Syed Hassan
[Secção “lá volto eu à minha ingenuidade”] Sempre tive dificuldades com conflitos. Não gosto. Tenho reparado na facilidade com que se ataca, impondo a opinião como a determinação da verdade tristemente em nome da liberdade. Tem-se dado tão mau uso à liberdade. A meu ver a pobre tem perdido força por isso. Acaba por haver incoerências impressionantes, onde não há consistência entre o que se apregoa e o que se vive. A rectidão absoluta é impossível, mas reconhecer a limitação, o erro, a falha, nesse acto de pedido de perdão é algo de que mostra o quanto se é livre. Não podemos esquecer que estamos sempre ligados uns aos outros, para além das nossas (des)crenças. Sim, é de voltar ao profundo sentido da escuta: de mim e do que me rodeia. Apesar de vivermos no séc. XXI, no mundo globalizado, etc. e tal, corremos o risco de ficarmos fechados nas nossas aldeias religiosas, políticas, sociais e humanas. Por isso, a abertura de horizontes pode ajudar a viver as relações humanas. Nisto, percebe-se que não há seres humanos de primeira ou de segunda, ou até mesmo de terceira. Percebe-se que estamos todos ligados por essa estranha coisa que se chama humanidade: se alguém nasce, alegro-me e renasço com essa pessoa; se alguém mata, entristeço-me por saber que essa pessoa além de, no fundo, também morrer, destrói a humanidade; se alguém morre, seja na luminosa Paris, seja nos recônditos de algum ponto menos conhecido da Terra, seja assassinado no Quénia, na Síria, numa favela, comovo-me e, fazendo silêncio no coração, comprometo-me pela Paz e pela Justiça. E aqui também se dá conversão, passagem e crescimento na responsabilidade que tenho pelo mundo.
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