segunda-feira, 3 de junho de 2019

Instante(s)




[Secção pensamentos soltos] Em instantes tanto acontece. Em instantes mudanças de vida surgem. Claro, são instantes raros, esses, pois mais abundantes são os quotidianos, banais, repetitivos, onde nalguns se “chora as cebolas do Egipto”, noutros se anseia para que o futuro seja o mais rápido possível. Mas, como viver o presente como ensinamento? Esse instante que, mesmo banal, pode marcar uma viragem no modo como se acolhe e aceita a realidade? É impressionante como somos rodeados e marcados com modos de ser e estar, como se nos caracterizassem na plenitude. Por isso, instantes em que tudo pode ser posto em causa podem levar ao essencial: o amor. O trabalho é árduo e exigente. Deixa de ser uma resignação, até mesmo uma revolução, para passar a aceitação da liberdade. Na passagem do Evangelho para hoje, Jesus vive a consciência do instante em que ficará só. Abandono, poderíamos pensar. No entanto, não é um “só” moral, mas existencial. Esse despojamento total permite a Sua vitória. A única coisa que o marca é o amor. Assim tem de libertar-se de tudo e todos para ser tudo em todos no amor. Atrevo-me a dizer que são os desafios de quem deseja viver a fé em profundidade: amar, simplesmente amar. Sendo difícil, não é impossível. Apenas exigente. Pode haver o instante em que tanto, ou tudo, se liberta e abre-se caminho na direcção da vida.


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