Não me apetece falar muito sobre este documentário. Fui vê-lo no dia em que estreou no CCB, sessão gratuita (todos os dias até ao final do mês). O realizador é Fardilha, o mesmo de Tropa de Elite. Este Ônibus 147, vem na mesma linha. E pertinente, pela semelhança quase absurda com a tal ida ao BES dos dois brasileiros. Mas no BES, as coisas "correram bem". Aqui, desde o início - o nascimento de Sandro, o Mancha (sequestrador) e o início do sequestro - sai tudo errado.
A polícia é informada do sequestro, não isola a área, milhares de pessoas assistem a tudo a poucos metros do sequestrador e reféns, os media em peso comparecem, o bop, a polícia, não falta ninguém.
Apoiado nas imagens recolhidas pelos media, Fardilha constroi o documentário. Bastante mais importante e interessante que as imagens do ônibus, é a vida reconstruida, desde o momento em que nasce Mancha.
Menino de rua desde os 5 ou 6 anos, viu a mãe ser degolada à sua frente, foge da familia e de casa, talvez para não enfrentar a (re)visão da mãe. A partir daí, o curriculum é exemplar. Cheira cola e coca, fuma maconha. Alimenta-se disso aliás. Rouba para sobreviver. Dorme na rua, está entre os moleques, que um dia a policia do Rio acordou com balas - a Célebre Chacina da Candelária - passa pelas várias prisões, onde vai ganhando mais e maior vilania. Fardilha traça um retrato pavoroso de Mancha, depoimentos de outros meninos de rua que o conhecem, bandidos de cara tapada, assistentes sociais que passaram por ele, familiares mais próximos e que lhe guardam carinho. Aquele ser, invisivel, que um dia, não se sabe porquê, entrou no 147.
Saímos da sala partidos, arrepiados com o mundo. Há muito mais, como comecei, tudo correu mal. Mas também, tal como em Sophia, a história é exemplar. Não perder. Ficamos sem saber o que fazer.
Saímos da sala partidos, arrepiados com o mundo. Há muito mais, como comecei, tudo correu mal. Mas também, tal como em Sophia, a história é exemplar. Não perder. Ficamos sem saber o que fazer.
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