[Secção pensamentos soltos no dia de Natal] Ruy Cinatti no poema Anunciação repete por três vezes o verso “Nós não somos deste mundo”. Essas três vezes, cada vez que o leio, ecoam fundo em mim. Nós não somos deste mundo. E não somos mesmo. O Natal marca essa certeza. E sinto-me tão convicto dela, graças a outra certeza: Deus fez-se fragilidade e nasceu longe de todos, menos dos excluídos, representados pelos pastores. O Seu nascimento abre-nos as portas ao mundo a que pertencemos: ao divino. Mas apenas conseguiremos perceber isso se nos fizermos simples, desde Ele e com Ele.
A simplicidade a que o Natal desafia faz-nos tirar adornos de vida: do poder, das coisas miseráveis que desgastam a humanidade, das cobranças de amizade e do que desvia o sentido do amor. Precisamos de Natal. Precisamos de contemplar o Menino Deus em palhas: que sinal imenso a desmontar todas as imagens desviadas de poder desumanizador. Somos chamados à alegria, com o convite a libertar os adornos e descobrir o divino na simplicidade.
Quando acendi uma destas velas em Bethlehem, junto ao sítio onde Jesus nasceu, pedi pela simplicidade e pela paz. Ontem à noite, a rezar com a Luz do Menino Deus, agradeci por Ele nos abrir as portas do Seu mundo, aquele a que verdadeiramente pertencemos. Sejamos, assim, Natal uns para os outros e uns com os outros. E o mundo de que somos amplia-se em Luz e Amor. Santo e Luminoso Natal!
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