quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Pensamentos soltos... enquanto acompanho o resgate dos mineiros no Chile

Alex Vega exibe orgulhosamente uma t-shirt com a bandeira do ChileFoto: Hugo Infante/Reuters

in Público.pt


Ao som da subida da Fénix, no resgate dos mineiros no Chile, o meu pensamento não tem parado. Os sentimentos também não...

Neste momento em que “homens nascem da terra”, como me comentou um Amigo e Companheiro do Chile, fico emocionado a olhar para as imagens do “(re)nascimento”. De facto, há a saída do ventre; encontro; choro e grito de libertação; manifestações de fé perante o “milagre” que não pode deixar o mundo indiferente. E agora como olhamos para nós, humanos? Penso nisto...

Primeiro, o silêncio. Aquele contemplativo dos acontecimentos, que deveria calar as comparações politicas, sociais, promotoras de mediatismos. Não interessa o Guiness, não interessa se Portugal, ou seja que parte do mundo for, está também “metido num buraco”. Interessa deixar calar as “vozes” que impedem o agradecer. Tudo mudaria, ainda mais, se fosse o meu pai, ou um tio, ou um primo, ou um avô que lá estivesse. E aqui, não importa a nacionalidade, raça, cor...

...pois, perante acontecimentos de grandes mudanças na vida (seja o ficar preso numa mina, seja uma doença, seja um outro tipo de acidente) há “algo” inexplicável que acontece. Dentro e fora de quem vive. Poder-se-ia dizer conversão.

Estes homens, aos olhos do mundo, tornam-se imagem de trabalho conjunto, em equipa, em partilha, conversas trocadas, como que respiração pelo “cordão-umbilical-Relação-Humana”. A Relação que permite aguentar o desabafo, a dor, a angustia, a inveja, a revolta, a esperança e a alegria... a compreensão pela falha, o respeito pela fraqueza. São heróis, sim. No entanto, para usar as palavras de Mário Sepúlveda, o segundo mineiro a sair, não os tratemos como artistas ou jornalistas, mas como pessoas que são.

As mudanças bruscas implicam muito na vida. Tal como o nascimento de uma criança há toda uma adaptação a acontecer. Gradual, onde se tem de dar espaço não só a cada um deles, como a toda a família. Este não foi, nem é, um concurso, onde cada um livremente decidiu expor-se ao mundo. É a história de cada uma destas 33 pessoas, com nome, sentimentos, vontades, fragilidades... com fé!

A partir de agora é o espaço e tempo também para maturar sobre a vida. Aquela que ganha um novo horizonte, depois do “(re)nascimento”.

“¡Gracias, Señor!”

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Autoridade, Autoritarismo... e Ignorância!


[Beginning, de lenckowski in olhares.com]



A falta de reflexão - por incapacidade, desconhecimento de como se faz, ou ainda por seguimento do caminho mais fácil – leva à formulação de opiniões fracas, pobres, sem sentido e, por vezes, de forma extremamente arrogante, trazendo consigo uma autoridade de quem a sua palavra é a palavra.

Já caí nesse perigo. Não o vou negar e esconder. Assim, também por ter vivido essa realidade, sinto-me autorizado a escrever sobre este tema da autoridade, sem que siga por uma visão autoritarista, numa imposição da minha verdade.

Há tempos em conversa, surgiu o comentário de que Portugal, com o 25 de Abril, tornou-se um país do “novo-riquismo” dos direitos. Após algum tempo de opressão, o cidadão ganhou novos direitos a partir desta data. Não falarei nem comentarei sobre a opressão, pois não me sinto autorizado para tal, já que me faltam conhecimentos, não só teóricos, mas sobretudo vivenciais. No entanto, posso constatar que, de facto, hoje em dia parece que há toda uma lista de direitos adquiridos ao nível da educação, da economia, da política, da religião, da sociedade, em que muitos se arrogam de alegar seus. E fazem-no como se tivessem toda a autoridade.

É verdade que a liberdade (?) de informação veio permitir dar asas a tais alegações. Blogues, redes sociais, comentários nos jornais on-line, são exemplos de como é possível escrever-se o que se quiser, sobre o que e quem quiser, com grande autoridade. Afinal, a famosa (pseudo)liberdade de expressão é um direito, acabando por ficar refugiada na típica frase “eu cá tenho a minha opinião e opiniões não se discutem” (tal como os gostos). Fará isto sentido?

Não sou contra blogues, redes sociais, e afins. Seria incoerente sê-lo e publicar algo nestes mesmo sítios. Agora sou contra a desinformação, a forma como rapidamente se opina, como se manipula o pensamento social a partir da confusão e, sobretudo, da má educação que nos envolve. Muito disto deve-se à agitação que existe ao nível da autoridade, ou falta dela, levando a que todos se arroguem a prontamente adquiri-la, já que a mesma anda nas ruas da amargura (não posso esquecer que, nas últimas eleições, o programa que fez debate nacional foi humorista, onde literalmente se gozou com a cara daqueles que nos governam, no fundo aqueles que são – concorde-se ou não - a figura da autoridade do país. Como ficará a autoridade se se legitima este gozo descarado?).

Como professor tenho-me debatido bastante sobre esta questão na sala de aula; como leitor de jornais ao ler os comentários; como cidadão ao ouvir o que se diz sobre o país; como pessoa ao me aperceber que os valores das relações humanas andam bastante trocados.

Para ter autoridade é preciso que se seja autorizado. Uma pessoa autorizada é aquela que é capaz de agir de modo a que ajude as pessoas que tem diante de si a crescer, a se formar, no fundo aquela que tem carácter. Por exemplo, em democracia, mediante os votos, é dada autorização ao Presidente da República e à Assembleia da República para governarem, pela maioria dos que votaram – supõe-se que com consciência e com confiança (se assim não foi, é outra história).

Um ponto fundamental é que a autoridade implica necessariamente responsabilidade. Eu tenho autoridade dentro da sala de aula, pois existe responsabilidade para com todos os meus alunos ao nível da educação seja do que ensino, seja da conduta ao nível dos valores e atitudes. Eu, enquanto Comissário de Bordo, tinha autoridade dentro do avião, pois tinha a responsabilidade daqueles passageiros, no zelo da segurança e conforto de todos. Enquanto cidadão também tenho autoridade, entre outras coisas, para denunciar as injustiças, pois também sou responsável pela sociedade de que faço parte.

A questão é que para se ter autoridade tem de se ter formação não só teórica, mas também humana. Caso falhe este tipo de formação entramos no campo do autoritarismo, que corresponde a uma imposição de ideias, acções e até mesmo valores, que apenas beneficiam o próprio ou os seus seguidores, única e exclusivamente.

Vejo que actualmente há um autoritarismo encapotado. Basta pensar na Educação, por exemplo. Medidas atrás de medidas que alimentam a irresponsabilidade (provas de recuperação em caso de se atingir o limite de faltas), o facilitismo (do 8.º para o 10.º), a estatística de (pseudo)sucesso. Tudo em nome do desenvolvimento. Também a desautorização dos professores é uma forma de alimentar o autoritarismo não só dos alunos, como dos Encarregados de Educação.

Muito bem, so what?

Estou numa fase de constatar factos, a avaliação tenho-a feito aos poucos. Não é fácil apresentar soluções, pois é uma luta contra um gigante que se chama “individualismo” crescente - “escolhe por ti, vive o que sentes” -, aliado à falta de tempo para estar com os filhos, comprando-os com tudo o que desejam para não os ouvir, dando-lhes razão com medo do trauma provocado pelo não; junta-se ainda a falta de estudo, de leitura, de se ficar pela superficialidade das coisas.

Não estará na altura de darmos mais espaço à humildade? Humildade não é humilhação, é reconhecimento de capacidades e limites. De facto, se erro devo admiti-lo. O individualismo leva ao orgulho. A verdade e a justiça passam pela busca da coerência de vida, não impondo aos outros que vivam com as falhas das minhas decisões e que façam aquilo que não faço.

Para mim, uma das marcas do apogeu da humanização é libertarmo-nos da lei da selva, onde somos capazes de agradecer o que recebemos, de modo a viver em diálogo, promovendo, assim, a vida do meu próximo.



sexta-feira, 4 de junho de 2010

Carta da Compaixão





O princípio da compaixão é o cerne de todas as tradições religiosas, éticas e espirituais, apelando a tratar todos os outros da mesma maneira como gostaríamos de ser tratados. A compaixão impele-nos a trabalhar incessantemente com o intuito de aliviarmos o sofrimento do nosso próximo, o que inclui todas as criaturas, de sairmos do centro do nosso mundo e, nesse lugar, colocar os outros, e de honrarmos a santidade inviolável de todo o ser humano, tratando todas as pessoas, sem exceção, com absoluta justiça, igualdade e respeito.


É necessário também, tanto na vida pública como na vida privada, nos abstermos, de forma consistente e empática, de infligir dor. Agir ou falar de maneira violenta devido à maldade, fundamentalismo ou interesse próprio a fim de tirar, explorar ou negar direitos básicos a alguém e incitar o ódio ao denegrir os outros - mesmo os nossos inimigos - é uma negação da nossa humanidade em comum. Reconhecemos que falhámos na tentativa de viver de forma compassiva e que alguns de nós até mesmo aumentaram a soma da miséria humana em nome da religião.


Portanto, apelamos a todos os homens e mulheres:

~ a restaurar a compaixão ao centro da moralidade e da religião;

~ a retornar ao antigo princípio de que é ilegítima qualquer interpretação das escrituras que gere ódio, violência ou desprezo;

~ garantir que os jovens recebam informações exactas e respeitosas sobre outras tradições, religiões e culturas;

~ incentivar uma apreciação positiva da diversidade religiosa e cultural;

~ cultivar uma empatia bem-informada pelo sofrimento de todos os seres humanos - mesmo daqueles considerados inimigos.


É urgente que façamos da compaixão uma força clara, luminosa e dinâmica no nosso mundo polarizado. Com raízes numa determinação de princípios de transcender o egoísmo, a compaixão pode quebrar barreiras políticas, dogmáticas, ideológicas e religiosas. Nascida da nossa profunda interdependência, a compaixão é essencial para os relacionamentos humanos e para uma humanidade realizada. É o caminho para a iluminação e é indispensável para a criação de uma economia justa e de uma comunidade global pacífica.


Mais Informações aqui: http://charterforcompassion.org/


Conferência que pode ajudar a perceber a origem desta "Carta da Compaixão":




terça-feira, 18 de maio de 2010

Porque a forma também conta

Cavaco Silva explicou porque é que assinou, (a lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo): é que "a ética da responsabilidade tem de ser colocada acima das convicções pessoais", disse ele. Não, senhor Presidente, a ética está na coerência das nossas convicções, principalmente quando se tem responsabilidades. Não é só ao jantar. É no serviço, também.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Ainda no rescaldo da visita Papal...


Reconciliação! É o sentimento mais vivo em mim, depois desta vista.

Porquê?

Quem me conhece sabe que em mim habita alguma rebeldia. Esta surge pela minha vontade de questionar. Não um questionar de pôr em causa por pôr, mas o questionar de não me ficar pelo que está adquirido e ter vontade de ir mais longe. Afinal, dentro do limite do espaço e do tempo, há uma infinidade de realidades a conhecer e a viver. O meu gosto pelo diálogo, pelo contacto com o diferente, seja de opiniões, seja de realidades culturais, permite-me colocar numa posição de constante aprendizagem.

Antes de ser jesuíta, a minha relação com a Igreja sempre foi de criticar e, a meu ver após este anos passados, de forma mais destrutiva que construtiva. Curiosamente, tal tipo de crítica foi um pequeno ponto no meu processo de decisão de entrada na Companhia de Jesus. É tão fácil criticar, mas o desafio é mudar, ou tentar mudar, estando por dentro, e aceitar outras realidades que afinal eram desconhecidas. Surge a situação de, quando se conhece as coisas por dentro, se começar a ver de outra forma. Afinal, mais do que conhecer racionalmente, o viver na pele, faz com que muito “mude de figura”.

Acompanhei a preparação da visita do Papa Bento XVI através da leitura dos jornais, da escuta de comentários seja do lado de dentro, seja do lado de fora da realidade Igreja. E na minha oração pedia a Deus: “Que esta visita do Papa seja de Encontro, de diálogo, que fomente concórdia, mais que discórdia”. Talvez por este ser um dos meus motes em relação à vida. Mas também, por sentir que este Papa poderia trazer algo de novo, nesta terra de Descobrimentos.

Fui a Lisboa, fui a Fátima. Não tanto para ver o Papa de pertinho, mas para, de facto, me sentir participante de uma realidade que vai para além de mim, que é mesmo incompreensível e misteriosa, que se chama Igreja. Não de pedra, de estrutura rígida, mas de pessoas. Pessoas com histórias, vidas, sentimentos, dúvidas, ansiedades, zangas, revoltas, gostos, aproximações e afastamentos. Enfim, pessoas, com o que têm e são. Logo em Lisboa fiquei comovido com a nossa descida pela Avenida da Liberdade. Pensava, nos intercalados “Vivó Papa!” e afins: “Avenida de manifestações contra isto, contra aquilo, a reivindicar isto ou aquilo. Avenida da busca da liberdade de direitos... Mas também Avenida de busca de Liberdade através da alegria de uma comunhão. Estas pessoas que aqui descem comigo são tão diferentes e sei que têm pensamentos tão diferentes sobre Igreja, sobre Política, sobre Sociedade, sobre Deus, Jesus. E aqui estamos, a descer em Liberdade, a caminho da Missa, da Eucaristia”. É mesmo uma ida para Acção de Graças, agradecimento, e também em busca de uma Missão renovada.

E assim aconteceu, no silêncio que se dá no momento da consagração. Um silêncio confirmador do Mistério que atravessa toda aquela multidão unida, em escuta das palavras proferidas por aquele rosto de Bento XVI que une toda a Igreja. Não etérea, mas real, ali em corpo de cada pessoa. Em corpo daquele homem que, na noite seguinte iluminada por milhares de velas, reza todo o terço ajoelhado, diante do mesmo Mistério que o faz ser ao mesmo tempo frágil e forte. Fragilidade presente no físico, que pede com humor e delicadeza à malta nova que o deixe dormir... Força nas palavras que profere com a sabedoria de quem escuta o Mundo, mas de quem também escuta, sobretudo, a Palavra que lhe fala dos novos Sinais dos Tempos.

Ver Bento XVI, ver as pessoas, rezar com ele, escutá-lo no anúncio e interpretação da Palavra, fez-me sentir reconciliado, revigorado no meu sentimento de amor à Igreja, santa e pecadora.

Também ao ponto de dizer basta às vozes dissonantes, que sussurram numa constância contra tudo o que é religioso, em nome da laicidade. Sinto-me cansado de ouvir tão maus comentários seja ao Papa, seja à Igreja. Maus, não no sentido de serem opostos, esses existirão sempre, mas no sentido de serem fracos de inteligência, de reflexão. Como se todos nós, os que fazem parte da Igreja, fossemos ignorantes e andássemos alienados. Nestes dias li coisas que roçaram o fundamentalismo, pelas mesmas vozes que nos acusam de fundamentalistas. Será que leram o que o Papa disse? E se sim, será que souberam ler?

Na homilia na Missa no Porto, Bento XVI afirmou: "Nestes últimos anos, alterou-se o quadro antropológico, cultural, social e religioso da humanidade; hoje a Igreja é chamada a enfrentar desafios novos e está pronta a dialogar com culturas e religiões diversas, procurando construir juntamente com cada pessoa de boa vontade a pacífica convivência dos povos".

“Está pronta a dialogar” ou seja, está pronta a escutar e perceber o que se pode fazer, para tornarmos um mundo mais justo e melhor, de modo a que haja uma maior humanização de todos. Em convivência, ou seja, a partilhar a Vida.

Neste momento de crise, o Papa não nos veio trazer ajuda financeira, económica, mas sem dúvida que, a meu ver, veio trazer uma grande ajuda espiritual e também intelectual. Um claro convite à reflexão, à profundidade a que todos somos chamados, sobre cada um, a sociedade, a sua relação com o Todo.

A crise pode ser um lugar de questionamento que, bem vivido, leva ao crescimento humano. Mas se fazemos da crise lugar de conflito, onde o diálogo passa a monólogo, numa imposição de ideias, sem uma escuta atenta do outro, de certo que ficamos com “águas paradas”, sem desenvolvimento, nem fito do horizonte.

Creio que o Papa ajudou-nos a trazer o tal horizonte, a não termos receio da busca do essencial, que passa inevitavelmente pelo diálogo, pelo encontro, pela busca de caminhos que leve à verdadeira humanização de cada pessoa na sociedade em que se encontra.

E, como afirmei no início, o meu sentimento profundo, depois destes dias, é de reconciliação. Uma reconciliação, reafirmo, que me leva a amar ainda mais a Igreja, santa e pecadora, e dedicar a minha vida ao contributo do crescimento humano, neste caminho de consagração.

Afinal, também quero fazer-me “lugar de beleza” ajudando, no que me for pedido, outros a serem-no também.



sábado, 15 de maio de 2010

A não perder!!!!

A Companhia de Teatro Industrial decide lançar como sua primeira produção «UM
BEIJO DE SAL COM VENTO
», a partir do texto de Mathilde Ferreira Neves, «O Pescador de Estrelas».
«Nessa noite fantástica, o mar escreveu no areal com letras garrafais para que toda a gente pudesse ler: “Os sonhos não podem morrer…” Luza nunca mais se esqueceu desta história contada por Luana. Era uma excelente história para curar cometas.»
Este espectáculo direccionado para a infância, aborda e condensa num mundo fantasioso várias temáticas: a amizade, os sonhos e o sentimento de perda. O que o torna muito abrangente e acessível, sendo apreciado, também, por adultos.

22 e 29 de Maio às 16h (público em geral)
24 a 28 de Maio às 10h30 e às 14h30 (para escolas – os professores não pagam
quando acompanhados das suas turmas)
Auditório Carlos Paredes Av. Gomes Pereira, Lisboa (Benfica)
Bilhetes: €5 (adultos) €4 (crianças)
Reservas: 963 661 601 reservas@palavradarte.com
Classificação Etária: M/3 anos
Duração: aproximadamente 40 minutos sem intervalo
Mia informações em http://www.palavradarte.com/

terça-feira, 11 de maio de 2010

Pergunto eu

Cavaco Silva vai reunir com antigos ministros das finanças. Antigos ministros das finanças também responsáveis pelo actual estado a que chegaram as nossas contas públicas.
No fundo é apenas uma reunião entre vários responsáveis da mesma pasta das finanças.

Quanto a Cavaco, pode haver quem não se lembre, mas não tendo tido problemas de financiamento devido aos milhares de euros de fundos vindos da Europa, na década de 90, este nunca teve preocupações com a gestão do déficit.
Coloca-se então a pergunta: quem é, afinal, o pai do déficit?

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Os tempos que correm

«You can take them out of Bronx, but you can’t take the Bronx out of them.»

segunda-feira, 12 de abril de 2010

A não perder

David Oliveira mostra ao público dia 17 e 18 de Abril, entre as 18 e as 22h, a instalação Espaço Vazio.
Numa residência particular, na zona histórica do Chiado em Lisboa, na rua das Flores nº 19, são expostas as obras: Tríptico e Composições, uma reflexão sobre o espaço enquanto matéria pictórica e volumétrica.A obra Tríptico, em arame e madeira, é uma composição formada por três figuras suspensas, desenhadas com arame e enquadradas por um proscénio (2,40mX1,80m); espaço real e pictórico fundem-se numa dimensão onde a linha contorna o vazio formando figuras.
Composições é uma obra onde é explorado a vertente plástica e compositiva do Desenho, reafirmando a sua importância na leitura da obra de David Oliveira.
Licenciado em Escultura pela Faculdade de Belas Artes de Lisboa, expõe desde 2005, tendo sido vencedor do 1º prémio de escultura do concurso Jovens Criadores de Aveiro 2009. É actualmente representado pela galeria Pedro Serrenho, em Lisboa.Iniciativa Claro- Escuro Associação Cultural.

domingo, 28 de março de 2010

A propósito de "Requiem" de Rui Lopes Graça...


... e em dia de Domingo de Ramos.



(Henyrk Górecki - Symphony No. 3, Op. 36, II andamento. Música da coreografia "Requiem" de Rui Lopes Graça)


Silêncio...
... enquanto absorvo a luz que recebo directamente na palma da mão. Elevada, em direcção ao foco que me inunda o pensamento e me põe a caminho.

Silêncio...
... no encobrimento do sentimento unificador das nossas almas. Escuto-Te no mesmo momento em que estás detrás da cortina translúcida, tornando este tempo uma memória, o recordar dos passos... reveladores de toda a agitação da minha saudade, da minha espera de ti...

Silêncio...
...diante do grito sincronizado, onde repetimos o mesmo gesto... as saudades... o desejo de reencontro fazem-me sair do lugar e ir em busca do que nos faz viver. E assim fico na contemplação dos raios de luz que me trazem ao coração o pulsar. Ergo suavemente as mãos... saímos, dois, três... ficamos! No suave agitar das ondas de sal. O mesmo em lágrima contido...
...naquela que sai de mim, depois de Te ver partir.

Silêncio-me...
... agora és tudo.
«O que amamos está condenado a morrer. E, no entanto, continuamos como se o não soubessemos.»
Pedro Paixão, in Súbita aflição

sábado, 20 de março de 2010

Uma reflexão solta sobre a Beleza...



“Qualquer experiência de beleza aponta para o infinito”

Hans Urs von Balthasar

Depois de três grandes “Conversas” em que mergulhei(ámos) na beleza, fico a sentir os ecos que me provocaram... Ecos que se consolidam numa palavra que me acompanha há tempos: Encontro!

O Encontro, no limite do espaço e tempo, do infinito. Traduzível no diálogo a estabelecer entre as várias dimensões de nós, humanos, ao nível exterior e interior. A beleza do encontro através do encontro com a beleza de quem está disposto a viver a reciprocidade do dar e do receber.

E, assim, deixar que a conversão aconteça, permitindo o espaço de universalidade, através da compreensão, do respeito, da integração da relação geradora de vida.

Na “conversa” (esta última) apercebi-me mais um pouco de que o entendimento é porta para a revelação.

Entender o que está para além do meu rápido ver ou escutar, o que está para além da superficialidade do momento, o que está para além do meu gosto ou desgosto desta ou daquela pessoa...

Conhecer para aprofundar um mais que se esconde no imediato, sem pensamento ou reflexão.

Depois, mais que o conhecimento, entraremos na sabedoria que conjuga a plenitude do viver. O convite ao saber viver.

A sabedoria da vida: promove a abertura ao Outro. Saio da minha casa, entro na cidade, que me aponta o pais, levando-me ao planeta e daí entro no Todo... Dá-se em mim a consciência, a revelação, o êxtase clarificador da minha pequenez que me torna grande diante do olhar Divino...

E assim sou chamado a promover a beleza do Encontro e sentir a certeza de somos criados, não para uma uniformidade, mas para uma união de corações, mais ampla que das diferenças.

Nesses passos, o Infinito descobre-se e a Beleza surge em toda a Sua plenitude, segredando continuamente: “Não temas, confia!”.



segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Em que sentido?


Rui Pedro Soares, ex-administrador da PT, em entrevista ao I, de sábado, 20 de Fevereiro, diz: «Não sou amigo íntimo de José Sócrates».

Que fantasma quererá ele afastar?

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

www.passo-a-rezar.net




FALTA DE TEMPO PARA REZAR?

Os jesuítas acabam de lançar o passo-a-rezar.net uma proposta de oração para quem não vive parado

Cada dia, são 10 minutos de texto, pistas de oração e música, em formato mp3 para descarregar. Depois, é só levar e rezar no metro, no autocarro, a passear pela rua ou simplesmente sentado à secretária.

Venha descobrir este novo modo de se encontrar com Deus e viver espiritualmente o dia-a-dia!

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

"Em defesa de Bento XVI" de Bernard Henri-Lévy

Artigo publicado em ionline


Logo que Bento XVI foi eleito, os media começaram a acusá-lo de "conservador" e continuaram numa espiral imparável, como se um Papa pudesse não ser conservador. Houve umas tantas insinuações excessivas, senão mesmo anedóticas, acerca do "Papa alemão", um "pós-nazi" de sotaina. Em França, o programa televisivo satírico "Les guignols de l'info" [equivalente ao "Contra-informação"] deu-lhe descaradamente a alcunha de "Adolf II" (e isso porque, como qualquer criança ou adolescente na Alemanha da época, ele estava inscrito na organização da juventude do regime).

Vários textos foram, pura e simplesmente, deturpados. Relativamente à viagem que fez a Auschwitz em 2006, por exemplo, afirmou-se que o Papa homenageou os 6 milhões de polacos mortos, sem ter mencionado que metade eram judeus. Também se repetiu vezes sem conta que se referiu aos mortos como vítimas de um mero "bando de criminosos". Esta falsidade é francamente espantosa, se levarmos em conta que, nesse mesmo dia, Bento XVI falou claramente da tentativa das "chefias do Terceiro Reich" de "esmagarem todo o povo judeu, de o eliminarem da população do planeta".

No entanto, com a recente visita do Papa à sinagoga de Roma, depois de ter visitado outras sinagogas, em Colónia e Nova Iorque, o coro de desinformação atingiu o auge. Mal puderam esperar que ele atravessasse o Tibre para anunciarem, Urbi et orbi, que não conseguira encontrar as palavras certas, não fizera os gestos adequados e, em suma, se estampara ao comprido. Permita-me que esclareça cabalmente certas coisas. Quando Bento XVI curvou a cabeça em silêncio perante a coroa de rosas vermelhas colocada junto da placa que celebra o martírio de 1021 judeus romanos deportados, estava apenas a cumprir o seu dever. Mas o que é facto é que o fez.

Quando Bento XVI prestou homenagem aos "homens, mulheres e crianças" arrebanhados no âmbito do projecto de "extermínio do povo da Aliança de Moisés", estava a afirmar o óbvio, mas afirmou-o.

Há uma década, quando Bento XVI reiterou os termos da oração de João Paulo II junto ao Muro das Lamentações, pedindo "perdão" ao povo judaico, de longa data sujeito a pogrons inspirados por um furor anti-semita que era de natureza essencialmente católica, usou as palavras exactas de João Paulo II. Está na altura de pararmos de repetir, quais burros que zurram, que ele não vai tão longe como o seu predecessor.

Quando Bento XVI esteve diante da inscrição que comemora o ataque de 1982 perpetrado por extremistas palestinianos em Roma, manifestou a intenção de "aprofundar" e "desenvolver" um "debate entre iguais" com os judeus. O Papa declarou que o diálogo entre judeus e católicos, iniciado com o concílio Vaticano II, é agora "irrevogável". Podemos acusá-lo de muitas coisas, mas não de "congelar" o processo começado por João XXIII.

Quanto à questão de Pio XII...

Se for necessário, voltarei a abordar a questão muito complexa de Pio XII.

Voltarei a recapitular o caso de Rolf Hochhuth, autor do famoso livro de 1963 "The Deputy", que está na génese da polémica sobre os "silêncios de Pio XII".

E voltarei a abordar o facto específico de que esse justiceiro inflamado tem sido repetidamente condenado por negar a existência do Holocausto; de ter recentemente defendido David Irving; e de há apenas cinco anos, numa entrevista ao semanário de extrema-direita "Die Junge Freiheit", ter negado a existência das câmaras de gás.

Por enquanto, porém, gostaria apenas de relembrar que, em 1937, quando era ainda o cardeal Pacelli, o terrível Pio XII foi co-autor da encíclica "Mit brennender Sorge" (Com profunda preocupação), que ainda hoje continua a ser um dos manifestos antinazis mais firmes e eloquentes.

Por ora, o nosso dever para com a história obriga-nos a realçar que Pio XII abriu secretamente os seus conventos aos judeus romanos perseguidos pelos fascistas. O silencioso Pio XII também proferiu uma série de discursos radiofónicos - relevantes para este caso são as emissões de Natal de 1941 e 1942. Depois da sua morte, esses discursos granjearam-lhe os elogios da líder israelita Golda Meir, que conhecia o valor da palavra e não receava declarar que "durante dez anos de terror nazi, enquanto o nosso povo sofria uma terrível agonia, o Papa levantou a voz para condenar os carrascos".

O Holocausto ecoou em todo o mundo, e contudo nós colocamos sobre os ombros de um soberano que não dispunha de canhões nem de aviões todo o peso da responsabilidade pelo silêncio ensurdecedor.

Jornalista

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Projecto B, excertos das conversas.




Como há dias "postei", estive a moderar uma conversa integrada num processo de investigação coreográfica intitulado "Projecto B" (B de Beleza). As duas convidadas principais foram: Teresa Prima (coreógrafa e responsável pelo "Projecto B") e Aldina Rodrigues (enfermeira e terapeuta de medicinas complementares). Andámos à volta do tema: "quando é que um projecto se torna b?".

A Teresa publicou no blog prima-projectob.blogspot.com uma série de excertos da conversa, que convido vivamente à leitura.

Para mim está a ser uma experiência muito enriquecedora. No ano passado tive oportunidade de fazer o atelier e agora, com a minha colaboração no "Ciclo de Conversas de Pessoas Sentadas em Círculo", aprofundo um pouco mais deste processo da Teresa, o qual acho bastante interessante.

A partir dos excertos pode-se perceber por onde se caminha neste "Projecto B".

Teremos mais duas "Conversas":
Dia 18 de Fevereiro com o tema: "A importância da Beleza" com os convidados b: Manuel de Souza Falcão (Historiador de Arte da FLUP e Artista Visual), Luís Girão (Artista transdisciplinar e Investigador) e Ana Luísa Amaral (Poeta).

Dia 18 de Março com tema "E a beleza, onde nos leva?" com os convidados b: Miguel Patrício (Matemático), Gustavo Cunha (Professor de Yôga) e Nuno Ramalho (Artista Plástico).

Todas as conversas são no NEC (Núcleo de Experimentação Coreográfica) no Porto.


quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Hoje acabamos o dia assim

Adaptado aos tempos modernos com outros sujeitos

«I am a Jew. Hath not a Jew eyes? hath not a Jew hands, organs, dimensions, senses, affections, passions? fed with the same food, hurt with the same weapons, subject to the same diseases, healed by the same means, warmed and cooled by the same winter and summer, as a Christian is? If you prick us, do we not bleed? if you tickle us, do we not laugh? if you poison us, do we not die? and if you wrong us, shall we not revenge?»

in «The Merchant of Venice» by William Shakespeare

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Esta coisa de estalos nos balnearios de futebol depois de jogos é um pouco igual à história dos estalos de pais para filhos.

Não se pode dar, mas que se dá, dá.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Tem graça




Quando até se recusou a entrar num cartaz de campanha de Pedro Santana Lopes, tem graça que, hoje, Cavaco Silva o condecore com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo.