[Caravana 2019] Partir. Em modo de ir em descoberta de novas terras e quebrar o que impede a liberdade de encontrar a terra fértil que cada um(a) é. Somos 46 total, a maioria alunos de 11.º, em caminho ao encontro de Inácio e Xavier, santos que se deixaram amar por Deus e partiram em anúncio de Vida. Trago o abecedário no coração.
domingo, 30 de junho de 2019
sexta-feira, 28 de junho de 2019
Sagrado Coração de Jesus
terça-feira, 25 de junho de 2019
Saudades da terra de onde saímos
[Secção pensamentos soltos] Por vezes tenho saudades de tempo e espaço que não conheço. Até para mim é estranha a sensação. A saudade é sentida e vivida a partir da experiência de encontro com pessoas, lugares, situações. Ainda assim, esse desconhecimento causador de saudade não é daqueles desconfortáveis, mas estimulador a fazer caminho em direcção a algo mais fundo ou mais pleno. Sim, há saudades de casa. Ou da terra de onde todos saímos. No mais íntimo sei, sabemos, de onde somos e a vida é o convite a esse regresso à origem, onde há que libertar coisas e coisinhas que impedem o amor. As saudades, afinal, tornam-se sinal de que em cada um de nós reside a vontade de regresso ao Paraíso. Na pele latejam em memória viva as marcas da moldagem divina.
Breve oração
[Breve oração no entardecer de S. João]
Agradeço-Te os encontros
que desvelam tempos sem tempo
e convidam a descalçar em terra
sandálias sem pó
Peço-Te
voz que ilumine
o teu caminho
segunda-feira, 24 de junho de 2019
Olhos fechados
Rita Rocha
[Secção pensamentos soltos desde coisas na vida de um padre] O sentido visão é dos que capta mais informação. Sou daqueles que facilmente se distrai com a informação visual a acontecer. Luzes e movimento, por exemplo, podem retirar-me o foco. Ao longo dos anos que me dedico particularmente ao silêncio, na oração, na meditação, fechar os olhos ajuda-me a focar no essencial: seja numa leitura a acontecer, seja no saborear alguma informação recebida em contemplação. Acrescento: não é só fechar os olhos, também ajuda muito tranquilizar a respiração com inspiração e expiração pausadas. São muitos os momentos em que tudo se transforma. O Espírito tem especial predilecção pelo silêncio.
quinta-feira, 20 de junho de 2019
Dia de Corpo de Deus... e refugiados
[Secção letras verdes] Pequena oração de consciência do muito que somos e do mais que poderemos ser.
terça-feira, 18 de junho de 2019
Nova porta
pés com luz sombreada em terra da maravilhosa quinta da Casa da Torre em Soutelo
[Coisas na vida de um padre jesuíta] Na tradição hebraica, os números têm carácter simbólico. O 4, por exemplo, é símbolo de porta, de passagem. Depois de 4 anos de muita aprendizagem no Colégio das Caldinhas, em primeira missão como padre, no contacto e partilha de vida com outros companheiros e tantos alunos, educadores, famílias, é tempo de atravessar nova porta. Faço-o de coração muito agradecido, a cada pessoa, sem excepção, e, claro, a Deus. Foram anos de muito crescimento como homem, como jesuíta e como padre. A educação fica no coração. Agora, é tempo de, na Casa da Torre - Centro de Espiritualidade e Cultura, em Soutelo, colaborando também no CAB - Centro Académico de Braga, descobrir mais sobre espiritualidade, dando o contributo com a beleza da corporeidade, da dança, a orientar Exercícios Espirituais e outros retiros, a acompanhar humana e espiritualmente, a dar formações, a ajudar a viver o silêncio, a liberdade e travessias de portas para o Espírito. E será bom, muito bom!
segunda-feira, 17 de junho de 2019
domingo, 16 de junho de 2019
Diversidade na unidade
Reuters/Francis Mascarenhas
[Secção pensamentos soltos em dia da Santíssima Trindade] Já lá vão uns bons anos desde uma conversa simples sobre pintura. Uma amiga comentava-me como as primeiras aulas estavam a mudar a sua perspectiva de visão da realidade:
- Hoje vamos pintar nuvens, disse o professor.
- Vai ser preciso muito branco, comentou alguém com humor.
- Para não haver abuso do branco, vamos lá fora e olhar as nuvens. Observem, com calma.
- Paulo, sempre vi nuvens na minha vida, mas naquela tarde, ainda mais a acontecer o pôr-do-sol, tudo mudou. Impressionante a quantidade de cores e tons numa nuvem. O mesmo se passa connosco próprios e com os outros. Impressiona a diversidade.
Esta conversa, além da vezes que olho as nuvens, volta à memória enquanto leio “Longe da árvore - Pais, filhos e a busca da identidade” de Andrew Solomon. Ainda estou nas primeiras cem páginas das mais de mil. No entanto, a crueza da investigação sobre a realidade da diferença (deficiência, surdez, filhos de violação, prodígios, esquizofrenia, anões, autismo, síndrome de Down, transgénero, etc.) abre desde logo tantas perspectivas no pensamento. São muitas as fronteiras entre o que se vê como doença, como aceitação e integração. Os combates internos e externos, tanto de pais, como de filhos… ou de cada um de nós, ante a diferença, seja ela qual for, são imensos. É isso, impressiona a diversidade de cores na nuvem, tal como impressiona a diversidade do que somos enquanto seres humanos.
Os ecos do livro vêm-me à oração. Agitando o ruído das vezes que não quero nem aceito a diferença do outro, apercebo-me do subtil igualitarismo que remanesce em mim.
É aqui que entra a beleza da Santíssima Trindade. Ainda a semana passada, em Pentecostes, perguntava-me: “como é que Deus ama cada pessoa?” Não é duvidar do Seu amor e da possibilidade, mas saber como é que esse amor acontece. N’Ele mesmo há diversidade em Amor único. Isto pode ser demasiado abstracto, mas quando entramos na complexidade humana só pode haver deslumbramento nesse amor. Ainda assim, é difícil: por esta luta constante em querer que as nuvens ou a humanidade sejam num igualitarismo que assusta. E facilmente se julga, eu julgo, mais as pessoas, que as acções, atitudes e comportamentos, na subtileza do não gostar do feitio até ao gozo, burla, acusação de aberração, desejando a sua não-existência.
Acredito claramente que nos podemos aproximar desse amar de Deus a cada pessoa. É caminho árduo, exigente e profundamente libertador. Recordando as palavras de S. Paulo na leitura para este dia, em que “tribulação produz a constância, a constância a virtude sólida, a virtude sólida a esperança”, esse caminho é o da vida. Afinal, continua S. Paulo, “a esperança não engana, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.” Em passos de ajuda, há para mim coisas fundamentais: o silêncio, a libertação dos auto-enganos, muito amor próprio, levando à cada vez maior abertura de coração em, no que me é possível, pôr-me no lugar do outro… e amar, simplesmente amar como Deus ama.
sábado, 15 de junho de 2019
Voos celebrativos
Pedro Leite
[Coisas na vida de um padre] Chega uma boa recordação de um dia feliz. Ainda mais tirada pela mão de Pedro Leite (PS Photography), Chefe de Cabine da Portugália e excelente fotógrafo. Ontem, em Mirandela, falei das viagens de vida: as que me levaram a ser padre e as que vivo como padre. Sim, cada celebração é um voo. Acolher quem se quer descobrir na profundidade do ser e promover o encontro com Deus são das grandes viagens que realizam.
quinta-feira, 13 de junho de 2019
Obrigado CAIC
[Secção desabafos] O mundo é preto e branco. Mas não é só preto e branco. Nele há uma variedade de cores e infinitas tonalidades. O mundo também somos nós, seres humanos. São já alguns milhares de anos de humanidade e, ainda assim, apesar de muito se ter evoluído, em muitos aspectos retrai-se. E dói. Dói muito.
Ontem, nós, jesuítas, e comunidade CAIC (educadores, alunos, famílias, conhecidos), recebemos a dura e triste notícia de que este Colégio, com 64 anos, por muitos considerado segunda casa, não vai abrir portas no próximo ano lectivo. Foi no CAIC que iniciei o meu gosto pela educação. Foi no CAIC, sendo director de turma pela primeira vez, que senti de forma forte a paternidade espiritual. Foi no CAIC que vivi a educação para além da sala de aula, acompanhando situações delicadas de vida de alunos e famílias. Sim, dói muito. O CAIC junta-se a muitas outras escolas que, pelos cortes de financiamento dos contratos de associação, viram-se forçadas a terminar os seus projectos educativos. A partir daqui desabafo algumas considerações:
A Educação é fundamental para a humanidade. Sendo fundamento, pilar, deve ser tratada com o cuidado merecido. Educar é muito mais que instruir e, de todo, que não é formatar. Educar, na raiz da palavra, ajuda a crescer para a pluralidade. Acrescento, ajuda a crescer para a reflexão, para além de ideologias e interesses pessoais. A reflexão bem vivida é multicolor. A que se fecha no monocolor vai ser inevitavelmente cega e as decisões daí decorrentes podem ser destrutivas para muitas pessoas. Basta ler um pouco de História. Um Ministério da Educação que se preze deveria abster-se de ideologias políticas e perceber realmente o que cada Escola faz para a sociedade.
Se o critério financeiro é importante, então, que seja aplicado justamente quando está mais que provado que grande parte das Escolas com contrato de associação são mais rentáveis. As que não são ou que usam o financiamento para outros fins, há meios, como inspecções, para o confirmar. Mas, também é sabido, o “amiguismo”, igualmente político, faz parte da realidade monocolor.
Nas centenas de comentários, há mantras constantes como “se querem escolas de ricos, que paguem” e “os meus impostos não são para pagar os ricos”. Não me posso pronunciar por centenas de pessoas com estas ideias, mas a muitas fui convidando para conhecer no concreto as Escolas que mostram a universalidade do acolhimento e da educação. O CAIC era uma delas. No ano seguinte aos primeiros cortes, uma jornalista da TSF entrou em contacto connosco. Fui eu que falei com ela e estava surpreendida. Ficou-me a ecoar esta frase: “estive a pesquisar e afinal vocês têm alunos de todas as realidades sociais.” Respondi do mesmo modo como fiz a muitos: “sim, temos. Não quer passar por cá?” Não veio. Como muitos não vieram, não apenas registar o drama e a emoção, mas viver o quotidiano na Escola. Assim, tomariam consciência do que se faz nas aulas e fora delas, no acompanhamento de alunos e famílias, vendo a multiplicidade de cores com que se dá sentido à Educação para Servir.
Enfim, são desabafos que não adiantam nada para reverter a dura decisão do fecho do CAIC. O mundo da ideologia política não é complexo, é complicado. Mas, temo que pior: torna-se cada vez mais abstraído do real, do concreto, do que se faz com sentido em nome de uma sociedade mais justa.
Aos Jesuítas, Educadores, Alunos e Antigos Alunos do CAIC, muitos deles amigos, um abraço forte e agradecido. Se posso pedir alguma coisa, que seja a de continuarem a honrar tudo o que aprenderam e viveram naquela segunda casa, dando o vosso melhor à sociedade concreta, tornando-a, com a vossa riqueza de pensamento, coração e mãos, plural, diversa, mais justa e humana.
terça-feira, 11 de junho de 2019
Cócó de unicórnio
[Coisas na vida de um padre num Colégio]
- P. Paulo, pode segurar nisto, se faz favor?
- Hmm, o que é isto?!?
- Ah, não se preocupe, é cócó de unicórnio. É bonito e cheira bem.
Bom dia!
segunda-feira, 10 de junho de 2019
sábado, 8 de junho de 2019
Finalistas
[Coisas na vida de um padre]
- P. Paulo a selfie da turminha!! Tem de ser! Queremos “instamoment” com coisas na vida de um padre!
E assim é na festa de finalistas. Agradecer os três anos de secundário, a vê-los a fazer caminho. Como li numa entrevista a Agustina: “Fim - o que resta é sempre o princípio feliz de alguma coisa.” Parabéns!
quinta-feira, 6 de junho de 2019
Bodas de Ouro
[Coisas na vida de um padre] Chegam boas recordações de um dia muito bonito. Gosto de celebrar casamentos. Mas celebrar bodas de ouro tem o seu quê de especial. Estas, da Lolita e do Abílio, foram celebradas com muita emoção por tantos anos de vida e histórias partilhadas. A simpatia, doçura, ternura, carinho com que se cuidam e olham são sinal do Amor aprofundado ao longos dos tempos desde aquele sim de há 50 anos. Viva a beleza do Amor!
segunda-feira, 3 de junho de 2019
Instante(s)
[Secção pensamentos soltos] Em instantes tanto acontece. Em instantes mudanças de vida surgem. Claro, são instantes raros, esses, pois mais abundantes são os quotidianos, banais, repetitivos, onde nalguns se “chora as cebolas do Egipto”, noutros se anseia para que o futuro seja o mais rápido possível. Mas, como viver o presente como ensinamento? Esse instante que, mesmo banal, pode marcar uma viragem no modo como se acolhe e aceita a realidade? É impressionante como somos rodeados e marcados com modos de ser e estar, como se nos caracterizassem na plenitude. Por isso, instantes em que tudo pode ser posto em causa podem levar ao essencial: o amor. O trabalho é árduo e exigente. Deixa de ser uma resignação, até mesmo uma revolução, para passar a aceitação da liberdade. Na passagem do Evangelho para hoje, Jesus vive a consciência do instante em que ficará só. Abandono, poderíamos pensar. No entanto, não é um “só” moral, mas existencial. Esse despojamento total permite a Sua vitória. A única coisa que o marca é o amor. Assim tem de libertar-se de tudo e todos para ser tudo em todos no amor. Atrevo-me a dizer que são os desafios de quem deseja viver a fé em profundidade: amar, simplesmente amar. Sendo difícil, não é impossível. Apenas exigente. Pode haver o instante em que tanto, ou tudo, se liberta e abre-se caminho na direcção da vida.
sábado, 1 de junho de 2019
Dia Mundial da Criança
[Secção pensamentos soltos em dia da criança] Enquanto adultos educadores temos uma função principal: ajudar o bébé ser bébé, a criança ser criança, o adolescente ser adolescente. Nenhum deles é adulto em miniatura, nem uma extensão de cada pai, mãe ou educador, mas único, necessitando de quem os oriente no caminho do crescimento, da evolução pessoal. A orientação ou educação é um desafio em permanente actualização: implica viver o complexo jogo de limites amorosos e liberdades respeitadoras. O perigo situa-se nos dois pólos “podes-fazer-tudo-que-assim-aprendes” e “não-podes-fazer-nada-sem-que-seja-eu-a-controlar”. Para não estarmos em nenhum extremo destes, muitas vezes somos nós adultos que temos de permitir que o bébé, a criança, o adolescente que em nós não cresceu o faça. Sermos como crianças, como nos recorda Jesus no Evangelho, não é nos infantilizarmos. Ser como criança é permitirmo-nos ser o que somos, no reconhecimento dos limites e das liberdades entre luzes e sombras que anseiam por dissipar-se, e assim chorar choros contidos, brincar brincadeiras impedidas, amar amores plenos e autênticos. Ao sermos adultos como crianças tornamo-nos suportes dadores de vida. Bom caminho.
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