesse fechar de corpo, aceitando a transformação que acontecia. E não, não temos de ser felizes a todo o momento. Há gritos que têm de ser dados. Há dores que têm de ser enfrentadas. Numa parte só connosco, noutra em partilha com quem nos acolha sem julgar.” Vi como se emocionava. “É possível o amor fazer sofrer tanto?” “Não, o amor não faz sofrer, só faz crescer. O que faz sofrer é a incompreensão, o desapego sem porquê, a ilusão e a desilusão. Por isso, quem ama, diante do engano, tem de passar pela revolta, sim. E o revolver também ajuda a centrar e a fazer caminho de cabeça erguida… e a nascer outra vez, em que se acorda para novos horizontes.”

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Começar o ano



João Lima

Bons novos tempos. E para começar bem, nada como reler (sim, da minha parte é reler) a entrevista da Mafalda à Visão. Está nas bancas. É muito bom começar o ano a receber força desta Mulher. Graças a Deus és “a-normal”, Mafi. [E não te chamo mais coisas, pois as pessoas podem ficar incomodadas a achar que o padre passou-se!] ] Que bom que marcas a diferença, dentro da diferença. Olha, muitos sapatos na tua vida! Abraço-te, assim, de forma suavemente apertada.