terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Perdão e esquecimento



[Secção pensamentos soltos] Há pouco, numa capa de revista, vi em grande destaque a frase “Perdoo, mas não esqueço” dita por Júlia Pinheiro. Ouço esta frase com alguma frequência. Perdoar não significa directamente esquecer. Perdoar é fazer caminho de serenidade de coração em relação ao mal que foi feito. Esse caminho, dependendo da situação, tem um tempo muito próprio. Gosto muito da expressão de Enzo Bianchi que vê o perdão como cura da memória. Não se trata de esquecer, mas de curar. Usando a imagem da ferida, cada uma, dependendo da profundidade, tem um processo de cura. Não se pode curar uma queimadura do mesmo modo que um corte. No entanto, todas elas curam mais depressa com ajudas, mais simples ou especializadas. O mesmo se passa com as feridas emocionais e relacionais. No final, fica uma cicatriz. Quando deixa de doer acontece perdão em nós. Depois, curiosamente, também a memória pode começar a desvanecer. Se há esquecimento, vivemos a semelhança com Deus. Afinal, no Seu coração o perdão coincide totalmente com esquecer. N’Ele só há amor. 

4 comentários:

  1. Agradecida por esta Luz que vem do Pai do Céu, abraço.

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  2. Anónimo14:21

    Estava a precisar de ler este texto. Teoricamente sei que perdoar não é esquecer, mas precisava de mais ferramentas. Encontrei aqui as palavras daquilo que sentia, mas não conseguia verbalizar.
    Obrigada.
    Conceição

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    1. Que bom! Muito obrigado, Conceição.

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