quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Gato por Lebre


Os Madredeus, ou aquilo que resta do grupo, fazem 6 concertos (seis!) no Teatro Ibérico para apresentarem "Metafonia", o novo trabalho do grupo com uma nova formação e um novo conceito.
Chamar Madredeus a este grupo soa a algo de estranho. Quem me conhece sabe que eu sou (era?) doente pelos Madredeus, que percorria o que fosse preciso para assistir a um concerto deles e que tive a oportunidade de os ouvir em muito sítios diferentes em Portugal e no estrangeiro. Quando foi anunciado o fim, há pouco mais de um ano, fiquei triste porque queria mais. Mas ao mesmo tempo senti que o grupo terminava com um património musical (e emocional) de tal forma marcante que as memórias serviriam para colmatar o seu desaparecimento.

Este re-aparecimento de certa forma veio quebrar essa hamornia. Não me revejo nesta sonoridade. A voz da Teresa Salgueiro ajustava-se de tal forma aos Madredeus, aos instrumentos escolhidos, às músicas e letras escritas para o grupo que, por mais boa vontade que exista nesta nova formação, sinto que há qualquer coisa que não faz sentido. Mal comparando, era como os Roling Stones fazerem um novo disco sem o Mick Jagger. Ou como os U2 sem o Bono.
O talento de Pedro Ayres Magalhães é grande demais, é evidente, para terminar com os Madredeus. Mas deveria ter havido o respeito (pelo público, pelo património do grupo) de deixar aquele projecto repousar em paz. Estes novos Madredeus não são a mesma coisa. E o público percebeu isso. Não é à toa que na véspera dos seis concertos no Teatro Ibérico, mais de metade dos bilhetes ainda estão por vender.

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